G.R.E.S. Portela
Brasil marca a sua cara e mostra para o mundo

 

O Enredo no Samba: Estrutura discursiva

          A Portela faz uma exaltação ao povo brasileiro, tendo como ponto de partida a nossa formação étnica, enfatizando as três raças-base formadoras da nossa cultura: o branco, o negro e o índio.
          O enredo é dividido, na sinopse, em tópicos temáticos que podem ser perfeitamente identificados ao longo da letra do samba.

O Samba no Enredo: Estrutura lingüística

          O samba inicia-se com a típica proposição do texto épico, em que se anuncia o enredo a ser cantado:

“O brasileiro é nosso maior tesouro
A Portela vem mostrar
Através da história, nossa formação”

          Os tópicos da sinopse que setorizam o enredo para desfile estão presentes na composição, a saber:

  • Setor 1: Caras de um Brasil que Cabral não viu

“Contam que outras civilizações
Também estiveram por aqui”

  • Setor 2: A cara dos habitantes à época dos descobrimentos

“A lua banhava de prata

A descrição da natureza e a palavra “nativa” fazem referência aos índios que aqui habitavam.

As matas,os rios e o mar
Será que tanta beleza
De nativa riqueza”
  • Setor 3: A cara das conquistas e dos conquistadores

“Invasão que deixou neste chão
O traço europeu”

  • Setor 4: A cara dos africanos e da negritude no Brasil

“Alma e raça africana
Que tanto sofreu”

  • Setor 5: A cara do imigrante, da convivência e a marca da paz

“Incomparável mistura só aqui se faz”

  • Setor 6: Marcas nas nossas manifestações culturais e artísticas

“Deixando heranças culturais”
“Brasil, arte numa tela multicor”

  • Setor 7: Marcas de fé e religiosidade

“É crença que a fé espalhou”

  • Setor 8: O nosso melhor produto e também a melhor marca é o povo brasileiro

“É o povo que faz a marca deste país”

          Como a Portela será a última a desfilar, ao amanhecer, os compositores fizeram questão de registrar o fato: ”Raiando o dia no azul de emoção”.
          Um samba descritivo que consegue resumir com precisão o enredo sobre a trajetória de nossa formação enquanto povo e nação.

Julio Cesar Farias
Julio é professor, escritor, pesquisador da linguagem na cultura popular, colaborador do Centro de Memórias do Carnaval da LIESA e membro do conselho Consultivo do Instituto do Carnaval da Universidade Estácio de Sá.

 

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