FICHA TÉCNICA 2012

 

Carnavalesco     Raphael Homem e Regis Kammura
Diretor de Carnaval     Renato Jerônimo
Diretor de Harmonia     Valdinês Oliveira
Diretor de Evolução     Valdinês Oliveira
Diretor de Bateria     Mestre Leo
Puxador de Samba Enredo     Maurício Poeta, Diogo e Douglas do Banjo
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Roberta Freitas e Luiz Augusto Felipe
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Viviane Oliveira e Ewerton Anchieta
Terceiro Casal de M.S. e P. B. (Mirim)     Maria Clara de Sousa e Gabrielzinho de Sousa
Resp. Comissão de Frente     Renato Lima
Resp. Ala das Baianas     Zuleika Maria de Oliveira
Resp. Ala das Crianças     Sandra, Iná, Tanã e Antônia
Resp. Galeria de Velha Guarda     Maria de Lurdes Barbosa (Tia Lurdinha)

 

SINOPSE 2012

Do reino do sol ao Bairro Imperial - Feira de São Cristóvão:
O Nordeste é aqui!

Justificativa:

 “O sertão é do tamanho do mundo
                                  João Guimarães Rosa

 “[...] Mas esse Nordeste de figuras de homens e de
 bichos se alongando quase em figuras de El Greco
 é apenas um lado do Nordeste. O outro Nordeste.
 Mais velho que ele é o Nordeste de árvores gordas,
 de sombras profundas, de bois pachorrentos,
 de gente vagarosa e às vezes arredondada quase
 em sanchos-panças pelo mel de engenho, pelo
 peixe cozido com pirão, pelo trabalho parado e
 sempre o mesmo, pela opilação, pela aguardente,
 pela garapa de cana, pelo feijão de coco[...]

                                                                   Gilberto Freyre

Introdução:

           Falar de Nordeste é sempre um desafio. Não apenas por sua riqueza cultural, mas por todas as lutas que nos foram ensinadas na escola. A história que vamos contar foge ao olhar estrangeiro, do semiárido, dos cactos e ossadas de animais. E mergulha na essência de fibra, boas vibrações e entusiasmo do seu povo.
           Nesse sentido, o uso da licença poética nos cabe não como fuga, mas como possibilidade única: não há como falar de um lugar tão mágico sem fazer uso da magia, do encantamento.
           O melhor do nordeste é o seu povo: no que acredita, como fala, como dança, o que come, o que veste. É dessa forma que conseguimos traçar as diferenças e descobrir que no fundo, somos todos iguais. Iguais nas diferenças.
           A homenagem à diáspora nordestina no Rio de Janeiro será apresentada como um cordel lúdico, focando o olhar para os aspectos positivos que há muito são esquecidos por quem está de fora.
           A epopeia do surgimento da Feira tem seus pontos factíveis, mas adoçados com o mel das boas contações de história dos mais velhos: bem mais próxima do imaginário popular. O prisma escolhido para o desenvolvimento do enredo não foi apenas da apresentação do que a Feira nos oferece, mas de (re)contarmos a sua origem, de uma forma diferente, sem fazer uso de representações que remetam aos clichés estabelecidos para o nordeste, que acabam invariavelmente caindo sobre os aspectos negativos.
           Usamos o “Reino do Sol” como alegoria para definir o nordeste justamente, por cada nordestino carregar o seu próprio astro e como vemos por aí, brilha por ele próprio e enche de calor quem está em volta. O sol aqui não castiga, mas dá vida e vigor; clareia e aquece os corações.
           A Feira de São Cristóvão é o local de encontro de todas as auras, numa conexão de energias que só quem já foi visitar pode entender. É, portanto, o segundo Reino do Sol. Como um descanso numa boa rede; o sabor de uma tapioca; as cores dos tecidos: o nordeste está em casa, recebendo como anfitrião os cariocas e visitantes do mundo inteiro.
           Como Gilberto Freyre, queremos mostrar um outro nordeste, diferente do que estamos acostumados a ver. Por isso “Do Reino do Sol ao Bairro Imperial – Feira de São Cristóvão: O Nordeste é aqui” foi escolhido como enredo.

