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Prezado Guilherme Fiúza,
Como jornalista e leitor assíduo do sítio "No Mínimo", encontrei
somente um
adjetivo para classificar a minha reação diante do seu artigo "Socorro,
Lá
Vem o Carnaval": Fiquei CHOCADO.
CHOCADO pela forma como o senhor reproduz um discurso batido, chato e
prepotente que alguns ainda proliferam sobre a maior festa do mundo (sem
dúvida um clichê, porém justíssimo). Não desconsidero alguns pontos
colocados pelo senhor no texto, mas transparece uma visão epidérmica,
típica
daqueles que curtem sua boa brisa da Lagoa durante o ano todo, somente
recebendo experiências mediadas e tentando dar sua visão unilateral a
um
fenômeno pra lá de complexo.
Gostaria muito que o senhor, antes de atirar pedras no que há de mais
de
genuíno e eficaz na nossa cultura, freqüentasse as quadras das escolas
de
samba durante os meses de agosto a dezembro - sim, caro articulista, saiba
que longe dos potentes focos da mídia, as escolas de samba mobilizam
milhares de cariocas nesse período em que muitos nem imaginam ouvir os
primeiros ecos de Momo. Lá, o senhor talvez encontre melhores subsídios
para
os seus artigos pré-carnavalescos e talvez direcione seus mísseis para
mazelas que realmente assolam o país.
Faça como o Veríssimo e o Chico Buarque: Descubra a Mangueira. Faça como
a
quase-famosa do Big Brother: permita-se aparecer para milhões de pessoas.
Melhor, vá à quadra do Arranco do Engenho de Dentro, de onde saem
componentes fiéis e emocionados que se tornam reis por uma noite e por
ela
trabalham um ano todo. Faça como o "lord" Paulinho da Viola
ou a
"conservada" Luiza Brunet: vista-se nas cores do nosso país
e incorpore uma
lenda, mesmo que seja a mais absurda que lhe possa parecer. Mergulhe nessa
geléia geral. Sinta na pele o que é ser povo e ser feliz. Com certeza
vai
lhe fazer bem.
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Gustavo Melo
(Jornalista, cearense, 25 anos, apaixonado pelo carnaval do Rio de Janeiro,
a maior festa do mundo, onde a comunidade se realiza, onde cada sujeito
é rei por um dia e cada momento é eterno. [Ficou irritado com os clichês?
Mas é verdade o que eles nos dizem]).
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