Viradouro canta e conta Bibi - Uma
homenagem ao teatro brasileiro
Histórico do
Enredo:
"O
que eu gosto muito num palco é que eu estou inatingível. Quando estou
num palco ninguém me toca. É um momento só meu. Um momento em que não
vou ser interrompida. Estou ali só para dar. O que eu puder dar, eu
dou. É o momento da criação. Da comunhão. É muito bonita esta comunhão
palco e platéia É o momento em que, através de vocês, eu me encontro
com Deus."
Bibi Ferreira
A
Unidos do Viradouro honrosamente ergue seu pavilhão vermelho e branco,
abre suas cortinas e traz para a Marquês de Sapucaí a grande Bibi Ferreira.
Estrela
de primeira grandeza, habituada aos grandes palcos do mundo, desta vez
ela interpretará um personagem diferente: será a Prima Dona da ópera do
povo, a protagonista do maior espetáculo da Terra, contada e cantada em
cores, formas, versos e movimentos, ao som de uma orquestra de pandeiros,
surdos, tamborins e repeniques entoando em forma de samba um "Bravo,
Bibi"!
Abertura - Nascida em
berço esplêndido: a origem de uma diva
"Minha
Babá era o Camarim"
Houve
um dia em que um ator de pequena estatura e grande talento chamado Procópio
encantou-se com as graças de uma bela e virtuosa bailarina espanhola,
vinda de uma família de artistas ligados ao mundo do circo e da ópera.
Ela era Aída, como a heroína de Verdi. Do encontro, veio ao mundo a pequena
Abigail Izquierdo Ferreira, ou simplesmente Bibi. Não nasceu em berço
de ouro, mas num celeiro de astros destinados a levar o riso e a lágrima
a um Brasil que ainda buscava uma identidade própria nas artes cênicas.
Com
apenas 24 dias de vida, a pequena Bibi entrou no palco pela primeira vez,
substituindo uma boneca que sumira na confusão dos bastidores da peça
"Uma Manhã de Sol". Com a separação dos pais, seguiu com a mãe
na Companhia Velasco, um grupo de teatro de revista espanhol que apresentou
à precoce Bibi as primeiras notas musicais e, sob os passos da vibrante
dança flamenca, pisou firme os palcos de toda a América Latina.
Sua
estréia profissional nos palcos aconteceu aos dezessete anos de idade.
Na comédia "La Locandiera", encenada pela companhia do próprio
pai, Bibi agigantou-se em cena no papel de Mirandolina e ganhou do público
o grande presente que a acompanharia sempre: o aplauso.
E
não é que a menina tomou gosto pela coisa? Levou a sério a arte de representar
e, com os atributos herdados da experiência nos palcos, aliada a boas
doses de disciplina, tornou-se uma das artistas mais completas do cenário
teatral brasileiro, onde atuou, também como cantora, música, diretora,
arranjadora, poeta, bailarina, comunicadora e dramaturga, pondo tudo de
si em cada expressão, cada acorde, cada gesto.
Nesta
época, Bibi passou também a dirigir e escrever textos, como "Bendito
Entre As Mulheres". O teatro de revista também não escapou do toque
de Midas da nossa Prima Dona. Já com a sua própria companhia, montou o
super musical "Escândalos 1950", no Teatro Carlos Gomes.
Nada passava despercebido do olhar curioso de Bibi, que investia sempre
com ousadia em novas experiências.
1º Ato - A arte de representar
nas telas do Brasil e do Mundo
"Não
acho a mínima graça em fazer algo que vou superar com facilidade"
Mas
não foi só através dos palcos que Bibi surgiu para o mundo. Ela participou
do elenco do filme inglês "O Fim do Rio", onde, além de
interpretar, mostrou seu talento como cantora e violonista. Foi
com esse espírito que Bibi abraçou o desafio de fazer televisão, tornando-se
uma das comunicadoras mais populares do país na década de 60.
