G.R.E.S.Beija-Flor
Poços de Caldas derrama sobre a Terra suas águas milagrosas: do caos inicial à explosão da vida, a nave mãe da existência

 

O Enredo no Samba: Estrutura discursiva

          A Beija-Flor tem como suposto enredo a cidade de Poços de Calda, conhecida por suas águas miraculosas de poços de água sulfurosa e térmica. Com o pretexto de falar da cidade mineira, a agremiação, na verdade, vai abordar o elemento água em todos os seus aspectos. O próprio samba afirma ser Poços de Caldas apenas uma referência para se falar do tema água, enredo já abordado de outra forma pela Mocidade em 91, já que a história real da cidade não será contada.
          O samba consegue captar, por meio de versos precisos e bem construídos, as principais informações que contam a saga da água em nossa existência e a imaginária e delirante história da origem de Poços de Caldas e sua ligação com a misteriosa Atlântida.

O Samba no Enredo: Estrutura lingüística

          O samba é constituído por duas partes distintas: a primeira parte mostra o surgimento do universo e da vida na Terra; a segunda parte apresenta resumidamente a história mítica de Poços de Caldas a partir da cidade perdida Atlântida. O mais interessante nesta insólita história é o estado onde fica a cidade, Minas Gerais, não ser banhado pelo mar!
          No primeiro refrão do samba temos a proposição épica, em que se anuncia o enredo a ser cantado: “Sou Beija-Flor, Poços de Caldas é a referência / do caos inicial à explosão da vida / sou água nave-mãe da existência”. A presença de Netuno no segundo refrão e da cidade Atlântida, além de fazer parte do enredo, integra mais uma característica épica: a presença de figuras mitológicas na narrativa.
          A parte do samba que diz “uma grande explosão” promete ser a sensação da bateria durante o desfile, pois nessa parte haverá, em certos momentos, uma grande “paradinha”, fato incomum na tradicional agremiação de Nilópolis.
          Os compositores conseguiram dar seqüencialidade aos fatos do enredo num samba com a peculiar cadência da escola.

Julio Cesar Farias
Julio é professor, escritor, pesquisador da linguagem na cultura popular, colaborador do Centro de Memórias do Carnaval da LIESA e membro do conselho Consultivo do Instituto do Carnaval da Universidade Estácio de Sá.

 

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