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Antes de qualquer coisa, meu nome é Victor Raphael, sou carioca de nascença, mas resido atualmente no Mato Grosso do Sul. Além de funcionário público, sou pedagogo pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e estou desenvolvendo uma orientação acadêmica sobre alternativas da presença do Samba na Educação, e também sou presença assídua no fórum do Esquentando os Tamborins, principalmente no Setor 1.
Nesta coluna de estréia, quero falar para todos os foliões do Brasil o quanto é difícil alimentar nossa paixão pelo carnaval. Somos ávidos de informações sobre a nossa escola, sobre o troca-troca de peças que sempre há no período pós-momesco, na escolha do samba que irá representar nossa agremiação na avenida. Nós somos produtos da projeção nacional que o carnaval carioca, e o desfile das escolas de samba tiveram ao longo do tempo. Sua explosão para o mundo ocorreu principalmente na década de 1970, quando a televisão começou a transmitir a magia do carnaval para toda a nação.
A partir desse fato, o Rio de Janeiro passou a ser o centro de qualquer discussão sobre carnaval: Nas ruas do Brasil, as pessoas começaram a simpatizar pelas escolas, discutir qual samba era melhor. Até porque as rádios do país inteiro corriam para as lojas de discos atrás do álbum de sambas-enredo, pois quem não os tivesse já em Dezembro, certamente perderia audiência.
Mas o tempo passou e o que vemos? No Rio, o carnaval ainda rende boas discussões, análises, existem programas de TV e Rádio sobre o assunto, etc. Mas para quem mora fora do Rio de Janeiro, como funciona?
Melancolicamente, o carnaval carioca, que influenciou o carnaval de um país, hoje deixou de ser assunto. Quando muito aparece num desses programas de fofoca por aí, dizendo que fulana de tal será rainha de tal escola, ou que trocou de figurino, ou ainda que o galã da novela virá de sunguinha em cima do carro alegórico... Informações sobre os enredos, fantasias, carnavalescos e o que realmente interessa, as escolas; não estão no segundo plano, estão no quinto plano.
Infelizmente, a rede de televisão que detém os direitos do desfile, não os aproveita para tornar o produto que comprou mais atraente, não divulga o próprio evento, a não ser pelas vinhetas nos comerciais que só tocam 2/5 do samba... Pouco para rivalizar com a escalada de outras formas de carnaval, como o baiano, que tem o ritmo do Axé divulgado o ano inteiro.
Isso quer dizer que o resto do Brasil só sabe do desfile na época do carnaval. Felizmente, não. Uma nova alternativa se abriu para os amantes do carnaval carioca, que buscam saber sobre a Grande Festa na mídia especializada, quase que tão somente alocada na Internet. São fóruns, blogs e sites especializados que oferecem ao leitor todas as informações sobre o Maior Espetáculo da Terra durante 365 dias.
Essa nova forma de ver carnaval, fez com que uma nova geração de amantes da folia surgisse, pulverizando a concepção de que o carnaval carioca é “coisa de velho”. A geração WWW da folia está presente em todo Brasil, discutindo, analisando, comentando, vivendo carnaval. Este site, por exemplo, tem um fórum, onde pessoas do Oiapoque ao Chuí discutem carnaval. Hoje, uma pessoa de Belém do Pará consegue escutar os sambas concorrentes de sua escola e opinar sobre qual achou mais interessante. Agora, sabemos quase que imediatamente a decisão das escolas sobre seus enredos e sambas para o carnaval. Imagine você, de fora da Cidade Maravilhosa, se tivéssemos de esperar notícias da TV sobre isso... Provavelmente, só teríamos esse acesso às vésperas do carnaval...
Esse novo espaço tem como objetivo revelar como quem está de fora do circuito carioca do samba vê essa festa, como interage, como essa imagem nos é mostrada, uma vez que se trata de um evento popular brasileiro e que tem grande parte do seu público residente fora do Rio de Janeiro.
Nos próximos capítulos dessa jornada estaremos tentando passar como recebemos as informações do carnaval, as impressões de um desfile assistido pela televisão, a repercussão dos sambas na grande mídia, entre outros.
Até Lá!!! |