Escolas & enredos

 

          Cavaquinhos, baterias e vozes formaram o som que invadiu o ar nos últimos dias, nas grandes cidades do país. Indescritíveis imagens, comissões de frente, abre alas encenaram o grande show das agremiações carnavalescas, ao som de sambas-enredo.
          As escolas de samba ensinam sobre gestão: do carnavalesco à idéia do coletivo. Um processo de construção de ano inteiro, para levar à avenida o enredo que enreda a vida.
          Finda a apresentação, a partir da dispersão, com o olho no resultado do campeonato, a escola se debruça a seu novo ano: pinçar novas idéias.
          O que diferencia escolas de samba e instituições escolares? São comunidades organizadas em torno de um papel a cumprir, têm dirigentes, coordenadores, mestres, aprendizes, quadras e projetos para enredar a vida. Ambas são avaliadas externamente em diferentes quesitos.
          As primeiras – endinheiradas, chamativas, veneradas pelas comunidades – vestem-se de plumas e brilho. As outras, arrecadando recursos e despertando suas comunidades, podem despertar mentes à luminosidade, enfim, enredar.
          Da paixão das escolas de samba, fica a revisão do pensamento de Touraine: a escola precisa tornar-se “escola do sujeito”.

Elísio Vieira de Faria
Professor Universitário, Doutor em Educação
(Publicado  originalmente no jornal "Bom Dia São José do Rio Preto"em 23/02/07)

 

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