Comandou
programas que chegaram a ter 8 horas de duração! Outro importante trabalho
de Bibi na TV foi a apresentação do programa "Curso de Alfabetização
para Adultos", que lhe rendeu vários prêmios. Fez também importantes
entrevistas com famosos astros ingleses como Omar Sharif, George Sanders
e Julie Christie, além de participar da primeira transmissão via satélite
da TV brasileira, a cerimônia de entrega do Oscar, em 1972.
Mas
a Ribalta a arrebatara definitivamente e dela fez seu mundo, ofício e
vocação. A era dos grandes sucessos, das super produções e do reconhecimento
definitivo marcou a carreira de Bibi e inaugurou um capítulo a parte na
história do teatro brasileiro.
Agora
sim, temos uma identidade teatral. Agora sim, temos uma diva.
2º Ato - A diva dos
grandes musicais
"A
minha grande vaidade é representar cada vez melhor"
Só
mesmo uma diva para interpretar a personagem principal da obra de Alan
Jay Lerner, uma das mais populares histórias encenadas nos palcos de todo
o mundo. "Minha Querida Lady" conta o pitoresco episódio em
que o excêntrico Henry aposta com um amigo que conseguiria transformar
a pobre e ignorante florista Eliza numa verdadeira dama. O resultado é
surpreendente e todos passam a se encantar com a bela e refinada Eliza.
Bibi
construiu uma personagem usando todo o seu carisma e lirismo. A mudança
de Eliza da absoluta pobreza para modos refinados foi pontuada por momentos
de grande inspiração da atriz, numa super produção digna dos grandes musicais
da Broadway. Nessa mesma linha, Bibi montou em 1965, outro espetáculo
com a marca da grandiosidade: Alô, Dolly, com cenários imponentes, figurinos
muito bem cuidados e um elenco de mais de 120 artistas.
Mais
uma vez pioneira, Bibi foi responsável pela introdução do teatro musical
no país, com montagens inesquecíveis e produções que levaram ao público
brasileiro a magia dos grandes espetáculos.
3º Ato - O Homem de
La Mancha
"É
um hino à vida, à grandeza humana"
(Sérgio Britto, sobre o "Homem de La Mancha)
O
clássico de Miguel de Cervantes inspirou o musical "O Homem de La
Mancha", de Dale Wasserman, cujas versões das canções foram feitas
pelos notáveis Chico Buarque e Ruy Guerra. O espetáculo, encenado pela
primeira vez em 1972, trouxe no elenco, ao lado de Bibi Ferreira - que
representou Dulcinéia - Paulo Autran e Grande Otelo.
O
"Homem de La Mancha" apresenta-se como uma celebração aos ideais,
à crença em valores humanos, ao apresentar a figura de Dom Quixote em
seus questionamentos e anseios.
Como
o herói de Cervantes, Bibi também enfrentou dificuldades próprias de quem
lida com a arte. Mas a busca dos ideais em nome da primazia cênica sempre
justificou os sus projetos. Para ela, cada espetáculo era um desafio quixotesco,
uma luta a favor do puro ato de despertar na platéia as mais diversas
emoções.
4º Ato - Bibi encena
"Gota D'Água"
"Gota
D'Água tem o maior trabalho de diálogo do teatro nacional"
O
ano é 1975. Só mesmo uma artista com o quilate dramático de Bibi Ferreira
para dar vida a uma das mais complexas heroínas da história do teatro.
"Gota D'Água" é uma tragédia urbana escrita por Chico Buarque
e Paulo Pontes a partir de um projeto de Oduvaldo Viana Filho, que já
havia feito uma adaptação do clássico "Medéia", de Eurípedes,
para a TV.
O
espetáculo tem como pano de fundo os dissabores vividos pelos moradores
de um conjunto habitacional e traz no centro da trama a relação entre
o casal Joana e Jasão. A Joana criada por Bibi fez saltar de forma arrebatadora
a veia dramática da atriz, numa interpretação comovente, permeada de fortes
expressões.
