G.R.E.S.Imperatriz Leopoldinense
Um por todos e todos por um

 

O Enredo no Samba: Estrutura discursiva

          A Imperatriz tem como enredo a mitificação de Giuseppe Garibaldi feita pelas mãos do escritor Alexandre Dumas. A história desse personagem é contada a partir do livro “Memórias de Garibaldi”, de Dumas.
          A característica marcante do samba é sua construção didática e bastante cronológica. O texto é uma narrativa objetiva e clara da vida do personagem retratado no enredo. Objetiva porque em poucas linhas percebemos a trajetória de Garibaldi, num texto simples, enxuto e conciso, elaborado com palavras do cotidiano, que facilitam o entendimento do enredo.

O Samba no Enredo: Estrutura lingüística

          Nos primeiros versos temos a proposição típica do discurso épico, em que é apresentado o tema a ser cantado nos versos:

“É Carnaval! O lema é...
Um por todos e todos por um
Garibaldi, o nosso herói viveu
Uma história de luta e paixão
Que Alexandre Dumas
Assim descreveu”

          Enquanto Anita é caracterizada por adjetivos (amada, valente, guerreira), as características de Garibaldi são dadas a partir de suas ações, isto é, por meio dos verbos que contam sua história (viveu, navegou, travou, foi, apaixonou, lutou).           
          A expressão “Um por todos e todos por um” não só remete ao escritor Alexandre Dumas, como também compara e transforma, pela sua força e sua coragem, Garibaldi em um mosqueteiro, personagem de seu livro clássico “Os Três Mosqueteiros”.
          A história do herói é contada em 3a. pessoa, como se os compositores apenas recontassem a narrativa épica da vida do homenageado. Tal recurso tem a função de enfatizar a objetividade do discurso, ou seja, evitando a linguagem figurada e o uso da 3a. pessoa, os compositores se propuseram a apenas contar os fatos da forma mais objetiva possível, sem florear o texto. A subjetividade aparece apenas no uso do pronome “nosso” (“Garibaldi, o nosso herói, viveu”) e na exclamação, chamando a atenção do interlocutor: “Vê! Que momento lindo! Amor... amor”. Não podemos contar com o uso da 1a. pessoa no refrão principal porque ele não está inserido no contexto da história do personagem homenageado, sendo apenas um refrão de empolgação.
          Um samba de fácil memorização melódica e vocabular que conta o enredo de forma  clara, precisa e objetiva.

Julio Cesar Farias
Julio é professor, escritor, pesquisador da linguagem na cultura popular, colaborador do Centro de Memórias do Carnaval da LIESA e membro do conselho Consultivo do Instituto do Carnaval da Universidade Estácio de Sá.

 

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