Soy loco
por tí, América: A Vila canta a latinidade
Introdução
A
Vila Isabel, ao apresentar seu enredo, lança um grito de alerta pela
preservação e afirmação da identidade cultural latino-americana. A
homenagem que faremos ao povo que habita essa longa faixa de terra
que vai da Península do Yucatán à Terra do Fogo busca resgatar nossas
raízes culturais, que estão fincadas nos povos pré-colombianos e na
formação do mestiço, elemento que une as tradições branca, negra e
indígena.
"Soy Loco Por Tì, América: A Vila canta a Latinidade é, antes
de tudo, uma apaixonada declaração de amor às nações latino-americanas,
reforçando os laços de similaridade cultural que nos une, compondo
um imenso mosaico, caracterizado pela riqueza e diversidade das práticas
e representações de seus costumes. Assim, contaremos um pouco de nossa
trajetória e mostraremos os traços comuns de nossas manifestações
culturais.
Nesse início de século XXI, o Brasil desponta como o único artesão
possível da verdadeira mundialização, menos excludente e mais humanitária
e igualitária. Daí a afirmação de que "o melhor do Brasil é o
brasileiro", o único ser provido das mágicas necessárias a fazer
o movimento de construção de "única pátria humana". Entre
tais mágicas que nos possibilita a liderar tal tarefa, podemos mencionar
a nossa tolerância, a brandura de nossos costumes, a nossa tropicalidade,
o nosso caráter cultural antropofágico, o nosso sincretismo, o nosso
sentimento anti-xenófobo em relação ao estrangeiro e a alegria simples
que temos diante das nossas inúmeras adversidades. Portanto, a nação
brasileira conseguirá transformar em realidade o sonho de Simón Bolívar
- o grande libertador - que um dia pensou em transformar todo o Novo
Mundo em uma só nação livre com um só vínculo que ligasse suas partes
entre si e com o todo. A América Latina seria o espaço da Liberdade,
da Esperança e do Futuro.
Sinopse do enredo
Hoje a Vila é um grito que clama, um revolucionário canto que chama,
unindo em vozes continentes, num brado forte de luta, que conclama
toda a América Latina, a formar um só povo, a cantar um mesmo hino.
É o samba que vem juntar os elos dessa corrente, formando veias entrelaçadas,
onde corre o mesmo sangue caliente, sangue que forjou o seu povo forte
e valente, e que através do tempo, se derramou em defesa da terra,
na resistência pela identidade de sua gente.
Em cores, sons, ritmos e sabores, como delírio, o sonho enreda a história
e voa livre, altaneiro, como o condor pelo azul do céu, fazendo resplandecer
seus "Impérios do Sol", templos de ouro, cidades mágicas,
aldeias selvagens, a fundir céu e terra, homem e natureza.
Paraíso profanado a ferro e fogo, pelos grandes olhos claros da cobiça
de além-mar. Senhores da guerra, cavaleiros da cruz e da espada, a
ceifar mitos e crenças, páginas de dor, escritas de sangue e suor.
Abençoada Mãe Mestiça, América! Que acolheu em seu seio farto e fértil,
a pele escura da distante África, a força do trabalho a produzir riquezas
em nome Del Rey e da fé, criando um "mundo novo no novo mundo".
Pátria do Pau-Brasil, República das Bananas, Ilhas de Açúcar, Impérios
do Café.
América Latina que fez da mistura um tempero forte de coragem e bravura,
redesenhando seus traços, colando pedaços, fez-se mosaico multicor,
teceu a fibra de seu caráter, o coração alado, espírito indomável
de liberdade, de alma serena e tolerante, tropicaliente e morena.
Deus salve a América Latina!!! Bendita és entre todas as nações!!!
Glorificamos sua diversidade, louvamos seus heróis, líderes, poetas,
seu povo, suas virtudes e pecados, de cima, do lado e de baixo do
Equador.
Hoje o Brasil apaga as fronteiras e num poema em "portunhol",
busca a rima mais bela e canta a latinidade. Somos um por todos, todos
por ela, América Latina, do sangue e da paixão, o "Tica-Tica-Bum"
que bate forte e loco no compasso do coração, pulsando o orgulho mestiço,
unindo os povos latinos, formando uma só nação, Pátria Humana Única,
na igualdade de viver, na liberdade de ser, na fraternidade de dar
e receber.
E a Vila Isabel, Libertadora, faz do sonho de Bolívar a realidade,
na mágica do carnaval. Um "jeitinho brasileiro" promovendo
a integração como se fosse bailar La Bamba, vem temperar seu samba,
com "salsa", "mambo" e "merengue", arriscando
um paso doble de "tango", balançando na "rumba"
e na "conga", numa mistura original. E, ao se coroar de
forma diferente, colorida e tropical, numa hola de alegria, bate orgulhosa
no peito dizendo: Soy Loco por Tí, América e Vila la Revolución!!!
Alexandre
Louzada, Alex Varela e Martinho da Vila
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