Para
Bibi, "Gota D'Água" é a obra mais importante do teatro brasileiro,
um divisor de águas. Ela acreditava que uma vez atuando nesse espetáculo,
não era preciso fazer mais nada no teatro, pois estava o melhor trabalho
de diálogo do teatro nacional.
Mas
havia a certeza de que existiam muitos personagens fascinantes em busca
da sua interpretação.
5º Ato- Piaf: Um hino
ao amor
"Ela
é a única intérprete capaz de reviver a emoção dramática de Piaf"
(Hughes Vassal, fotógrafo francês que registrou a última fase da vida
de Piaf)
Bibi
é assim. Várias mulheres numa só e uma mulher única. Dona de um potencial
vocal invejável, não foi difícil imaginá-la incorporando uma das mais
importantes intérpretes da música mundial: a emblemática Edith Piaf, cantora
francesa cuja voz serviu de alento aos soldados durante a Segunda Guerra
Mundial. A vida conturbada de Piaf rendeu um dramático e comovente musical,
"Piaf, A Vida de Uma Estrela da Canção", um marco na carreira
da nossa diva.
A
perfeita interpretação de Bibi rendeu uma nova edição do espetáculo, com
o título "Bibi Canta e Conta Piaf", onde a atriz brindou o público
com os principais momentos da vida da cantora, ao som de músicas que revelaram
ao mundo a voz emotiva de Piaf. O espetáculo rendeu quatro anos consecutivos
em cartaz e excursões por todo o Brasil, além de ser encenado no famoso
Cassino Estoril, em Portugal, e na França.
Mas
Piaf não foi a única diva representada por Bibi Ferreira. Quando muitos
ainda estavam extasiados com sua homenagem à cantora francesa, eis que
surge no palco, ao som de fados, outra intérprete ímpar na música mundial.
6º Ato - Nos palcos com
Amália
"É
muito difícil trabalhar a prosódia portuguesa, é sílaba por sílaba. (...)
É um trabalho de artesão."
Com
a familiaridade habitual com o palco, Bibi trouxe ao público brasileiro
uma homenagem à cantora Amália Rodrigues, grande expoente da música portuguesa
e dona de uma qualidade vocal irretocável. O musical "Bibi Vive Amália"
proporcionou mais uma interpretação comovente de Bibi, então comemorando
seus 60 anos de carreira. Em mais este desafio, ela mergulhou fundo na
alma e na interpretação da fadista, numa primorosa recriação do timbre
tão especial da voz de Amália Rodrigues.
O
público agradece, ora, pois, pois, e aplaude de pé mais esta atuação de
Bibi. É hora de comemorar seus oitenta anos de vida, trazendo para a avenida
um convidado muito especial.
7º Ato - Um gran finale
- O legado do grande Procópio Ferreira
"Através
de você, viverei duas vezes" (Procópio Ferreira, sobre Bibi)
A
Viradouro traz para os braços do povo a arte de Bibi Ferreira, herdeira
do talento de um dos maiores atores do nosso país, o grande Procópio Ferreira.
O legado deixado pelo ator, reverenciado e aclamado até hoje, revive em
Bibi.
O
pai, que previu o seu talento logo nos primeiros dias de vida, surge para
participar da festa em homenagem à ilustre filha, orgulho de um país inteiro,
senhora de muitas artes, aclamada nos palcos mundo afora! Procópio e Bibi
são símbolos da criatividade e do talento do nosso povo em reafirmar seu
valor.
Talento
esse que ganha a avenida todos os anos e torna milhares de anônimos astros
e estrelas na grande festa popular brasileira. Cada componente, cada espectador
vai prestar sua homenagem aos 80 anos de Bibi Ferreira, numa comunhão
única com o público que o só o carnaval pode proporcionar, eternizando
sua história em vermelho e branco.
É
com muita honra que a Viradouro, escola de tantas glórias e conquistas,
torna-se veículo desta celebração, em mais um ato dos muitos que ainda
virão no decorrer da vitoriosa trajetória desta diva.
A
partir desta homenagem, o carnaval passa a contar com mais uma personalidade
a pertencer à seleta constelação de artistas consagrados na maior festa
popular do mundo.
