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O Enredo no Samba: Estrutura discursiva
A Porto da Pedra apresenta o excelente enredo sobre a correspondência neste carnaval. Os compositores se preocuparam em citar todos os períodos históricos mencionados na explanação do carnavalesco para mostrar todo o percurso da mensagem pelo mundo e suas participações mais importantes na História da humanidade. Da pedra lascada à era da informática.
O registro de tantas informações históricas, ainda que apenas sugeridas, resultaram em um samba longo porém bastante cadenciado e com muita animação.
O Samba no Enredo: Estrutura lingüística
Por se tratar de um tema histórico, grande parte do vocabulário é proveniente da sinopse: pedra, argila, bigas, ‘Cursos Publicus', brasões, engalanados, moleque, recado, liberdade do Brasil, popular, antenado, rede, mensageiro.
O coloquialismo, linguagem comum das canções populares, também aparece neste samba: me embalei, pra, num, tô, pro.
Os compositores empregaram verbos no passado para marcar a historicidade do enredo (fui, andei, comuniquei, me inspirei, revelei, me serviu, anunciei) e o presente, o gerúndio e o futuro imediato para atualizar o tema durante o desfile (sou, é, volto, tô, sinalizando, levando, deixando, vou revelar, vou voar, vou levar e trazer, vão conquistar).
Há vários termos preposicionados. Alguns aludem a fatos e elementos do enredo, qualificando-os:
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“voz
de antigas civilizações”
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“escrita
em argila, em pedra, modelo de papel”
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“Senhores
com brasões engalanados”
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“Num poema
de Caminha”
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“A descoberta
de um paraíso tropical”
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“No sorriso largo
de um moleque”
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“Num grito forte anunciei a liberdade
do Brasil”
Outros termos preposicionados situam os fatos narrados no tempo e no espaço, representados por adjuntos adverbiais diversos:
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“...me embalei
nesta viagem”
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“Da pedra te enviei”
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“Fui escrita
em argila, em pedra...”
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“...andei
em bigas milenares”
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“Vão conquistar seu coração
nesta folia”
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“Num poema de Caminha revelei a Portugal”
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“No sorriso largo de um moleque, fui recado”
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“Num grito forte anunciei a liberdade do Brasil”
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“Eu tô
na terra, tô na água, tô no ar”
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“...tô
no mundo digital”
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“Estou
na rede, vou pro espaço sideral”
Há também intensivo emprego de complementos de verbos de ação, necessários ao fluxo narrativo, imprimindo dinamicidade ao texto:
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“Da pedra
te enviei”
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“Sinalizando
os meus versos”
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“Vão conquistar
seu coração nesta folia”
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“...revelei
a Portugal / A descoberta do Brasil”
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“O escravo
me serviu”
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“... anunciei
a liberdade do Brasil”
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“Sou Porto da Pedra, levando
emoção”
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“Deixando
um beijo no seu coração”
Bastante criativo o jogo de palavras criado pelo carnavalesco na intitulação do enredo: inseriu-se o nome da agremiação no tema-enredo abordado. E os compositores refizeram-no em seus versos, mudando a pontuação:
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Carnavalesco: “Sou Tigre, sou
Porto, da Pedra à Internet – Mensageiro da História do Leva-e-Traz”
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Compositores: “Você é meu
porto. Da pedra te enviei”
Enredos de cunho histórico geralmente resultam em sambas bastante didáticos, trazendo à grande massa popular informações e ensinamentos sobre assuntos não tratados nos livros escolares. Este rico e empolgado samba é resultado, portanto, do extraordinário e apropriado enredo que a agremiação apresenta para seu desfile.
Bibliografia:
- “Enredos – Rio
Carnaval 2004” , da LIESA.
- “Para Tudo Não Se Acabar Na Quarta-Feira – A Linguagem do Samba-Enredo” – Julio Cesar Farias
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