Poema à nação mangueirense

 

A nação mangueirense, essa nação
altiva e pobre, toda musical
celebra lá no morro suas glórias
que vêm de muito longe, antes do samba
e no samba se fazem coisas nacionais.
Este é Cartola, tímido e divino,
dizendo adeus a amores já passados,
saudando amores novos e florentes,
Vem Maçu, Juvenal e Saturnino
Nelson Sargento, Padeirinho, Cícero
Carlos Cachaça, Zé com Fome, Bocó
Pelado, Alfredo Português tão nosso
Mestre Candinho, Hermes Vereador !
Todos vão desfolhando a rosa verde
Mas trescalante que a manga rosa
Um grupo valoroso de mulheres
passa, e refulge sua tradição;
Tia Tomásia, dama dos Arengueiros
Dona Neuma Gonçalves, Dona Zica
moquequeira sublina, Dona Miúda
rainha negra, das frutas e do forno
outras mais, outras mais....Doce desfile,
alma do carnaval aberta em flor !

 

Carlos Drummond de Andrade
(Poeta, foi enredo da Estação Primeira de Mangueira em 1987)

 

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