G.R.E.S Império Serrano
O Império do Divino

 

O Enredo no Samba: Estrutura discursiva

          O Império serrano canta a religiosidade do brasileiro, formada pela extremosa fé de diferentes culturas que convivem pacificamente em nosso país. O enredo mostra que o sagrado e o profano estão interligados na crença e na cultura de nossa gente.
          O samba faz referências às festas sagradas mais significativas que integram a nossa riquíssima cultura popular, com elementos das religiões católica e afro-brasileira, isto é, a herança sacra e profana de nossos antepassados.
          A letra procura transmitir o enredo com afirmações categóricas sobre o tema abordado, informando sobre as principais manifestações religiosas por meio de citações das mesmas.

O Samba no Enredo: Estrutura lingüística

          Toda a letra do samba é permeada por um vocabulário com valor semântico voltado para o sagrado e para a religiosidade: oração, rezar, religiosidade, Senhor, fé, Divino, promessa, de joelhos, semana santa, romaria, procissão, louvação, axé, magia, santo, Deus.
          Os autores utilizaram-se de uma referência explícita à popular oração “Pai Nosso” no verso: “Senhor, olhai por nós” e mostraram que todos têm religião: o branco, o negro e o índio e, segundo o enredo, que o brasileiro é um povo religioso por excelência, com todo o seu sincretismo.
          Além de mexer com o orgulho de seus componentes no refrão principal (“O meu Império é raiz, herança” e “Imperiano de fé não cansa”), os compositores, aproveitando o tema, conseguiram fazer uma bela homenagem ao santo padroeiro da escola, São Jorge:

“Confia na lança do santo guerreiro”

          Nas manifestações de nossa cultura popular é extremamente difícil distinguir o que é folclórico do religioso, por isso os versos mais coerentes com o enredo sobre a religiosidade brasileira são:

“Mas o Brasil é tão alegre e festeiro
É um celeiro de cultura popular”

          Enfim, um samba que tem como mérito não só a correta exposição do enredo em sua letra como a cadência perfeita para o canto.

Julio Cesar Farias
Julio é professor, escritor, pesquisador da linguagem na cultura popular, colaborador do Centro de Memórias do Carnaval da LIESA e membro do conselho Consultivo do Instituto do Carnaval da Universidade Estácio de Sá.

 

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