Eu sou o samba

Sinopse:

          A  A.R.E.S. Vizinha Faladeira irá mostrar, em poesia, a História do Samba Carioca, desde sua chegada da África em solo brasileiro até sua máxima consagração que é o desfile das Escolas de Samba, o maior espetáculo áudio-visual do mundo.
          Para tal, a Vizinha Faladeira fará desfilar na Avenida, na voz do próprio Samba, sua história e seus caminhos.
          A vinda dos negros guerreiros, escravos e toda sua plena negritude, trazendo consigo seu ritmo batuque.
          Com a alforria, a chegada das tias baianas ao Rio de Janeiro, se estabelecendo no bairro da Saúde, dando rodas-de-samba na Pedra do Sal. A semente do samba em nossa cidade.
          A adesão da malandragem faz com que o samba cresça e também aumente a perseguição a ele por parte da polícia.
          Tia Ciata, a mais popular das tias baianas, vê nascer dentro de sua casa o primeiro samba a ser gravado, pelo próprio autor, “Pelo Telefone”, de Donga.
          A partir daí o Samba, que até então era uma dança, passa a ser um gênero musical, com partitura, fazendo com que o rádio o receba de braços abertos.
          Com essa conquista dos negros, seus músicos passam a ser respeitados como profissionais, nascendo o grupo de bambas da época, Os Batutas, formado, entre outros, por Pixinguinha e João da Baiana.
          O Samba abandona a palheta, põe cartola e entra na sociedade.
          Surge Ary Barroso, levando o samba ao exterior na voz de Carmen Miranda, invadindo os salões, os cassinos e o Teatro de Revista.
          Está formada a Batucada da Vida, com seus ritmistas, sua poesia, seus sentimentos mais profundos, sua garra e a alegria da vitória sobre todos os preconceitos.
          O Samba ganha as ruas, seguindo os passos dos primeiros Ranchos fundados pelas tias baianas. Nascem as primeiras Escolas de Samba, que vão se juntar aos Arlequins, Colombinas e Pierrôs, fazendo o carnaval de então.
          E esse ritmo batucado que veio dos céus estrelados da África, direto para o cativeiro no Brasil, finalmente consegue seu lugar de direito, fazendo do desfile das Escolas de Samba o espetáculo mais lindo, contagiante e feérico de nossa cultura, elevando o Rio de Janeiro e sseu Samba Carioca ao mais alto degrau.
          Por mais que digam que cada vez se afasta de suas raízes, certamente a única coisa estará sempre presente, esta mesma coisa que um dia inundou as senzalas, que fez gingar a cabrocha, que embalou os amores da Colombina. Essa coisa não tem tempo nem espaço porque é poesia, é calor, é som, é ritmo que invade, toma corpo, pede passagem e grita:
          “Eu sou o samba!”

Jorge Nova

Eu sou o samba velho amigo da Vizinha
Hoje aqui sou seu enredo
Eu sou dela e ela é minha (paixão!)

Na velha Saúde
Propriamente na Pedra do Sal
Conhecendo outras culturas
Ali ganhei postura
Na radiofonia nacional
Livre das perseguições
Usei “fraque e gravatinha”
Nos cassinos e salões (social)
Tia Ciata, João da Baiana
Pixinguinha, Ismael e Sinhô
Mas foi com Ary Barroso
E a Pequena Notável

Que eu ganhei fama no exterior

Trazei vossos pandeiros, trazei
Pra vir sambar
Com as escolas de samba outra vez