FICHA TÉCNICA 1995

 

Carnavalesco     Joãosinho Trinta
Diretor de Carnaval     Dejahyr dos Santos
Diretor de Harmonia     Guilherme Nóbrega
Diretor de Evolução     Guilherme Nóbrega
Diretor de Bateria     Mestre Paulinho de Pilares
Puxador de Samba Enredo     Rico Medeiros
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     André de Souza (Andrezinho) e Patrícia Gomes de Souza (Patrícia)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Eduardo da Silva (Bicudo) e Ana Paula Pereira do Carmo (Ana Paula)
Resp. Comissão de Frente     Helcio Osni Paschool Dias (Wilsão)
Resp. Ala das Baianas     Nilza Queiroz de Oliveira
Resp. Ala das Crianças     Não Possui

 

SINOPSE 1995

O Rei e os três espantos de Debret

            O Rei é D. João VI. Em 1808, toda a Corte Portuguesa ameaçada por Napoleão, foi transferida para o Rio de Janeiro. Funda-se o novo Reino de Portugal, Algarve e Brasil. Em 1816, o Rei providenciou a formação de um grupo de artistas franceses para implantar artes eruditas nas terras brasileiras. É organizada, então, a famosa “Missão Francesa”. Entre outras personalidades, destaca-se a figura de DEBRET, professor de Pintura Histórica. Veio com a finalidade de ensinar sua arte e também fundar a Escola de Belas Artes. Aqui chegando, DEBRET documentou, principalmente em aquarelas, tudo o que viu no Rio e nos outros Estados. Começou pintando a natureza, flores, frutos e, sobretudo, os costumes dos índios, negros e brancos. Este trabalho toma-se mais importante pela sua pesquisa. É uma documentação valiosa sobre a História do Brasil-Império.
            Depois de um longo tempo de trabalho, DEBRET volta à França e em Paris publica os três volumes de sua obra “A Viagem Pitoresca e Histórica do Brasil”. DEBRET era um pintor completamente envolvido com o Romantismo Francês. Sua visão sobre o Brasil não poderia deixar de ser romântica. Esta situação de misturar sentimentos com realidade permitiu, ao carnavalesco, urna ampla liberdade de criar o enredo ‘O REI E OS TRÊS ESPANTOS DE DEBRET”.
            Que enredo é este? O Rei, já sabemos quem é. DEBRET conhecemos sua vida e suas obras. E os três espantos?
            Vamos por ordem.
            Conforme DEBRET mesmo confessa em suas anotações, ao aqui chegar, vindo de uma Europa civilizada, ele levou um grande espanto. Jamais tinha visto florestas virgens, nem terras com tanta riqueza mineral, vegetal e animal. Nem o radioso Sol tropical.
            Admirou-se, sobretudo, vendo o índio, o negro e o branco na mistura de raças. Esse primeiro espanto é história com “h” e está baseado na obra de DEBRET. É a primeira parte do enredo. O Pitoresco e o Histórico.
            E o segundo espanto’? Bem, este já é estória com “e”.
            Invenção e criatividade carnavalesca que o Carnaval é para isto mesmo. Então, vejamos: O tempo passou depois que DEBRET saiu do Brasil no século XIX. Foi descansar no Céu, ele merecia. Em nossa época a alma de DEBRET voltar a reencarnar na sua querida França. E, na bela e imponente Paris dos dias atuais, acontece o segundo grande espanto deste Homem que renasceu com o espírito de DEBRET.
            Ao ler os jornais, revistas e ver a televisão este Homem fica chocado, ao saber das notícias do Brasil que só falam de matanças de índios, crianças, devastações de florestas e outras calamidades. Somente isto. Nada de bom e noticiado. Como um simples cidadão, mas, tendo na alma as lembranças de sua vida anterior, passada no Brasil, este Homem resolve vir ao nosso país. Quer saber a verdade pessoalmente. Chegando ao Rio de Janeiro, vê que muitas coisas mudaram. Algumas das notícias que lia nos jornais e via nas Tv’s, eram verdades. Mas o Brasil é muito mais que apenas calamidades. O Brasil é uma grande potência com desigualdades na sua evolução. DEBRET respira aliviado. Fica um pouco atordoado ao ver nas ruas do Rio aqueles mesmos vendedores que existiram no século XIX. Com mudanças incríveis. No lugar do vendedor de peru, cerâmica ou flores naturais, agora, os vendedores chamados de camelôs vendem eletrodomésticos, radinhos de pilha, relógios, flores de plásticos etc. Sua cabeça fica mais aturdida quando vê a nova moeda o Real.
            Lembra-se do Brasil-Império. Vê camelôs com roupagem de nobreza. Muitos são diplomados em Direito, Medicina, etc. Encontra o povo reagindo com as mazelas do país. Sente grandes mudanças, e é envolvido por uma estonteante euforia. O povo vibra com as nossas vitórias em muitos esportes internacionais. É a garra de uma juventude que transformará esta nação. Prenúncio de uma nova civilização no alvorecer do terceiro milênio. Ainda ouve-se, no ar, a voz de 160 milhões de brasileiros gritando: BRASIL, BRASIL, BRASIL. É CAMPEÃO, CAMPEÃO! É de arrepiar. DEBRET fica emocionado. A imagem do Brasil está resgatada.
            E o terceiro espanto? Aconteceu no carnaval. Este turista francês com a alma de DEBRET, não poderia perder o maior espetáculo da Terra. Foi para a arquibancada da Marquês de Sapucaí assistir ao desfile das Escolas de Samba. Maravilhou-se com todas. Mas faltava a última, como chave de ouro desta grandiosa festa. O coração daquele turista francês, palpitou mais forte quando percebeu pelas alegorias, figurinos e samba que esta vibrante e bela Escola falava dele. Falava de DEBRET e sua extraordinária presença no Brasil no século XIX. Aquele simples Homem comoveu-se até as lágrimas quando lhe traduziram a letra do samba que dizia:

“Vai raiar o dia
o meu terceiro espanto aconteceu
eu sou DEBRET... A minha arte é fantasia
Explode VIRADOURO... O CARNAVAL SOU EU.”

Joãosinho Trinta

 

SAMBA ENREDO                                                1995
Enredo     O Rei e os três espantos de Debret
Compositores     José Antônio, Gonzaga, Olivério, Rico Medeiros, Wilsinho, Fabino, Portugal, Bernardo, Gilberto e João Sergio
Que felicidade!
Eu vim da França convidado pelo rei
Eu trouxe a arte e me espantei maravilhado
Quando aqui um paraíso encantado encontrei
Índios, brancos e negros
Em harmonia racial
Realçando a natureza deste país tropical

Todo encanto em poesia, oi...
Traduzi nos meus painéis (eu pintei)
Pintei, bordei, aquarelei
Coloquei amor nos meus pincéis

Iluminado parti
No céu fui descansar
tempos depois em Paris renasci
Um triste espanto me fez lamentar
Notícias más, de homens maus
Perturbando a paz, criando o caos...
Voltei, o que havia?
Desigualdades da evolução
Quanto um grito de alegria
Prenuncia a nova civilização
Brasil, Brasil, Brasil,... ô ô
É campeão!!! É campeão!!!

Vai raiar o dia
O meu terceiro espanto aconteceu
Eu sou Debret, a minha arte é fantasia
Explode Viradouro, o carnaval sou eu