FICHA TÉCNICA 1995

 

Carnavalesco     Sylvio Cunha
Diretor de Carnaval     Carlinhos Melodia
Diretor de Harmonia     Souza
Diretor de Evolução     Waldir 59
Diretor de Bateria     Mestre Luiz Carlos
Puxador de Samba Enredo     Sereno, Moisés e David do Pandeiro
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Marquinhos e Tidinha
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Jorginho e Sueli
Resp. Comissão de Frente     Walter Ribeiro
Resp. Ala das Baianas     Dona Zuleida
Resp. Ala das Crianças     Não teve

 

SINOPSE 1995

Deu pano pra manga

O que se teceu?

            Produto artesanal ou industrial que resulta da tecelagem de tios de lã, seda, algodão ou outra fibra natural, artificial ou sintética, e que é usado na confecção de peças do vestuário, além da tender a acentuar. antes de ocultar, a diferença entre os sexos.

Lã, seda, algodão, panos, fazendas ou telas

            Vamos contar sua história através dos séculos em todo o mundo. No Brasil sua história é recente, apaixonante e original.

Tecendo nas malhas do tempo

Origem:

            A arte de entrelaçar fibras e fios de qualquer natureza e formar tecidos para proteger o homem dos intempéries do frio, vem de urna era remota, dos homens primitivos, que aprenderam com as aranhas e suas teias de fios finíssimos, que formam uma espécie de rede elástica, um tecido utilizado para apanhar insetos.
            Passaram assim, a entrelaçar, entre si, diversas folhas e fibras, com facilidade; prestavam-se a isso e a formar os primeiros tecidos rudimentares.

Tecidos de fibra vegetal

Linho e algodão

            Os antigos egípcios já conheciam a arte de tecer, e bem. Demonstravam os panos que envolviam as múmias feitos de fios de algodão e de coloridos sóbrios. Aperfeiçoaram as técnicas de tecelagem do linho a 2000 anos antes de Cristo.
            Quando os persas conquistaram a Babilônia, as artes e indústrias estavam em pleno desenvolvimento, gozando de superior fuma, os panos de linho e algodão de fineza de cores, e suaves desenhos de ricos efeitos.

Tecidos de fibra animal

Seda:

            Vem do lindo país da cerejeira em flor.
            Era um monopólio chinês e suas produções eram exportadas através da Ásia Central, pelas estradas da seda, para Síria e Roma.
            Seu fio é o filamento que constitui o casulo da larva de um inseto, vulgarmente denominado “bicho da seda”.
            O império chinês encantou o mUndO Com seus vistosos e exóticos quimonos de seda, no cenário de ouro e sangue.

Lã:

            Utilizando-se do pêlo que cobre o corpo de certos animais, como o carneiro, a tecelã ocupava-se em fiar, reduzir a tio, e com suas mãos de fada, teciam lindos panos e faziam teias, usadas na confecção de peças de vestuário e outros.
            Feitos com a mão ou com agulhas de fabricação caseira, tornou-se conhecido na Europa desde o começo da Idade Média, iniciando-se a arte da fiação e tecelagem de fibra de forma rudimentar.

O tecido na mitologia

“Por baixo dos panos
Teia de Penélope

            Segundo a lenda grega, Penélope, mulher de Ulisses, permaneceu-lhe fiel à sua longa ausência, alegando aos pretendentes que não casaria enquanto não terminasse a feitura de uma grande tela, que tecia durante o dia e desmanchava à noite.
            Na época dos descobrimentos os navegadores espanhóis, italianos e portugueses já se achavam familiarizados com o algodão.
            A palavra árabe se impôs em algumas línguas modernas, por força do comércio que realizavam com o tecido no ocidente europeu.
            Surpreenderam-se ao verificar que na América não só plantavam, como sabiam extrair-lhes a fibra, fiar e tecer.
            Em ruínas pré-históricas, encontram-se tecidos e fios de fibra, vulgarizadas nas civilizações maias, incas e astecas.
            Na carta, Pero Vaz de Caminha, referiu-se aos índios, mulheres e meninas que viu atados de panos. Era tecido rudimentar para o cinto de castidade. No idioma tupi “Amandiyn” significa o que dá novelo ou algodão, mas foram os ingleses que iniciaram a manufatura de tecidos, no século XVIII, precisamente em 1738. Iniciava-se a era das grandes invenções. Estes inventos possibilitaram a intensificação da indústria de tecidos de fibra natural.