O desfile da Unidos da Villa Rica está dividido em três setores

           Conta-nos os registros oficiais que a vinda dos nordestinos para o Rio de Janeiro na década de 1940 se dava ao fato de terem emprego certo na construção civil.

1º Setor – O Reino do Sol – Uma visão do nordeste pelo nordestino

           O Rei Sol recebe através de sonho a missão dada por Nossa Senhora Aparecida de construir um segundo Reino fora do Nordeste. Acatado o pedido, toda a corte vai de encontro aos súditos, que vestidos para festa, recebem a notícia de que partiriam em busca de novas terras.
           Como elementos de verossimilhança, dispusemos de alegorias-chave: o fato de partir de sua terra e o uso da “construção”, que aqui será do segundo reino, simbolizando a possibilidade de “ganhar a vida, conquistar espaço”.
           A figura de Nossa Senhora Aparecida foi escolhida como forma de representar a religiosidade do Nordestino. É na fé que os nordestinos embasam suas conquistas. Sempre acreditando, confiando e indo.
           Podemos dizer que a figura do Rei Sol seja a representação do destino. Não o derradeiro, mas o responsável pela construção. Aquele que aponta o caminho, que predestina e que encoraja.
           Todas essas peças se encaixam no que o nordestino acredita de si: destemido, valente, forte, imponente. Cada um carrega em si um reino próprio.
           E o seu povo, mediante ao cenário tão bom, vem vestido para festa para receber as instruções do Rei. Alagoas com o seu Reisado; Ceará representado pelo Toré; Piauí pela Zabelê; os Caboclinhos do Rio Grande do Norte; os Marinheiros da Paraíba; A força do Axé da Bahia dos Filhos de Gandhi; os Cacumbis de Sergipe; os Caboclos de Lança de Pernambuco e o Bumba  Meu Boi do Maranhão.
           Representações peculiares dos nove estados do Nordeste Brasileiro, cada qual com suas características tradicionais, muitas vezes desconhecidas por quem não é do lugar. Cada uma foi escolhida de forma emocionar quem é de cada estado, resgatando a memória afetiva dos que são de lá, criando a sensação de “estar se vendo” no desfile. E cada qual carrega para a missão suas principais armas: a força da união, da cura, da energia da natureza etc.
 Dessa forma, o primeiro setor do desfile se configura como uma visão do nordeste pelo próprio nordestino.

           Contam-nos alguns registros que a chegada dos nordestinos era através de caminhões pau-de-arara, que faziam ponto final no Campo de São Cristóvão.
           Ao desembarcarem, eram recebidos com festa por seus parentes e amigos, que além de matar a saudade, iam buscar suas encomendas. Todo o excedente era vendido. Daí surge a feira dos nordestinos, nas imediações do Campo de São Cristóvão.
           Em 2003 a feira passa a ocupar o Pavilhão de São Cristóvão, recebendo o nome de Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas.

2º Setor – A chegada ao Bairro Imperial

           Encantados, os súditos chegam a uma terra predestinada, por ter já abrigado um Reino. São Cristóvão é conhecido como “Bairro Imperial” por ter servido de moradia à Família Real Portuguesa.
           Ao contrário do que diz a História, nossos aventureiros vieram felizes a cantar com zabumba, triângulo e sanfona – o tradicional trio - a festejar a expansão de suas conquistas. Encontraram os retirantes que no Rio de Janeiro já estavam e foram recebidos com festa.

           O segundo setor representa o momento de chegada, do encontro, que tem uma função peculiar na narrativa: fazer a conexão entre o recebimento da missão e a construção do segundo Reino do Sol.

