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Muito tem se
falado a respeito de profissionalismo no carnaval. Gostaria de saber o que
isso quer dizer para essas pessoas encantadas com a "organização impecável"
de nossas escolas de samba.
Gostaria de expor o que penso ser profissionalismo analisando nossas escolas
em vários aspectos.
(1) Remuneração - Os apressados dizem que as escolas se profissionalizaram
pq hoje o puxador, o casal de MS/PB, o mestre de bateria, etc, são todos
remunerados. Sim, uma evolução normal em um mundo capitalista, quando as
escolas deixaram de ser uma manifestação cultural de um grupo específico
e passaram a ser o evento principal de uma cidade.
(2) Finanças - Pelo que sei, o profissionalismo é possível em um mundo capitalista.
Como mundo capitalista, entendo que todos os organismos integrantes devem
ter uma MENTALIDADE EMPRESARIAL.
Aí vai a questão: existe essa mentalidade em alguma escola? Alguma escola
busca cumprir objetivos econômicos, metas de faturamento, etc? Claro que
não. Ela se vale durante o ano de lucros esporádicos, como venda de ingressos
ou doações de empresários, políticos e bicheiros. No segundo semestre, começa
a sair a verba da Liesa, essa sim, administrada com mentalidade empresarial,
pois planeja todas as suas ações com o foco no lucro.
Pq as escolas de samba, se são empresas, não buscam lucro de outra forma?
Produtos licenciados seriam um ótimo caminho. Manter a quadra aberta durante
o ano, fazendo rodas de samba e apresentações para cariocas e turistas também.
(3) Estrutura física - Como falar em profissionalismo se a maioria das escolas
tem quadras desconfortáveis, sem um banheiro decente, com acústica precária
e estacionamento difícil? Como falar em profissionalismo se os barracões
são verdadeiros paióis, sob iminente risco de incêndio ao menor descuido?
Gente, vamos acordar! Estamos vendo ainda o pré-capitalismo nas escolas
de samba. Estamos vendo muita gente enriquecer e o povo se empobrecer culturalmente.
Estamos aplaudindo babaquices voltadas para turistas, que, podem ter certeza,
não dão a mínima para elas.
Vamos trazer o povo de volta para as escolas. Vamos fazer a quadra da escola
de samba ser o ponto convergente do lazer e integração de uma comunidade
(aí, falo em comunidade no sentido da vizinhança mesmo). Pq não mostrar
a escola como centro irradiador de cultura popular?
Neste caminho que estamos, a Rio Branco é o destino. E não vai demorar muito...
Muitos de nós veremos... |