Samba’schools |
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Acabou.
Estou falando das Escolas de Samba. Sempre fui Mangueira, mas este ano
torci pelo Império Serrano, que foi na contramão no Sambódromo. Ou seja,
foi a única que ousou desfilar, kamikaze, como uma escola de samba.
Como a Mangueira de antanho. E se ferrou de verde e amarelo ou, melhor
dizendo, de verde e branco. Das brumas do passado (perdão, leitores),
ressurge a suprema dignidade dos cabelos prateados do Nelson Cavaquinho
e do nariz férreo do Cartola na comissão de frente da Estação Primeira,
que os anos não trazem mais. Acabou. A Adeg (também acabou) informa: saem
as Escolas de Samba, entram as Escolas de Balé. Sem dúvida belíssimas,
coisa de primeiro mundo, dão de goleada no Cirque de Soleil. Já que a patuléia não tem acesso ao espetáculo, e bota espetáculo nisso, sugiro que seja exportado para o primeiro mundo. Já pensou que deslumbramento seria a Beija-Flor (Kiss-Flower) desfilando em Nova Iorque, na Quinta Avenida? Ou a União da Ilha (United Island) em Paris, com seus carros alegóricos ofuscando o Arco do Triunfo, hem? A idéia teria, sem dúvida, a aprovação do FMI e do Palocci porque contribuiria para amortizar a dívida externa. Antes que alguém pergunte o que fazer do Sambódromo: seria entregue ao povo, numa reedição tropical da queda da Bastilha. Na passarela, onde evoluíam as suntuosas escolas do primeiro grupo, blocos de sujo se esbaldariam de graça até o sol raiar. Nos camarotes, quiosques de churrasquinho de gato, x-tudo, sacanagem (espetinho de pimentão, picles e salsicha), frango marítimo, empadinha, pastel e o escambau. E muita cachaça e cerveja no isopor. Aposto que meu amigo Oscar Niemeyer, comuna de carteirinha, adoraria. |
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