3º Setor – O surgimento da Feira de São Cristóvão – Uma visão “estrangeira” sobre o Nordeste

           De suas malas saíram a sua cultura e a saudade. Então, o carioca é convidado a participar desse festejo e passa a conhecer elementos que são referência do nordestino: comida, dança, música, artesanato, renda, cordel, roupas e acessórios de couro; elementos que são referência para um olhar “de fora”.
           Esses elementos, além de simbolizarem a porção de cultura que o nordestino trouxe para o Rio de Janeiro, representam os produtos que são comercializados na Feira.
           Mas, ao invés de mostrarmos simplesmente o lado mercantilista, apresentaremos a sua essência: cada pedacinho de cultura que o nordestino trouxe consigo, na mala e no coração. Do que a Feira é formada, por princípio e vocação.
           A Feira se expandiu e hoje recebe cerca de 250 mil visitantes por mês. Mediante disso, não há como dizer que realmente não foi criado um segundo Reino do Sol no Rio de Janeiro.
           A Feira é uma junção de sabores, aromas e de gente, que prova a unidade do Brasil enquanto nação: somos frutos de uma mesma pátria. E a diversidade é a nossa principal característica.
           É um lugar, desde a sua origem, de encontros. Do Nordestino com seu conterrâneo, do carioca com o nordestino. Do Brasil consigo mesmo.
           Ao visitar a Feira, mediante toda essa mágica, não há como não lembrar da Asa Branca do Mestre Gonzagão, assegurando que vai voltar, meu coração.

           Assim como Gilberto Freyre pensava, mostraremos a multiplicidade do Nordeste. Sua riqueza, sua complexidade. Numa história meio fantasiosa, com começo, meio e fim, como uma boa literatura de cordel deve ser.

Sinopse:

A história que agora vou contar
É de um bonito lugar
Lá no canto, no nordeste do enorme Brasil

Uma terra de gente contente
Que vive sorrindo, mostrando os dente
E o Sol vive sempre a brilhar

E por isso, é chamado de Reino do Sol...

É pura poesia o seu arrebol
Que todo o seu povo vive a cantar:
- Viva o Rei Sol que nos alumia! Viva o Rei Sol!

Num dia, com toda a corte veio anunciar
Um sonho esquisito precisava contar
De uma missão que ia se dar

A missão dada era de uma ida
Obra Divina, da Senhora Aparecida
Que outra instância seria construída
Que a vida do Reino assim seria difundida

E então, todos os súditos vieram pra ver
Que prosa era aquela que se ia acometer
E ficaram felizes logo ao saber

E se ajuntaram gente da Bahia
Maranhão, Sergipe, Alagoas, Piauí, Paraíba
Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará
Todos festivos foram se apresentar

E o lugar escolhido para o segundo Reino
Ninguém conhecia, a num ser por correio
Que o primo que foi enviou um postal

Na cidade que se achegaram todo mundo é maneiro
Todos se encantam com o Rio de Janeiro
Prepararam o trabaio com bastante anseio

O lugar escolhido era predestinado
Pois já tinha abrigado um antigo reinado
De coroa portuguesa, que na escola já tinham falado

E em São Cristóvão todos se estabeleceram
Para construir vida nova todos eles creram
Da mala saiu só cultura e saudade...

E a saudade que apertou como que a moléstia
Fez que fizessem pra receber os povo uma grande festa
Se misturando aos cariocas com bastante modéstia

E a festa foi que se transformou numa feira
Foi logo crescendo, plantaram bandeira
No meio do campo, debaixo da soleira

E assim, no passo a passo, os cariocas conheceram
Suas comida, seus doce e as roupa provaram
O arrasta-pé, baião, xote e xaxado dançaram
E assim, a feira foi crescendo....

Um jeito de falar e ser diferente
Encantou todo mundo quase que num repente

E assim, a cultura do Reino do Sol se espaiou
O Rei estava certo, ele não delirou
O segundo Reino no Rio se instaurou

E a Feira é uma prova infalível
Que o Brasil é diverso, e unido invencível
E todos se gostam, sem fazer de difícil

Quem vai à Feira de São Cristóvão quer voltar sempre
É pura mistura de cultura, de gente
Um lugar que não se pode deixar de visitar...

Você quando vai sente vontade de copiar um baião
Do cancioneiro do Mestre Gonzagão
Vou te dar a cola, preste muita atenção:

"Eu te asseguro
Não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração"

          Essa é uma homenagem da Unidos da Villa Rica ao maior Centro de Tradições Nordestinas do Brasil e ao centenário do Mestre Luiz Gonzaga.

Raphael Homem e Regis Kammura

Referências Bibliográficas:

  • Nordeste – Gilberto Freyre, 2009. Global Editora.

