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O Enredo no Samba: Estrutura discursiva
A Imperatriz tem como característica discursiva apresentar, em seus sambas-enredo, uma narrativa predominantemente didática. É a agremiação que mais enfatiza o historicismo dos temas que aborda, revelando a importância de fatos escondidos na História.
O samba, de fácil compreensão do enredo, conta a saga da cor vermelha, com sua simbologia e do nosso pau-brasil, de onde se extraía o corante encarnado. Os primórdios da exploração e saqueamento do território brasileiro e a literatura informativa constituem elementos desse primoroso enredo, retratado no samba de forma precisa e instrutiva.
O Samba no Enredo: Estrutura lingüística
O samba-enredo constitui-se de períodos curtos cuja seleção vocabular resume com precisão as principais informações do enredo. Devido ao seu caráter didático, predomina na letra uma linguagem culta (exceção a redução vocabular “pra”), porém de fácil compreensão para o grande público.
O distanciamento do narrador ante os fatos contados dá-se pelos constantes verbos no passado, em sua maioria de ação, dinamizando a narrativa:
“Coloriu
a História” |
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“Porém era o fenício que fazia” |
“Pintou
o manto dos reis” |
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“Deu a Vespúcio
a primazia” |
“Das
minas o celta extraía” |
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“Depois partiu com o nosso pau-brasil” |
O mais interessante neste notável samba está na sua constituição sonora, em que rimas internas (no interior dos versos) e externas (no final dos versos) dão um grande efeito rítmico. A sonoridade rítmica da letra deste belíssimo samba-enredo pode ser percebida nos refrões que apresentam as seguintes constituições de rima em seus versos:
1o refrão |
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2o refrão |
“Hoje eu quero ver
(A)
Caldeirão ferver (A) nessa magia (B)
O Brasil deu a cor (C)
Pra tingir de amor (C) nossa folia (B)” |
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“Da Ásia, a madeira (A)
Deu o tom (B) pra Europa inteira (A)
Mas o Brasil do bom (B)
Só em terra brasileira (A)” |
Esta constituição melódica está presente também nas estrofes:
“Vermelho é vida É sangue, é
coração (A) Coloriu a História (B) De
paixão (A), de vitória (B)... de
vibração A)”
“Pintou o manto dos reis (A) E o encanto
chinês (A) O poder e a religião Das minas o celta
extraía (B) O corante ‘Breazail' (C) Porém era o fenício que
fazia (B) A tinta que o mundo seduziu (C)”
Mas há outra constituição rítmica proveniente do vocabulário selecionado, disposto em rimas graves, formadas por palavras paroxítonas com a mesma terminação distribuídas no final de versos intercalados:
magia, folia, extraía, fazia, primazia, feitoria, poesia, Utopia, harmonia
O emprego de tais palavras com semelhança sonora faz com que o samba tenha unidade melódica, facilitando o canto e sua memorização. Bibliografia:
- “Enredos – Rio
Carnaval 2004” , da LIESA.
- “Para Tudo Não Se Acabar Na Quarta-Feira – A Linguagem do Samba-Enredo” – Julio Cesar Farias
- “Versos, Sons, Ritmos”, Ática, Norma Goldstein.
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