Receba,
Bibi, esta emocionada homenagem da Unidos do Viradouro em nome de todo
o povo brasileiro. Um bravo a você!
Mauro Quintaes

Roteiro do Desfile
- Comissão de Frente: A Viradouro
abre seu desfile com quinze integrantes, dos quais quatorze representam
mestres de cerimônia, com fantasias em degradê, inspiradas nas roupas
usadas por Molière. A décima-quinta componente é uma criança, representando
Bibi Ferreira.
Nos tempos do dramaturgo, a França vivia o esplendor da corte do Rei
Sol, Luís XIV. Era o apogeu das cores e dos cetins. Da pompa e do luxo
dos salões de Versailles. O teatro de Molière alimentava sonhos e distraía
mentes. Zombava da sociedade francesa no século XVII, ao mesmo tempo
em que inaugurava uma nova fase da Ribalta, influenciando artistas mundo
afora.
É com esta exuberante evocação ao teatro que a Viradouro começa o seu
desfile. Na mão, os componentes trazem o tradicional cajado utilizado
pelo dramaturgo para anunciar o início da encenação das suas peças.
Entre eles, baila a pequena Bibi, cuja infância foi alimentada pelo
sonho da Ribalta.
Anos mais tarde, já atriz consagrada, Bibi reencontraria Molière através
de um dos seus mais famosos textos: “O Avarento”. Nesse espetáculo,
dirigiu o próprio pai, o grande Procópio Ferreira, tornando-se um dos
seus maiores sucessos de público e de crítica.
- Alegoria Nº 1 – Carro Abre-Alas
“Abram as cortinas que o show vai começar”
O carro
abre-alas traz elementos do teatro universal, reproduzindo uma boca-de-cena
ornamentada com estátuas, lustres e todo o universo que invadiu o imaginário
da pequena Bibi. Nesta alegoria, a Viradouro busca reconstituir o imaginário
teatral e os elementos que a fascinaram desde o início da carreira até
a consagração na avenida. No centro da alegoria, serão encenados trechos
da peça “O Avarento”, dando prosseguimento à idéia comissão de frente
e resgatando uma das principais obras da carreira da homenageada.
- Ala 01 – Comunidade I - Teatro Italiano
– O teatro italiano apresenta-se como um dos mais importantes da
história, inclusive pela contribuição da Commedia Dell’Arte ao teatro
universal. Influenciou autores e escolas, e seus personagens invadiram
as festas populares e o imaginário de muitas gerações. Foram elementos
que fizeram brilhar mais intensamente as luzes da ribalta nos olhos
da pequena Abigail Izquierdo Ferreira, a nossa Prima Donna, Bibi
Ferreira.
- Ala 02 – Beijo na Boca - Teatro Espanhol
– Nos primeiros anos de vida, Bibi seguiu com a mãe a Companhia
Velasco, um grupo de teatro de revista espanhol que apresentou à precoce
menina as primeiras notas musicais e, sob os passos da vibrante dança
flamenca, ela pisou vários palcos pelo mundo afora.
1º Setor - Bibi na TV
“Em toda forma de arte, uma luz acendeu”
- Ala 03 – Ala dos Artistas - Bibi no
Cinema – Uma das memoráveis atuações de Bibi Ferreira aconteceu
no filme “O Fim do Rio” (The End of the River), de 1947. No papel
de “Teresa”, ela roubou a cena cantando, dançando e tocando violão.
Bibi incluía na sua carreira a magia do cinema, emprestando seu talento
a outras formas de arte.
- Ala 04 - High Society – Educação pela
TV – No programa “Curso de Alfabetização para Adultos”, Bibi colocou
sua experiência nos palcos a serviço da educação. A iniciativa pioneira
lhe rendeu vários prêmios na década de 60.
- Alegoria Nº 2 – Bibi na TV
Acostumada
às luzes da Ribalta, Bibi brilhou em frente às câmeras de TV. Um grande
estúdio é reproduzido na avenida, relembrando a importante participação
da homenageada em grandes momentos da TV brasileira, como entrevistas
com astros do cinema da categoria de Omar Sharif, Alain Delon e Julie
Christie.