  • Dicionário do Folclore Brasileiro – Luís da Câmara Cascudo, 1989. Ed. Ediouro

  • Jornal da Feira de São Cristóvão – 2011.

  • Folclore do Brasil – Misabel Pedroza, 2002. Ed. TVJ

  • Grande Sertão: Veredas – João Guimarães Rosa, 2001. Ed. Nova Fronteira

  • Etsedron – O avesso do Nordeste – Walter Mariano

  • São Cristóvão: Memória e Esperança – Helio Brasil, 2004. Ed. Relume Dumará

  • www.feiradesaocristovao.org.br

  • www.onordeste.com

  • www.fundaj.gov.br

Roteiro do desfile:

Nome da Fantasia

Nome da ala

Descrição

Responsável pela ala

1° Setor: O Reino Do Sol – Uma visão do Nordeste por ele próprio

           Nesse setor será apresentado o Reino do Sol: uma visão do nordestino sobre ele próprio. Sua força, sua religiosidade e suas principais manifestações culturais estão aqui retratadas.
           Será representada a primeira etapa da epopeia nordestina: o sonho, o anúncio e o acatamento da missão de construir um novo Reino fora do Nordeste.

1º Tripé (“Pede-Passagem”): Coroa Real
           A coroa do pede-passagem tem dupla função. Símbolo da Villa Rica, ela veste-se à caráter para representar, além da Escola, o Reino do Sol, o Nordeste, que irá desfilar em seguida. Funcionará como um teaser, um anúncio do que está por vir.
Comissão de frente: A Corte do Reino do Sol
          O Rei Sol e a Corte Real saúdam todo o público e jurados e apresentam a Villa Rica com a história que será contada. O Rei se prepara para anunciar a missão dada aos seus súditos: a construção do segundo Reino do Sol fora do Nordeste.
A figura do Rei Sol simboliza o caminho, a luz que guia os nordestinos na vinda para o Rio de Janeiro, além do caminho do desfile em toda a Intendente Magalhães.
1° Casal de Mestre- Sala e Porta-Bandeira: O Sol brilha eternamente em terras nordestinas
           A força do brilho do sol que ilumina o Nordeste hoje clareia o símbolo maior da Villa Rica: o seu pavilhão.

01

Sua Proteção, Advogada Nossa. Baianas A fé do nordestino. Nossa Senhora Aparecida concede, abençoa e protege na missão dada a seus filhos: é preciso construir para vencer. Essa fé é que segura, fortalece e encoraja.  
02 Anjos Mensageiros   À frente da ala das Baianas como guardiões, Anjos Mensageiros garantem a integralidade da mensagem dada pela Padroeira. São eles que garantem a comunicação entre o Reino do Sol e o Paraíso.  

1ª Alegoria (Abre-Alas): O Reino do Sol
           Não há nada mais suntuoso num reino do que o castelo. Além da alusão direta ao Reino, o castelo simboliza a fortaleza dos nordestinos. Como se cada um fosse um tijolo que ergue a edificação. É lá que os súditos recebem a missão de sair em busca de novas terras, novas conquistas.
           O jegue, animal de força e persistência, símbolo do nordeste, também está nesse carro.
           No Reino do Sol, não há outra flor mais apropriada do que o girassol.
           Os figurinos desta alegoria remetem à força e ao brilho do sol.

03 Guerreiros de Alagoas   Os súditos de Alagoas vestiram-se de Guerreiros do Folguedo Natalino, com uma igrejinha na cabeça. Esse chapéu é típico do estado.  As embaixadas ditas são referentes às mensagens de união e prosperidade. Esses sentimentos que os súditos de Alagoas levam para a jornada.  
04 Axé, Bahia!   Da Bahia, todo o axé dos Filhos de Gandhy em traje típico de festa. Com muita alegria, vêm pregando a paz e a harmonia na caminhada.  
05 Lanças de Pernambuco   Os Caboclos de Lança são personagens típicos do carnaval de Pernambuco. A lança representa a força, tanto que em algumas cidades, são conhecidos como Guerreiros de Ogum. E a força de sua lança que eles carregam na caminhada para a construção do segundo Reino do Sol.  
06 Marinheiros da Paraíba   Folguedo Tradicional da Paraíba, o Cavalo Marinho da Paraíba tem inspiração na commedia dell’arte. O personagem principal, o Capitão Marinho, denuncia as diferenças sociais entre escravos e senhores de engenho... E com esse espírito de justiça que os súditos da Paraíba vão para a sua jornada  
07 Zabelê do Piauí   “Minha sabiá
Minha zabelê
Toda meia-noite eu sonho com você
Se você duvida, eu vou sonhar pra você ver” Zabelê - Gilberto Gil
Ave originária do Piauí, a Zabelê ganhou uma lenda indígena de amores impossíveis e a sua dança.  As cores do figurino, marrom e bege, remetem às cores originais da ave. Os súditos do Piauí carregam a força do amor para novas conquistas.
 
