Carnaval,
doce ilusão - A gente se vê aqui, no meio da multidão!
20 anos de Liga
"Carnaval,
doce ilusão / Dê-me um pouco de magia / de perfume e
fantasia e também de sedução / quero sentir nas
asas do infinito / minha imaginação..." A Caprichosos
de Pilares pede licença ao poeta Silas de Oliveira e usa seus
versos imortais como base de inspiração para o seu carnaval
de 2005.
No ano de 1984 o carnaval carioca sofreria uma das suas mais profundas
transformações. Em julho daquele ano um grupo de visionários
empreendedores fundava a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa).
A criação desta entidade levou o mundo do samba a um
patamar de respeito e credibilidade muito forte. Seus dirigentes se
orgulham de comandar o maior espetáculo da Terra.
Nesses 20 anos que se
passaram o que se pode acompanhar foi um crescimento em larga escala
do show das Escolas de Samba. Pela avenida de concreto passaram artistas
e populares, personagens históricos e imaginários. A
liberdade poética dos carnavalescos invadiu o Sambódromo
com os mais variados temas, das críticas debochadas aos mais
politicamente corretos. Foram sonhos de um sonho que se acabaram na
quarta-feira.
O público dentro
da sua simplicidade e pobreza fez sua parte nesses vinte anos que
passaram. Nas cercanias do Sambódromo a folia rolava solta
pelas barracas, pelo Mangue, ou pelo famoso viaduto, tormento das
Escolas de Samba, mas felicidade para aqueles que não podem
pagar os ingressos. Para os que sobem as arquibancadas à festa
se completa no momento em que a sua escola do coração
entra na avenida. Por muitas vezes as estruturas de bruto cimento
balançaram ao som de sambas imortais. De Braguinha ao Ita no
Norte, passando por Kizomba e a Semana de 22 o público delirou
de emoção.
Carnavalescos geniais
brilharam com desfiles inovadores. O mago de todos encantou o público
com uma partida de futebol debaixo de um temporal que alagou a pista
dos desfiles. Anos depois esse mesmo mago tornou-se gari e espalhou
pela avenida o mundo que faz do lixo seu luxo. Foi um carnaval espetacular.
A Caprichosos nesses
anos de carnaval marcou a avenida com desfiles irreverentes e inovadores.
Sua crítica sempre oportuna despertou nossa sociedade para
seus mais graves males, sempre embalada por melodias alegres e de
fácil assimilação popular. Luiz Fernando Reis
deu à azul e branco de Pilares status de representante política
das minorias. Era uma escola que junto com o povo botava o bumbum
de fora e dava seu grito de alerta.
Os tempos foram correndo
e surgiu então uma grande campeã - Rosa Magalhães.
De Origem vermelho e branco, a Carnavalesca sagrou-se juntamente com
a Imperatriz Leopoldinense como a mais vitoriosa dos 20 anos de carnaval
da Liga. Dois anos antes da criação da Liesa, a Carnavalesca
ganhou seu primeiro título, com um desfile que falava sobre
o crescimento das escolas de samba. Bum-Bum Paticubum Prugurundum
previa a transformação das Escolas de Samba em empresas.
Com desfiles tecnicamente
perfeitos, a Imperatriz impôs seu estilo, colecionando títulos.
Sua Catarina de Médicis encantou com leques verdes e amarelos,
exibindo um luxo barroco que ofuscou os olhos de quem assistiu.
"Caprichosamente
vamos reviver!" Não queremos entrar na avenida apenas
para brigar pelo primeiro lugar. Nossa principal função
nesse carnaval é fazer com que nosso povo volte a se divertir
na avenida, como nos áureos anos 80 e 90. Não teremos
o rigor histórico de seguir cronologicamente a história
dos carnavais. Plasticamente faremos com que o povo reviva momentos
que estão eternamente nas suas lembranças.
A Caprichosos convida
a todos para se encontrar no meio da pista, ou até mesmo na
concentração. Queremos também nossas co-irmãs,
todas unidas celebrando nessa noite que brilha, no palco onde a magia
encanta a Cidade, porque "Carnaval é uma doce ilusão
e a gente se encontra na avenida, no meio da multidão".
Parabéns, 20 anos
de Liga!
Chico Spinosa
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