A tecelagem no Brasil

O negro plantou, colheu, teceu, pintou e bordou.

            Em 1824, fundou-se a primeira fábrica pernambucana de tecidos de algodão, o chamado “algodãozinho”. Mais tarde permitido o seu cultivo, fiado e tecido em panos grosseiros para escravos e pobres. Tornou-se artigo importante no comércio no Maranhão, chegando a funcionar corno moeda.
            A Abolição dos Escravos (1888) e a Proclamação da República (1889) exerceram forte influência nos negócios de algodão e seus tecidos. Normalizado o regime, as lavouras e indústrias voltaram a desenvolver-se, multiplicando-se a montagem de fusos e teares.

Desenvolveu-se:

            A chita - tecido de algodão estampado em cores.
            O filó - tecido transparente, geralmente engomado e tramado em forma de rede de furos (véu).
            Rendas - de malhas abertas e com textura delicada.
            Muito deve a indústria têxtil brasileira a Delmiro Gouveia, que no início deste século, tentou suprir os mercados nacionais com a produção de sua companhia agro-fabril mercantil, instalada em Pedra, Pernambuco.

A um passo da modernidade

Abre-se a cortina do passado

Estamparias da moda

            Os europeus colonizadores descobriram em suas colônias o sol, as cores, uma insuspeitada alegria de viver.
            Aquelas estampas simples, as cores quentes, os desenhos primitivos, foram como um presente das novas terras ao cinza sisudo do velho mundo. Mas o velho mundo dá tantas voltas, que tudo voltou. O primitivo da arte negra, o alegre dos florais, os hieróglifos egípcios. tudo misturado num banho de beleza e cor.

Blue-jeans

            Os jeans chegaram na velocidade do seu tempo transformando fios e formas, traduzindo beleza, expressando liberdade, como no cinema, numa longa jornada desta a dentro.
            Hoje os jeans se transformaram na roupa do dia a dia – espécie de traje oficial dos jovens que percorrem o mundo todo.

“Deu pano pra manga”

            Tecido industrial de fibra artificial/sintética, produzido artificialmente por síntese química, que caracteriza por elasticidade e notável resistência aos agentes atmosféricos.
            Surge assim acompanhando a dinâmica da vida, com formas nítidas e velozes (tecidos elásticos).

Tecidos carnavalescos

            Os tecidos viajam através do tempo para undir, tecer, tramar, misturar tecidos, criando outros, com novas e vibrantes matizes que explodem em cores, luzes e alegria, fazendo assim, o nosso carnaval.

Sylvio Cunha

 

SAMBA ENREDO                                                1995
Enredo     Deu pano pra manga
Compositores     Carlinhos Melodia, Antônio da Conceição e Nego Wando
Tecendo nas malhas do tempo
Entrelaçando folhas e fibras vegetais
Vem do homem primitivo
O tecido rudimentar
A arte que encantou a nossa terra
As telas retratando o além-mar
Que me dera, amor
Te vestir na cor
Do país da cerejeira em flor

Negro plantou, colheu, teceu
Pintou, bordou na fazenda do senhor
(E hoje...)

Hoje vejo minha Villa Rica
Deslumbrando na avenida
Num banho de beleza e cor
No bailar dos ventos
Mostra o nosso tempo
O jeans modernizou ôôô

Na teia da aranha eu tô
Na lã que dá calor
No linho ou na seda amor
Você fica linda como uma flor