Pra contrariar o chefe, K. Veirinha fundou o Bola Preta |
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Nas proximidades do carnaval que, naquela época (1918), começava a ferver desde outubro nos festejos da Penha, o folião K. Veirinha erguendo seu copo de chope resolveu desafiar o chefe de polícia: "Vamos formar um cordão!" E, mostrando sua disposição de luta contra a autoridade, concluiu: "Ele disse que vai fechar todos os cordões, mas o nosso ele não fecha! O nosso é de bola preta!" Toda a turma, já com duas ou três altas pilhas de cartões na mesa, topou a parada e resoluta, pondo em alvoroço o Bar Nacional, da famosa Galeria Cruzeiro, prorrompeu em vivas seguidos. À guisa de biografia Antigamente, todos os associados de destaque dos grêmios carnavalescos adquiriam um pseudônimo sempre precedido de aristocrático lord. Assim, Álvaro de Oliveira que, ainda garoto, de menor idade, conseguiu ser sócio dos Democráticos quando o alvi-negro tinah sede no Largo do Machado, ganhou sua alcunha. Deram-na, mais tarde, já na Rua do Hospício (hoje Buenos Aires), para onde o clube se transferiu, uma bem divertida: Lord Trinca Espinha. Continuou com ele da Rua dos Andradas e também na do Passeio, locais onde os valorosos 'carapicus' estiveram instalados. K. Veirinha enfrenta o chefe Leal Carnavalesco de quatro costados, integrante de um grupo do qual faziam parte, entre outros, os irmãos Oliveira Roxo (Jair, Jorge, Joel), Chico Brício, Archimedes Guimarães (Fala Baixo), Álvaro de Oliveira era desassobrado. Ao ler nos jornais uma portaria do chefe de polícia, Dr. Aurelino Leal, achou o momento propício para mostrar sua coragem. Rigorosa, ameaçadora, a publicação dizia: "Os grupos e cordões que perturbarem a ordem pública terão suas licenças cassadas, sendo os perturbadores presos e processados, na forma da lei". Proibia, ainda, mais adiante, de maneira igualmente decisiva, a fundação de grupos similares. Tradição da Bola Preta O sucesso da noitada de nascimento do Cordão da Bola Preta, com o salão apinhado e a fachada do clube feericamente iluminada, abriu-lhe caminho fácil nos meios carnavalescos. Seus iniciadores (K. Veirinha, Chico Brício, Vaselina, Pato Rebolão, Fala Baixo, Porrete e outros) puderam levar à frente o folionico grêmio sempre com seus bailes excessivamente concorridos. Sem instalação definitiva, realizando seus fandangos na Rua 13 de Maio, no Palace clube, na Cinelândia, num salão do antigo Liceu de Artes e Ofícios, acabou, por fim, rico e poderoso, com a sede própria que ora possui. Saudosista, mas não muito Afastado das homéricas "farras" dos áureos tempos em que o Carnaval carioca conseguia dividir durante o ano inteiro a cidade em três facções: ‘baetas', ‘gatos' e ‘carapicus', Álvaro de Oliveira é agora um homem tranqüilo. O folião K. Veirinha hoje é apensa um assistente da festa de Momo. Às vezes, matando saudades, aparece no cordão e vê seus sócios vibrando, entoando o hino feito pelo maestro Vicente Paiva e Nelson Barbosa para empolgar a moçada: "Quem não chora não mama, segura, meu bem, a chupeta. Lugar quente é na cama ou, então, no Bola Preta". (in Figuras e coisas do Carnaval carioca, Rio deJaneiro, Funarte, 1982, pp 18-20..) |
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Jota Efegê |
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