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O Enredo no Samba: Estrutura discursiva
A São Clemente apresenta enredo que conta as mazelas da História do Brasil de modo bem humorado em um samba criativo e bastante animado.
Embora lembre a estrutura discursiva das antigas marchinhas, com frases de duplo sentido, tendendo para o grotesco, o samba é espirituoso, de uma ironia mordaz e com uma cadência apropriada ao gênero musical.
A irreverência constitui o fio condutor do enredo, o qual satiriza acontecimentos políticos e sociais.
O Samba no Enredo: Estrutura lingüística
Predomina, no samba, uma linguagem bastante próxima do falar coloquial cotidiano, repleta de frases feitas e expressões populares.
Ainda que os compositores tenham utilizado um vocabulário bastante popular, até grosseiro às vezes, há seqüência narrativa, com desenrolar dos fatos, que tornam o samba-enredo dinâmico.
A dinamicidade textual se dá também na alternância dos tempos verbais, principalmente passado e presente, que serve para atualizar a narração. Discorre-se sobre fatos passados revividos no momento do desfile:
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“E como brasileiro
gosta de uma obra / Nassau fez até de sobra”
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“O boi
voou, começou a roubalheira”
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“Tem muito boi brasileiro pra comer nesse quintal”
Se o propósito dos compositores era de elaborar um samba-enredo que retratasse o tom de zombaria e escárnio do enredo, essa intenção expressiva foi alcançada com êxito.
Bibliografia:
- “Enredos – Rio
Carnaval 2004” , da LIESA.
- “Para Tudo Não Se Acabar Na Quarta-Feira – A Linguagem do Samba-Enredo” – Julio Cesar Farias
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