FICHA TÉCNICA 2007

 

Carnavalesco     Oswaldo Luiz (Deco) e Carlos André Wendos
Diretor de Carnaval     Comissão de Carnaval: Boni, Mario, Dewsdit, Luciano, Sonia, Miltinho, Helder
Diretor de Harmonia     Comissão Harmonica: Ala dos Compositores e Comissão de Carnaval
Diretor de Evolução     Comissão Harmonica: Ala dos Compositores e Comissão de Carnaval
Diretor de Bateria     Marcos Preto
Puxador de Samba Enredo     Mauricio Poeta
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Alessandro e Janaína Miranda
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Rodrigo e Jeane
Resp. Comissão de Frente     Luiz Carlos “Bicão”
Resp. Ala das Baianas     Jorginho
Resp. Ala das Crianças     Regina Maria do Amaral e Diva
Resp. Galeria da Velha Guarda     Benedita Veríssimo Dias (Dna. Bené)

 

SINOPSE 2007

Carukango

Antigamente, os orixás eram homens. Homens que se tornaram orixás por causa de seus poderes, de sua sabedoria, sua força e suas virtudes. Em cada vila, um culto se estabeleceu sobre a lembrança de um ancestral de prestígio. E, lendas foram transmitidas de geração em geração para render-lhes homenagem.

          No Òrun, o universo, e no Àyié, a terra, a luta dos negros contra as injustiças contou com corajosos guerreiros. E na nossa história, se destaca Carukango, o guerreiro feiticeiro que virou rio. Sua odisséia dá-se a partir de Moçambique,
          Em anos de intensa exploração Africana por Portugal, os dioulas africanos não paravam de trazer negros capturados no interior. Entre eles, estava um líder político, militar e espiritual de sua tribo: Carukango, chefe e feiticeiro, que fora emboscado, aprisionado, e vendido como escravo á traficantes que os trouxeram da África ao Brasil. O tumbeiro aportou na Ilha de Sant'anna para a quarentena. Nela, além dos cativos do Estrela de Macahé, muitos outros negros trazidos por outros tumbeiros, para serem vendidos em terras brasileira. Embora fosse coxo e meio corcunda, era um líder, um chefe e feiticeiro, e poderia agir como escravo, e servir de interlocutor entre seus donos e os demais cativos. Porém, Carukango não atendeu às expectativas de seu novo dono, sequer aprendeu a "Língua Portuguesa", não abandonou suas crenças, estabeleceu liderança sobre os outros escravos da fazenda, resistiu ao trabalho com sabotagens e negligências, não havia castigos que o fizessem mudar.
          Carukango incentivou questionamentos, inconformismo e rebeliões, culminando em sua fuga e de outras dezenas de escravos. Os fugitivos evadiram-se para o cume das montanhas da Serra do Deitado, hoje, parte dos municípios de Macaé e Conceição de Macabu, em altitudes superiores a 600 metros, lá  encontraram um platô suficientemente grande para abrigar uma comunidade. Organizados em um trabalho coletivo, cooperativo, democrático e social; criaram um abrigo coletivo, implementaram plantações diversas, e aproveitaram a caça e a coleta local.
          O assentamento criou fama, outras fugas em massa ocorreram em diversas fazendas, os atritos entre proprietários e feitores contra os fugitivos, tornava-se cada vez mais intenso. Os ataques propiciaram grande número de fugas e saques, tornando o “quilombo” maior e cada vez mais forte; sendo Carukango identificado como líder.
          A localização e a engenhosa proteção de Carukango tornou este quilombo o maior da região, talvez do Rio de Janeiro, e quem sabe, um dos maiores do Brasil.
          Deu-se inicio a fortificação do Quilombo de Carukango.
          Percebendo as fraquezas militares de Cabo Frio, Macaé e arredores, acorreram em auxílio ao chefe do Distrito Militar da Capitania do Espírito Santo, o Coronel Antônio Coelho Antão, que partiu em socorro ao vilarejo de Macahé.
          Às milícias do Espírito Santo, juntaram-se as polícias de Campos, Macaé e Cabo Frio, além de populares de toda a região. Com ataques frustrados; As milícias, armadas a ferro e fogo, foram sucessivamente repelidas nos confrontos dentro das florestas e nas montanhas, especialmente por desconhecerem o terreno e não conseguirem surpreender os quilombolas.
          Todas as trilhas foram bloqueadas, as milícias fizeram sucessivos ataques com uso constante de armas de fogo, até que finalmente, atingiram o platô onde se localizava o quilombo. A batalha foi desproporcional, as milícias, bem armadas e numerosas, já iniciavam o massacre dos quilombolas, quando Carukango surgiu do interior da construção paralisando o confronto, sacou uma pistola de dois canos, disparando e matando o filho mais moço de Francisco Pinto, o seu comprador e escravizador no Brasil. Carukango foi linchado, massacrado e mais tarde esquartejado pelas tropas, e, os quilombolas que não foram massacrados, suicidaram-se atirando-se dos penhascos e furnas da região.
          A cabeça e partes do corpo de Carukango ficaram espetadas em estacas pelas estradas que se aproximavam da região, até que se decompusesse.
          Seu corpo a céu aberto, permitiu a liberdade que o guerreiro tanto desejava; onde a mãe natureza, utilizando-se dos poderes de Iansã a rainha dos ventos, soprou e derramou os seus restos, nas águas do rio que passava as margens da estrada onde ficou sua exposição. Foi nas águas do rio que a liberdade alcançou, indo ao mar para os braços carinhosos de Iemanjá, que o leva em suas “correntes”, de volta à mãe áfrica.
          O rio tranqüilo que desce da serra á caminho do mar, que me leva pra África, vou te nomear: Carukango é teu nome, guerreiro valente! Que virou orixá.

Oswaldo Luiz (Deco) e Carlos André Wendos

Fundamentado no projeto do professor Marcelo Abreu Gomes – INSG Castelo (Macaé-RJ)
Agradecimentos a Luciano de Freitas e Wilton Médici

 

SAMBA ENREDO                                                2007
Enredo     Carukango
Compositores     Leonardo Trinta, Everton César, Ricardinho e Leo Torres
Sobre um mar de sofrimento
Villa Rica navegou
Com seu grito de lamento
Negro se eternizou
Liberdade... uma estrela a brilhar
Esse líder feiticeiro
Não se deixou escravizar
Lá na serra do deitado, com seu legado
O quilombo se formou
Há de ser sempre lembrado
Pelo exemplo que deixou

E lutando, Carukango
Liderou sua nação
Almejando a Liberdade
Com bravura e emoção

Na batalha... entregou a própria vida
Os Quilombolas ressuscitam n`avenida
Têm na cor um grande orgulho
A negritude é a razão maior
Seu sangue derramou e Iansã soprou
Vai Carukango, envolvido em nosso manto
Pros braços de Iemanjá
Nas suas águas, com as bençãos de Oxalá
Um braço forte retornando para o lar

Oh! Mãe África
Venho aqui te exaltar
Em memória dos seus filhos
Salve nosso orixá!