Na TV Excelsior, chegou a ter um programa dominical com oito horas de
duração. Depois seguiu para a TV Tupi onde montou um teleteatro chamado
“Bibi ao Vivo”, um líder de audiência. Além de atuar, Bibi apresentou
a primeira transmissão via satélite na TV brasileira, a cerimônia de
entrega do Oscar, em 1972.
2º Setor - My fair lady – As comédias
musicais
“Diva, Brilha a Voz dos Grandes Musicais”
- Ala 05 – Surpresa – Comédia – A
fantasia traz as máscaras da comédia, em tons de rosa e dourado, abrindo
o setor dos musicais, no qual destaca-se o clássico My Fair Lady.
- Ala 06 – Baianas – My Fair Lady –
As grandes damas da Unidos do Viradouro lembram a inesquecível atuação
de Bibi Ferreira como a florista Elisa. A fantasia, em tons de lilás,
rosa e detalhes em dourado, reproduz toda a singeleza da personagem.
Com o seu rodopiar, as baianas prestam uma homenagem a Bibi Ferreira,
como se cada flor presente na fantasia fosse ofertada à grande diva.
- Ala 07 – Gostosos de Itapuca –Mercado
das Flores - A fantasia relembra a origem de Elisa. Nos tons de
rosa e lilás, a ala reproduz o mercado de flores onde trabalhava a pobre
vendedora, que se torna alvo de uma aposta.
- Ala 08 – Amizade – Aula de Classe –
Transformar a humilde florista Elisa numa refinada dama. Esta é a aposta
que o excêntrico Henry faz a um amigo. Para isso, tenta ensiná-la hábitos
de uma verdadeira dama.
- Alegoria Nº 3 – My fair lady – As Comédias
Musicais
A alegoria
lembra o pioneirismo de Bibi Ferreira ao inaugurar as superproduções
para o teatro musical no Brasil. “My Fair Lady”, uma das obras mais
populares do escritor Alan Jay Lerner, proporcionou a Bibi grandes alegrias,
ficando anos em cartaz em vários teatros do Brasil. A primeira montagem,
em 1964, tinha cenários suntuosos e um grande elenco.
O carro reproduz o cenário do musical, com uma grande escadaria ao centro,
estátuas e lustres. Nas laterais aparecem caixotes de flores, lembrando
a origem da humilde Elisa.
3º Setor - O homem de La Mancha
“Se o vento soprar, eu vou
Deixa o dom me levar, amor
Vou em busca de um ideal
No meu sonho de carnaval”
- Ala 09 – Namorados da Lua – D. Quixote
e os Moinhos – Uma das maiores obras da literatura universal ganhou
uma versão para o teatro à altura no Brasil. A luta de Dom Quixote contra
os moinhos de vento nos campos de Criptana ilustra um dos mais importantes
trechos da obra de Miguel de Cervantes, revivido nesta fantasia.
- Ala 10 – Magia – Sonho Medieval
– Os tons de amarelo e dourado da fantasia remetem ao fascínio medieval.
A obra de Cervantes conta que o homem de la Mancha resolveu caminhar
pelo mundo afora, querendo consertar tudo o que havia de errado. Vestiu
uma armadura, ergueu seu escudo e sua lança a favor da luta dos bravos
cavaleiros medievais.
- 1º casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
- A dança do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira espalha
na avenida o rastro de idealismo do homem de la Mancha. Monstros e seres
malignos, como dragões e lagartos gigantes, invadem a mente de Dom Quixote
na sátira às histórias fantasiosas dos heróis de cavalaria escrita por
Cervantes.
- Ala 11 - Bateria – O Homem de La Mancha
- Os ritmistas da Unidos do Viradouro personificam Dom Quixote, figura
central da peça “O Homem de La Mancha”. Em tons de branco, prata e dourado,
eles revivem na Marquês de Sapucaí o personagem interpretado no teatro
por Paulo Autran, cuja imaginação buscava o ideal de bravura medieval,
ao mesmo tempo em que perseguia o amor da bela Dulcinéia, papel de Bibi
Ferreira no musical.
