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livro "Kizombas, andanças e festanças", do genial Martinho da
Vila. Ele relata o que aconteceu antes, durante e depois do carnaval de
74, quando a Vila desfilou com o enredo Aruanã Açu e ficou em último lugar.
"Era tempo de opresssão o e a diretoria
da Vila, na época presidida pela Pildes Pereira, foi pressionada pela
censura politica e, sob ameaça, foi obrigada a cortar o meu samba, (tachado
de subversivo) e mudar o desenvolvimento do enredo, passando a fazer uma
exaltação à estrada Transamazônica.
Ai! Que tristeza... Nem gosto de lembrar.
Desfilamos sob vaias, xingamentos e indiferença.
Senti que íamos cair para o segundo grupo como merecíamos, mas não fomos.
Lembrei da Beija-Flor de Nilópolis que, em anos anteriores, para se segurar
entre as grandes, apresentou enredos puxa-saco e se deu bem: "O Grande
Decênio" e "Brasil no Ano 2.000" e lá na Avertida mesmo
eu comecei a articular, politicamente. Naqueles tempos a Riotur mandava
e desmandava. Conseguimos uma decisão do governo do antigo estado da Guanabara,
na pessoa do Dr. Chagas Freitas (governador nomeado pelo Planalto), determinando
que nenhuma escola cairia. O fato diminuiu um pouco a dor, mas a Vila
continuou na fossa. Então fiz mais um samba pra levantar a consciência
dos componentes, o Renascer das Cinzas.
Vamos renascer das cinzas
Plantar de novo o arvoredo
Bom calor nas mãos unidas
Na cabeça um grande enredo
Ala dos Compositores
Mandando o samba no terreiro
Cabrochas sambando
Cuica roncando
Viola e pandeiro
No meio da quadra
Pela madrugada
Um senhor partideiro
Sambar na Avenida de azul e branco
É o nosso papel
Mostrando pro povo
Que o berço do samba é em Vila Isabel
Quando lancei o samba, a emoção tomou
conta do campo do América. Cantando e chorando partimos pra
recosntrução. "
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