08 Caboclinhos do Rio Grande do Norte   Os caboclinhos do Rio Grande do Norte, em particular, são bem diferentes: seu bailado possui maior vibração e alegria, não utilizam o arco-e-flecha como instrumento de guerra, mas para dar ritmo às danças, e não restringem suas apresentações ao período de carnaval. Essa vibração que os súditos do Rio Grande do Norte levam para o seu destino.  
09

Toré do Ceará

  O Toré é uma dança indígena da região do Pitaguary, no Ceará, que se inicia com os participantes dando as mãos e formando um grande círculo, como numa "corrente" de oração. Aqueles que dançam seguem os comandos dos chamados “puxadores” de Toré, geralmente o cacique ou o pajé.  A força dessa dança é tamanha, que segundo reza a lenda, se dançar Toré debaixo de uma árvore, faz chover. É essa força que os súditos do Ceará carregam em sua jornada.  
10 Cacumbis do Sergipe   Dança de origem dos africanos da etnia banto, tem o som e os passos fortes, marcados pelo mestre.  A roupa em tons de amarelo e decoração com fitas são suas principais características. A energia de sua dança é o que os súditos do Sergipe levam para a epopeia.  
11 Bumba, meu Maranhão!   Numa fazenda de gado, Pai Francisco mata um boi de estimação de seu senhor para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, que quer comer língua. Quando descobre o autor do sumiço do animal, e obriga Pai Francisco a trazer o boi de volta. Curandeiros fazem o boi ressuscitar. Todos participam de uma enorme festa para comemorar o milagre.
A energia da cura é que acompanha os súditos maranhenses.
 
2° Setor: Chegança e Encontros

           O segundo setor está marcado pelos encontros: dos súditos do Reino do Sol com os retirantes que aqui já estavam e deles com os cariocas. É o que antecede o surgimento da Feira de São Cristóvão. O início do surgimento do Segundo Reino do Sol.

2º Tripé: Chegança em novas Terras
           E os súditos do Reino do Sol chegam em novas terras, em busca do seu objetivo: construir o segundo Reino em terras distantes. Chegam felizes a cantar, ao som de zabumba, sanfona e triângulo – Um tradicional trio – o suficiente para garantir a boa música e a festa.

12 O Reino do Sol encontra o Bairro Imperial   O lugar de chegada dos súditos não poderia  ser outro a não ser São Cristóvão: o lugar já era predestinado. Há muito tempo conhecido como Bairro Imperial, já abrigara a Família Real Portuguesa. O figurino representa a junção do Reino do Sol com o Bairro Imperial.  

2° Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: O casamento da Quadrilha
           Como toda boa quadrilha Junina, o casamento é o momento mais esperado. O figurino do casal representa este momento nos festejos de recepção aos súditos do Reino do Sol.

13 Festa do Reencontro   Pela saudade que apertava como que uma moléstia, para receber os chegados do Reino do Sol, os retirantes que aqui já estavam, fizeram uma festa. E essa festa será representada por uma quadrilha.  
3° Setor: A Feira de São Cristóvão – Uma visão “estrangeira” sobre o nordeste.

           Chegados, os nordestinos abrem suas bagagens e suas culturas vêm à tona. Esse setor representa os elementos com que os nordestinos são conhecidos no Rio de Janeiro. O contato dos Súditos com os cariocas faz com que a Feira se forme e ganhe força. A missão será cumprida: O segundo Reino do Sol será erguido!

