O samba ganha o morro

 

          Os habitantes da Mangueira não conheciam o samba e dançavam jongo e lundus. Geralmente eram perseguidos durante as brincadeiras do entrudo, assim como todos os negros do Rio de Janeiro. Aos poucos, o samba foi subindo o morro. Segundo Carlos Cachaça, o samba maxixado chegou antes de 1910 com o rancho "Pérolas do Egito", que teria sido o primeiro do morro. Este samba teria sido introduzido em Mangueira por Mano Elói, famoso morador de Madureira.
          Depois do samba maxixado, o novo samba que nascia no Estácio, não demorou muito para ganhar adeptos em Mangueira. Nesta época o morro tinha rodas de samba freqüentadas por Cartola, Carlos Cachaça, Zé Boleiro, Saturnino, Fiúca, Rubens Gonçalves, entre outros.
          Além das rodas de samba no próprio morro, os sambistas mangueirenses faziam um intercâmbio com os do Estácio e os da Portela. Certa vez Cartola disse que não gostava das rodas do Estácio porque eram na rua e sempre aparecia a polícia e levava vários sambistas em cana. Preferia a segurança mangueirense

"Saudosa Mangueira"
(Herivelto Martins)

Tenho saudades da Mangueira
Daquele tempo em que eu batucava por lá
Tenho saudade do terreiro da escola
Eu sou do tempo do Cartola
Velha guarda o que é que há?
Eu sou do tempo em que malandro nào descia
Mas a polícia no morro também não subia
Aí Mangueira, minha saudosa Mangueira
Depois que o progresso chegou
Tudo se transformou e a Mangueira mudou
Já não se samba mais a luz do lampião
E a cabrocha não vai pro terreiro de pé no chão

Marcos Capeluppi
(Publicado originalmente na lista Planeta Samba)

 

Artigo-144
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