- Ala 12 - Passistas – O Movimento dos
Moinhos – O balé dos moinhos dos campos de Criptana, que Dom Quixote
enfrentou com sua lança, serviu de inspiração para a fantasia dos passistas
da Unidos do Viradouro. Com a graça e a agilidade dos movimentos, um
grande balé com muito samba no pé invade a avenida em meio à explosão
de alegria dos nossos componentes.
- Ala 13 – Comunidade II – D. Quixote
e os Dragões – As batalhas do Homem de La Mancha para endireitar
o mundo o fazem encarar os mais diversos perigos. Enfrentou toda a sorte
de inimigos e narrou-os aos companheiros. Na fértil imaginação do herói,
todo o ideal de honra e bravura medievais foi revivido em episódios
fantásticos, como a luta com dragões e lagartos com dorsos escamosos.
- Alegoria N° 4 – O homem de La Mancha
Em cores
fortes, a alegoria destinada ao musical “O Homem de La Mancha”, de Dale
Wasserman, inspirado no clássico de Miguel de Cervantes, traz os seres
fantásticos que permeavam o imaginário de Dom Quixote. Enfrentando monstros
reais e imaginários, nossos artistas também têm sua face quixotesca
ao lutarem contra as dificuldades para exibir sua arte ao grande público.
No carro
estão os companheiros inseparáveis de Dom Quixote: o cavalo Rocinante
e o fiel escudeiro Sancho Pança, que no musical foi interpretado por
Grande Otelo. O espetáculo, considerado vanguardista para a época (1972),
teve a versão das canções compostas por Chico Buarque e Ruy Guerra e
direção de Flávio Rangel.
4º Setor - Gota D´Água – Tragédia
urbana
“A Gota d’água faz parte
Dos seus encontros com Deus”
- Ala 14 – Sol da Minha Vida – Tragédia
Grega – Em tons de preto e dourado, esta ala evoca a idéia clássica
da tragédia grega. Gota D’Água foi concebido através de um projeto de
Oduvaldo Viana Filho, inspirado no clássico “Medeia”, de Eurípedes,
que foi beber na fonte da fértil mitologia grega para narrar o ódio
sobre-humano que transforma o amor da heroína Joana por Jasão, quando
este a repudia para casar-se com a filha de Creonte, rei de Corinto.
- Ala 15 – Renascer – Gota D´Água e a
Música – A tragédia urbana “Gota D’Água” inspirou canções inesquecíveis,
compostas por Chico Buarque e Paulo Pontes, valorizadas pela voz Bibi
Ferreira no musical.
- Ala 16 – Ta Rindo Por Quê? – Jasão
e A Periferia – Na versão brasileira, Jasão vive na periferia de
um grande centro urbano. A fantasia representa o protagonista e caracteriza
o ambiente marginal em que vive os conflitos com Joana.
- Alegoria N° 5 – Gota D´Água – Tragédia
urbana
Para
Bibi, Gota D’Água é a obra mais importante do teatro brasileiro, um
verdadeiro divisor de águas. Só mesmo uma artista do seu quilate dramático
para dar vida a uma das mais complexas heroínas da história do teatro,
“Medeia”, que na versão transposta para a realidade brasileira, transformou-se
em Joana.
O espetáculo
tem como pano de fundo os dissabores vividos pelos moradores de um conjunto
habitacional e traz no centro da trama a relação entre o casal Joana
e Jasão. Na alegoria, elementos do teatro grego, como estátuas e colunas
estilizadas, misturados com a simplicidade do cenário onde se desenrola
a tragédia de Jasão e Joana. Ao fundo, o carro traz fotografias com
as fortes expressões de Bibi, num dos melhores momentos de sua carreira.