3° Tripé: E na mala trouxeram sua cultura e a saudade
           A alegoria representa o que de mais importante o nordestino trouxe consigo: a disseminação de suas culturas. Quando os súditos chegam a São Cristóvão e são recebidos com festa, abrem suas malas de onde saem seus bens mais preciosos. A saudade de quem ficou no Reino também está ali guardada. É preciso ter força para construir. Sempre avante, Nação Nordestina!

  Cirandeiros Passistas Ciranda, ou dança de roda, é uma das manifestações culturais nordestinas mais emblemáticas. Assim como a dança dos passistas, as coreografias são individuais, ao ritmo da música. À frente da ala, Ione Karr representa a mestra, que direciona a dança.  
  A arte feita à mão Bateria Assim como os artesãos, a bateria encanta a todos com a sua arte feita a mão. Quem nunca se encantou com os bonecos de barro de Mestre Vitalino? São eles que representam todo o artesanato nordestino na visão dos cariocas.  
  O Nordeste dá no Couro   O Nordeste é conhecido como a “civilização do couro”. Material barato e durável, é o preferido do nordestino para a confecção de roupas e acessórios.  

3° Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira (Casal Mirim): Brincadeiras Infantis
           Carrinho, pião, boneca de pano... o artesanato também serve para brincar! E aos Nordestinos agradecemos pela tradição mantida até hoje!

  Pé-de-Moleque Crianças Doce mesmo é ser criança! E o doce nordestino que até no nome remete aos nossos áureos tempos é o “pé-de-moleque”.  
  Comida Nordestina   No Rio de Janeiro a figura emblemática relacionada à comida nordestina é a da Baiana. Através dela, homenageamos todas as quituteiras nordestinas!  
  Música Nordestina Compositores Homenageamos todo o complexo musical nordestino.  
  Cordel   Elemento literário de maior identificação com o nordeste, o cordel representa a crônica da vida nordestina, sempre com assuntos atuais e muito bom humor.  
2ª Alegoria: A Feira de São Cristóvão – O segundo Reino do Sol se ergue
           E o Rei estava certo, ele não delirou. Surge o segundo Reino do Sol. A missão está cumprida. O carro representa a Feira -  Seus produtos, seus personagens  - desfilando na Intendente Magalhães. Ao contrário do que ocorre, a Feira que vai até às pessoas. Nesse carro também homenagearemos Luiz Gonzaga, que dá nome à Feira e por seu Centenário. O layout do carro foi concebido para remeter (indiretamente) a um outro castelo, fazendo alusão ao fato da Feira de ser o segundo Reino do Sol.
           Os figurinos da alegoria representam os feirantes, os personagens e os dançarinos da Feira.
  Asa Branca Velha-Guarda Quem vai à Feira, quando vai embora sente vontade de copiar o baião do mestre Gonzagão: “Eu te asseguro/ Não chore não, viu?/ Que eu voltarei, viu?/ Meu coração” – Um trecho de “Asa Branca”.  

 

SAMBA ENREDO                                                2012
Enredo     Do reino do sol ao Bairro Imperial - Feira de São Cristóvão: O Nordeste é aqui!
Compositores     Pato Roco,  Dudu Cantão, Rico Bernardes, Rafael Mikaiá, Cacau e Edinho

Sob a luz do sol que alumia
Um recanto de beleza singular
De um povo valente e sonhador
Que feliz nasceu para versar
Com a benção assim concedida
Segue a corte em sua missão
Toca esse fole sanfoneiro
Pra saudade levar no coração
Do repente nasce a poesia
E um novo reinado então surgia

É dia de festa, sou rei !
Não chores não, pois um dia eu voltarei
A padroeira, eu peço proteção
Vamu simbora no compasso do baião

Oh mainha!
Desembarquei em uma terra fascinante
Encontrei retirantes
Vi num sorriso o meu traço cultural
No doce paladar veio a lembrança
Do xote, xaxado, danado de bom
Sou cabra da peste...
Vim do Nordeste, pra ser feliz
Nas asas brancas de um sonhador
Em São Cristovão cultivei minha raiz

Vem nesse gingado, meu samba é arretado
Vai te seduzir...
Sou Villa Rica, se avexe não
Sinta os acordes do meu coração