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O samba-enredo:
Mangueira energiza a avenida. O Carnaval é pura energia e a energia é o nosso desafio
(Lequinho, Júnior Fionda e Amendoim)
Mangueira despontou no infinito
Uma explosão de cor
Em sua sutileza e dom divino
O Universo Deus criou
Fez a luz, separou da escuridão
Coloriu de verde e rosa
Toda a sua criação
O mundo gira, avança a tecnologia
A Ciência faz o homem acreditar
Que a vida é uma fonte de energia pra sonhar
O vento corta o mar
Faz o moinho girar – vem sambar
Com pensamento de amor, traz alegria no olhar
Que a energia negativa não vai te pegar
O desafio é o ciclo da vida
A água banha e guarda o tesouro desse chão
Da terra vi brotar tanta beleza
Do ventre da mulher uma nação
Mangueira, tu és o ar que eu respiro
O fogo que aquece o meu coração
A esperança de um novo amanhecer
É reciclar, sobreviver
Se me desafiar, pode contar, não vou desistir
Pois a energia é o nosso desafio
E o nosso desafio é aqui
A energia do samba
É combustível pro amor, sou Mangueira
Nos braços do povo fazendo fluir
A Verde-e-Rosa na Sapucaí
O Enredo no Samba: Estrutura discursiva
Os
compositores da Mangueira foram além do texto da sinopse, em que é
mostrada basicamente uma energia poética, mais emotiva que racional.
Para passar essa idéia, o conteúdo do samba apresenta a junção dos
significados abstrato e objetivo da palavra energia: da energia gasta na
criação divina do universo, do avanço tecnológico e da Ciência à energia
do samba e da agremiação na Avenida.
As diversas formas de energia são representadas, no samba, pelos elementos básicos da natureza, fontes de energia: a terra, a água, o fogo e o ar.
A essência do samba-enredo está na valorização da Mangueira como uma fonte que irradia energia, orgulho e amor em suas apresentações no carnaval carioca. Já se tornou comum a presença da exaltação da vaidade e do amor-próprio mangueirense em seus sambas nos últimos anos.
O Samba no Enredo: Estrutura lingüística
Para
conceber um tom mais sentimental ao enredo de difícil definição e
representação, como é o conceito de energia em todas as suas formas, os
compositores utilizaram-se de substantivos abstratos, indicados para a
feitura de textos emocionais, pois destacam nossos sentidos e nossa
sensibilidade. Dentre eles, temos: sutileza – dom – criação – alegria – desafio – ciclo – beleza – esperança – amor.
O texto torna-se bastante dinâmico com a mistura dos tempos verbais, em que passado, presente e futuro se alternam, mostrando, assim, que a energia seja na forma que for está presente em qualquer época.
Presente: gira, avança, faz, é, corta, traz, jorra, guarda, és, respiro, aquece, sou
Passado: despontou, criou, fez, separou, coloriu, vi
Futuro: vai te pegar, vem sambar, não vou desistir
Importante notar que a cadência do samba também é constituída por palavras terminadas em R – tanto verbos no infinitivo quanto substantivos – cujas rimas formam o ritmo e as pausas entre os grupos de palavras no canto.
Outro fator relevante deste samba foi a inserção muito bem feita do slogan da empresa patrocinadora da Escola, a Petrobrás: “A energia é o nosso desafio”. Conseguiram contextualizar a frase, mostrando que falar de energia é algo difícil, por ser um tema abstrato, mas que, para a Mangueira, será o grande desafio na Avenida.
Bibliografia:
- “Enredos – Rio Carnaval 2005” , da LIESA.
- “Para Tudo Não Se Acabar Na Quarta-Feira – A Linguagem do Samba-Enredo” – Julio Cesar Farias.
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