Nelson
Matos. que nasceu no Rio de Janeiro em 25 de julho de 1924 e que o destino
transformou em Nelson Sargento. um dos mais importantes componentes
da Ala de Compositores da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira,
é um dos exemplos mais típicos do compositor produto social e artístico
das escolas de samba. Mas, em seu princípio de vida, antes da Mangueira,
aconteceu o Salgueiro
Aos
8 anos, Nelson já sentia o samba correr nas veias e desfilava na Azul
e Branco, no morro do Salgueiro, onde morava. Aos 12 anos, muda de morro
e de vida. Foi com a mãe, Maria Rosa da Conceição. para a Mangueira,
adotado por Alfredo Português. um lusitano danado de bom na poesia,
mas que, cada vez que tentava fazer um samba, compunha um fado. No morro,
aprendeu violão com Aluísio Dias e começou a musicar os versos de Alfredo,
e dar a eles forma de samba. Nascia a parceria Nelson Sargento – Alfredo
Português.
Nelson
Cavaquinho era hóspede freqüente de Alfredo Português, cuja profissão
era a de pintor de paredes. Quando a barra pesava, o bom luso levava
os dois Nelson, o Cavaquinho e o enteado. para o trabalho e botaa um
pincel na mão de cada um e os fazia justificar o arroz-e-feijão de cada
dia. O compositor Geraldo Pereira, já famoso e com sambas gravados,
também passava no barraco, vez ou outra, para mostrar um samba novo
e tomar umas e outras.
Melhor
escola, impossível. Nelson se aperfeiçoou na convivência com os bambas
e, ao dar baixa no Exército, ganhou o apelido definitivo. Virou Nelson
Sargento, começou a freqüentar a Escola de Samba Unidos da Mangueira,
e se iniciou como compositor.
Seduzido
pela lábia de Carlos Cachaça, mestre em roubar os melhores elementos
da Unidos, para a Estação Primeira, Nelson ingressa na ala de compositores
da Escola de Cartola.
Dono
de excepcional memória musical, ele vai se tomando um arquivo precioso,
capaz de guardar centenas de sambas de todos os compositores mangueirenses,
principalmente os de Cartola, cujo estilo influiu na sua obra.
O
primeiro samba-enredo para a Mangueira, Apologia
Aos Mestres, feito em parceria com Alfredo Português, em 1950, não
foi além da disputa na quadra. O que não impediu a Escola de ser campeã,
cantando o samba vencedor.
Cântico
À Natureza, que ficou conhecido como Primavera e se tomou antológico, foi resultado de nova parceria com
Alfredo Português. Jamelão gravou esse samba-enredo de 1955, e a Mangueira
foi vice-campeã.
A
atuação de Nelson na ala de compositores leva-o a ser escolhido como
seu presidente em 1958, até que, por motivos particulares,
se afasta da Escola em 1962, por longo período.
Integrou
o conjunto A Voz do Morro, formado no Zicartola em 1964. Fez parte do
musical Rosa de Ouro, em 1965, no Teatro Jovem,
e do grupo Os Cinco Crioulos, com Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho,
Nescarzinho do Salgueiro, oriundos do Rosa,
reforçados pelo compositor Mauro Duarte. Gravou
alguns discos com eles e, em 1979, lançou o seu primeiro LP solo, Sonho
de Um Sambista.
Continuou.
paralelamente, na profissão de pintor de paredes. Aos poucos, toma-se
pintor primitivista, com exposições de sucesso. Participou de curtas-metragens,
escreveu um livro de poesias, Prisioneiro
do Mundo, e se transformou em êxito no Japão, para onde excursiona
regularmente e lança um CD a cada ano. Nunca é demais lembrar que em
um de seus sambas. Nelson Sargento garante que o “samba agoniza mas
não morre”. E filosofa em outro: “O nosso amor é tão bonito / Você finge
que me ama ./ E eu finjo que acredito”. Só falta, agora, ter no Brasil
o reconhecimento que alcança no exterior.