Velha Guarda

 

Velha Guarda...
Traz nos cabelos grisalhos
O peso dos anos e a filosofia
De quem conhece, da vida, os atalhos
Da experiência e da sabedoria
 
Eternos guardiões de nossa cultura
Fiéis depositários dos tempos já idos
Faróis clareando a noite escura
Iluminam os caminhos já percorridos.
 
Velha Guarda...
O sorriso faceiro da tia baiana
A saia rendada girando, girando...
Os passos miúdos. Energia que emana
E um cantar ritmado no ar ecoando
 
As palmas marcando o tempo e o compasso
Na dança do Jongo e do Cateretê
E tudo parece parado no espaço.
É a vida que volta. No olhar, o prazer.
 
Um samba de enredo cantado com ardor
Lembrando Mãe-África. Bonito. Vibrante
Caxambú é a malícia,o segredo e o amor
Da mulata sestrosa pelo negro elegante.
 
Velha Guarda....
O passado transmite ao tempo presente
A força latente da nossa tradição
É tronco. É raiz. É folha. É semente
É o fruto mais doce. É flor em botão.
 
É o amigo fiel que a gente escolhe
Compromisso divino com a pura verdade
É a sombra mais fresca que ampara e acolhe
É ternura. É beleza. É dignidade.

Átila "Preto Velho"
(Preto Velho é compositor de sambas enredos)

         Esta poesia foi escrita há algum tempo, nascida quando o autor assistiu um show da antiga Velha Guarda Musical do Salgueiro, que reunia, entre outros, Caboclinha, Mocinha, Tia Zezé, Tia Nenem, Tio Geraldo, Zé Di, etc...(Tia Zezé e Tio Geraldo já compareceram ao Criador para o merecido descanso), no Calouste Gulbenkian, espaço Gonzaguinha. Ao ve-los no Cateretê, dançar o miudinho, nos meneios da Jongo sentiu uma emoção muito forte e se deu conta que alí estavam as raízes da nossa cultura carnavalesca.

 

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