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"Mas,
hoje, não há como não fazer referência a alguns aspectos importantes
e peculiares dessa região em um enredo que se propõe a retratar
a diversidade sócio-econômico-cultural-histórico-etc. brasileira.
E isso também no samba, não só no desenvolvimento do desfile. Acredito
que o Império está numa sinuca: alterar uma obra-prima ou manter
um samba que carece de atualização"
Fabrício
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Sim,
mas o enredo se propõe a analisar a diversidade sócio-econômica-cultural-história-etc.
brasileira?
O enredo não é um remake de 1964?
Na biografia
do Silas de Oliveira, por exemplo, consta que "aquarela brasileira"
foi simplesmente uma homenagem a Ari Barroso.
Na obra de
Ari, como já foi dito, não tem diversidade nenhuma, pelo contrário, ela
retrata as belezas do Brasil dando uma idéia de unidade.
A idéia de
que o samba trata da "diversidade sócio-econômico-cultural-histórico-etc.
brasileira" é só uma interpretação que damos hoje.
Talvez esse
seja o grande problema que o império enfrentará, pois está desenvolvendo
o enredo de uma forma diferente da original. Cada vez fica mais claro
pra mim que a intenção do Silas não era mostrar diversidade nenhuma, e
sim, através de uma viagem (ou de um passeio, como diz a letra), mostrar
as belezas do país.
Talvez isso
seja abstrato demais, só que eu acho fundamental. Uma coisa é descrever
a diversidade das regiões do país, outra coisa é exaltar as belezas nacionais
viajando pelo país.
Esse final
dá uma idéia de diversidade ou de unidade?
"Brasil, estas novas verdes matas
Cachoeiras e cascatas
De colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emolduram, aquarelam o meu Brasil"
Además,
se o enredo se propor a exaltar as belezas culturais e naturais do país,
como eu mostrei em outro texto, é possível fazer sem citar no samba todas
as regiões políticas.
Um enredo
que tem como objetivo enaltecer a unidade, em suma, é diferente de um
enredo que pretenda enaltecer a diversidade, mesmo que essa diferença
seja sutil.
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