5º Setor - Bibi canta Piaf
“Piaf, um hino ao amor
A vida de uma estrela da canção”
- Ala 17 – Brilho – Nos Cafés de Paris
– A fantasia inaugura o setor dedicado a Edith Piaf. Foi nos charmosos
cafés da Cidade Luz que a cantora fez suas primeiras apresentações,
acompanhando o pai, um artista circense. Com o predomínio das cores
da bandeira da França – azul, vermelho e branco – esta ala traz no resplendor
uma Torre Eiffel estilizada, com garrafas e taças de champagne nos ombros
dos componentes.
- Ala 18 – Arranco – Acalanto na Guerra
– Em meio às trincheiras e ao triste som de tiros e bombas da guerra,
a voz emotiva de Piaf serviu como acalanto aos soldados, tornando-se
símbolo de uma época. A fantasia traz espingardas disparando flores
e notas musicais em meio à bandeira francesa.
- Ala 19 – Comunidade III - La Vie En
Rose – A ala de comunidade da Viradouro traz um clássico da música
francesa, “La Vie Em Rose”. Na voz de Piaf, a canção alcançou sucesso
internacional, e tornou-se um dos grandes momentos dos musicais “Piaf
– A Vida de Uma Estrela da Canção” e “Bibi Canta e Conta Piaf”.
- Alegoria N° 6 – Bibi canta Piaf
Na cidade
luz, Piaf cantou e encantou a todos com sua voz inconfundível. Sua figura
frágil e rosto de expressões tristes foram revividos magistralmente
por Bibi Ferreira, considerada por muitos críticos uma das únicas atrizes
capazes de reviver toda a dramaticidade de Piaf.
Na frente
da alegoria, há a reprodução de um café parisiense. No centro, uma grande
rosa, lembrando a canção “La Vie Em Rose”. Nas laterais, gramofones
ornamentam o cenário tipicamente francês e ao fundo, edificações e monumentos
destruídos pela a guerra.
6º Setor - Bibi canta Amália
“Em uma noite de esplendor
Amália foi a sua inspiração”
- Ala 20 – Teatral – Galo de Barcelos
– Um dos símbolos de Portugal, o Galo de Barcelos desfila na Sapucaí
com suas cores fortes e formas peculiares para reviver a maior dama
da canção portuguesa: Amália Rodrigues.
- 2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
– A fantasia do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira
é inspirada em trajes típicos portugueses e traz as cores da bandeira
lusitana, bem como as estampas peculiares do artesanato do país.
- Ala 21 – Crianças – Legado de Amália
– Amália Rodrigues revelou ao mundo a força da canção portuguesa. Os
fados por ela interpretados encontraram abrigo em cada um que se encantou
com o som das guitarras harmonizadas com a sua voz dramática. Gerações
se sucedem e sua música se mantém viva no coração lusitano.
- Ala 22 – Arco-Íris - Acordes Portugueses
– Amália fez do fado sua oração. Dizia ela: “o fado sente-se, não se
compreende, nem se explica. O que interessa é sentir o fado”. Daí vem
a força de sua interpretação, que tanto impressionou Bibi Ferreira.
- Alegoria N° 7 – Bibi canta Amália
Vestida
em xales, Bibi incorporou Amália Rodrigues em mais uma de suas interpretações
inesquecíveis. No musical “Bibi Vive Amália”, a homenageada comemorou
seus 60 anos de carreira. Em mais esse desafio, ela mergulhou fundo
na alma e na interpretação da fadista, numa primorosa recriação do timbre
tão especial da voz de Amália Rodrigues.
Ao vermelho e branco da Viradouro é somado o verde, lembrando a bandeira
lusitana. A alegoria traz uma grande guitarra portuguesa ladeada por
peixes que lembram a intensa ligação de Portugal com o mar. Ao fundo,
Galos de Barcelos surgem em meio a azulejos.
