Começos do carnaval |
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Na
minha mania de guardar falas, entrevistas e documentos da música popular
brasileira, certa vez há vários anos, gravei em fita uma entrevista radiofônica
do (este sim, pesquisador de alto valor), Carlos Didier, autor, com João
Máximo da formidável e definitiva biografia de Noel Rosa. Vejam o que
ele disse, anotado e redigido por mim na qualidade de velho repórter.
“Em 1918 entrou em cena José Barbosa da Silva, o Sinhô. Elemento da roda,
freqüentador dos candomblés, pianeiro, animador de bailes, foi o compositor
que mais contribuições deu ao gênero nos anos seguintes. Quem
São Eles? A música tem letra irreverente na qual o Sinhô alfinetava
Pixinguinha e a turma de baianos. O refrão é claro: “ A Bahia é boa terra/
Ela lá e eu aqui/ Iaiá.”
Em 1919 lançaram-se sambas em profusão. Um deles, a resposta de Pixinguinha e China, seu irmão, ao Quem são eles? de Sinhô. Quem são eles? Eu já te digo. A letra é uma caricatura do autor. “Ele é alto, magro, feio e desdentado.” A interpretação não original mas a dos Oito Batutas é de 1923. Não é à toa que os Oito Batutas fizeram nome. Sinhô lançou em 1919 três sambas: Confessa Meu Bem, Deixa Desse Costume e Só Por Amizade. As três interpretações a cargo de Eduardo das Neves, cantor de modinhas e lundus, dos primeiros a gravar discos no Brasil. Eduardo também era íntimo do estilo que surgia. Assim nos garante Francisco Guimarães, o Vagalume, em Na Roda do Samba: “Ele sempre foi um catedrático desde os tempos de guarda-freio (era a profissão do Eduardo), daqueles bambas, daqueles que se garantiam e cujas pernas eram respeitadas numa batucada.” Vamos reservar nossa melhor atenção aos elementos musicais, à pulsação rítmica principalmente. Pode-se constatar que Eduardo das Neves está mesmo à vontade em Confessa Meu Bem, de Sinhô. Em 1919, o samba já estava consagrado como música carnavalesca. Em 1920 os compositores de fora da roda começaram a se interessar por ele. O primeiro foi Luiz Nunes Sampaio, o Careca. O saudoso estudioso das origens do samba, o jornalista Jota Efegê, nos traçou o perfil dele: “Pianista de apurada execução, sabendo tirar das teclas o ritmo provocante, foi um carnavalesco de quatro costados. Morador do Catumbi, ligado ao Clube dos Ferianos e ao Clube dos Zoados, de cujos bailes participava, animando-os com execução ao piano de convidativos chorinhos e desengonçantes maxixes. Como se observa, o samba atingiu em cheio o coração de carnavalescos.” |
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Arthur
da Távola |
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