7º Setor - O legado de Procópio
“E quando o Sol se põe
Desce uma estrela lá do céu
Vem reviver, ao seu lado, Bibi
O seu mais brilhante papel”
- Ala 23 – Bolo Doido – Nada mais
teatral do que o próprio carnaval, quando os foliões fazem das ruas
e salões o palco para os seus personagens. Uma legião de Clóvis embalada
pelo ritmo contagiante do samba entra na avenida para celebrar a união
entre a arte dos palcos e a arte das ruas no reinado de Momo.
- Ala 24 - Disse-Me-Disse - Comeddia
Dell’Arte e o Carnaval – Pierrô – A trilogia dos famosos personagens
da Commedia Dell´Arte desfila na Marquês de Sapucaí, onde o teatro e
o carnaval se unem para homenagear Bibi Ferreira.Tendo seu amor
desprezado pela colombina, o pierrô apresenta-se como uma figura romântica,
ao mesmo tempo triste e melancólica. Mas na grande inversão do carnaval,
o pierrô supera o abandono da amada e cai na folia com a Viradouro.
- Ala 25 – Raio de Sol da Madrugada –
Comeddia Dell´Arte e o Carnaval – Arlequim –Em tons de vermelho,
preto e dourado, o arlequim da Viradouro traz como alegoria de mão as
máscaras de tragédia e da comédia, elemento usado como fio condutor
em diversas fantasias para reafirmar o amor de Bibi às artes cênicas.
- Ala 26 – Comunidade IV - Comeddia Dell´Arte
e o Carnaval – Colombina – Uma das fantasias mais populares no carnaval,
a colombina é cortejada pelo astuto arlequim e pelo ingênuo pierrô,
formando o triângulo amoroso mais conhecido da história do teatro.
- Alegoria N° 8 – O legado de Procópio
Procópio
Ferreira, certa vez, do alto do seu talento, profetizou: “Através de
você, Bibi, viverei duas vezes”. Imortalizado nos palcos, o ator transmitiu
a sua filha todo o amor e dedicação ao teatro, ensinando-lhe o valor
e a importância da sagrada arte de representar. O legado deixado pelo
ator, reverenciado e aclamado até hoje, revive em Bibi.
E é
nesta última alegoria que desfila a grande homenageada. Ao centro do
carro, ela representa uma grande colombina, ladeada por esculturas de
um arlequim e um pierrô, complementando a imagem formada pelas alas
anteriores do abraço do teatro ao carnaval.
Entre muitas estrelas, surge a figura de Procópio para participar da
festa em homenagem à ilustre filha, orgulho de um país inteiro, senhora
de muitas artes aclamada nos palcos mundo afora. Chegou, enfim, o momento
do grande aplauso do público que participa da maior festa popular do
mundo. Um Gran Finalle para mais uma grande atuação da nossa diva. Bravo,
Bibi!!
- Ala 27 – Amigos de Bibi – Com
tantos anos dedicados à arte de representar, Bibi Ferreira conseguiu
reunir um elenco estrelar de amigos, que estão na avenida para celebrar
o talento e arte da homenageada. Cada componente desta ala traz o nome
de alguma personalidade teatral, evocando a participação destes mestres
que fizeram brilhar mais forte as luzes da ribalta na alma de Bibi Ferreira.
- Ala 28 – Compositores
- Ala 29 – Velha Guarda

Bibliografia:
- BARCELLOS, Jalusa. O Mágico da Expressão
– Procópio Ferreira. Funarte: Rio de Janeiro, 1999.
- BERTHOLD, Margot. História Mundial
do Teatro. São Paulo: Perspectiva, 2001.
- CERVANTES SAAVEDRA, Miguel de. O Engenhoso
Fidalgo D. Quixote de La Mancha. Editora 34: São Paulo, 2002.
- DUCLOS, Pierre. Piaf. São Paulo:
Ed. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 1998.
- EURÍPEDES. Medeia.Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2001.
- MOLIÈRE. Gigantes da Literatura Universal.
São Paulo: Editora Verbo, 2000.
- PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro.
São Paulo: Perspectiva, 1999.
-
PONTES, Paulo, BUARQUE,
Chico. Gota D’Água. Ed. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro,
1999.
Internet:
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