FICHA TÉCNICA 2000

 

Carnavalesco     Oswaldo Jardim
Diretor de Carnaval     Herval Rios
Diretor de Harmonia     Naldo (Ednal Oliveira Rodrigues)
Diretor de Evolução     Naldo (Ednal Oliveira Rodrigues)
Diretor de Bateria     Mestre Mug (Amadeu Amaral)
Puxador de Samba Enredo     Jorge Tropical
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Ubiracy Silva Monteiro (Bira Mulato) e Teresa Cristina Garcia (Tuca)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Carlos Leonardo Batista de Jesus & Carla Cristina Rocha Santos
Resp. Comissão de Frente     Departamento de Carnaval
Resp. Ala das Baianas     Divina Biana
Resp. Ala das Crianças     Marilene Furtado Barbosa

 

SINOPSE 2000

"EU SOU ÍNDIO E TAMBÉM SOU IMORTAL"

            É ... nós vamos fazer 500 anos. Quanta coisa aconteceu. Crescemos, acertamos, erramos, vivemos. Atualmente temos fama de muito versáteis, criativos e principalmente um povo muito alegre. Lançamos até moda no jeito de viver: " O Jeitinho Brasileiro." Formamos um triângulo de raças, índio, branco e negro, muito facilitado pelo comportamento lusitano " Ao chegar, o Português provava todas as frutas e fecundava todas as mulheres."
            Não há dúvidas de que somos impregnados de heranças em nossos DNAs dessas três raças da humanidade. Abordando como tema os 500 anos as escolas de samba do grupo especial contarão a nossa história desde o começo até os dia de hoje. A cada agremiação coube uma parte e é com muito orgulho e honra que à nós Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, coube a história de nosso talvez irmão mais velho. A Vila vai falar sobre os primeiros habitantes da terra, vai mergulhar na vida, costumes, comportamento e personalidade de nosso índio. Julgamos ser indiscutivelmente oportuno fazermos uma reavaliação sobre o nosso comportamento em relação a esse filho primogênito da " MÃE NATUREZA"
            O Caminho parece fácil porém, é certo que devemos aprender amá-lo e respeitá-lo precisando para isso aprender a entendê-lo. Se bem observarmos veremos que talvez mais que uma reunião de costumes ou hábitos "esquisitos", como a maioria tem defendido sua filosofia de vida, há uma comunhão absolutamente perfeita entre o índio e a natureza que, nesses tempos de preocupação com a saúde da Terra, esse nosso irmão é no mínimo ecológicamente correto. Tal qual a natureza, sua vida é uma poesia cujo tema principal é a própria natureza, o seu paraíso.
            Suas vidas são repletas de contos, mitos, prosas e muita poética. Sua história foi conservada a sua maneira quase que como colunas e vigas formando o grande templo de sua literatura particular. Talvez não haja agremiação mais adequada para decantar essa literatura que a Unidos de Vila Isabel. Tendo sido durante muito tempo endereço de tribos indígenas veio a se tornar no início do século XX grande reduto de fabulosos poetas que se imortalizaram com suas obras, muitas delas gravadas em suas famosas calçadas musicais.
            Hoje a Vila vem mostrar o que é ser índio e que ele também é imortal.

"Ser índio é viver diferente, enfeitado, andando pelado, cantando, vivendo na floresta comendo comidas naturais. Ser índio é saber caçar de flecha e de borduna.
Ser índio é viver na aldeia.
Ser índio é ser lutador.
Ser índio é saber cantar, cabelo comprido ou curto, saber pescar de canoa, respeitar o espírito do pajé e as histórias que os mais velhos contam.
Ser índio é ter sua semente pra plantar
Ser índio é saber que é dono de sua própria terra.
Ser índio é namorar muito pra crescer mais porque somos poucos."

            A floresta ao mesmo tempo é fonte e camuflagem escondendo uma literatura particular onde o principal argumento é a comunhão entre o homem e a natureza. Não é difícil percebermos que na sua inocência sábia afloram-se dons que passam por várias categorias da arte até atingir ápice com os emocionantes rituais e cerimônias com traços meticulosos de cenários, figurinos, roteiros, coreografias e orquestração de primeira qualidade. É sobre essa via literária escrita em sua linguagem própria que vamos falar. Passearemos nesses sonhos de norte a sul, de leste ao oeste fechando um círculo que será a busca de nossa própria identidade. Vamos atracar nesse Porto Seguro e com nosso índio penetrar e sermos levados pelos sonhos que pra nós talvez seja a mais pura poesia. No começo de tudo vamos morar no céu, ser caiapó e com eles descobrir a terra. Ir buscar o fogo e ter coragem de vencer dificuldades. Ver tudo se transformar, ver homem virar bicho, e bicho virar homem. Do Urubu Rei vamos tomar a luz do sol e a magia do luar e sob a luz da lua vamos nos apaixonar pelas Iaras dos igarapés, provar ser Guerreiros e Deusas conquistar. Escreveremos essa história com urucum e jenipapo, cantando e dançando, fazendo cerâmica da terra e tudo mais que ela possa nos dar. Vamos aprender a ser feliz, a comemorar a vida, cantar e dançar para o amor, para os animais, para os rios e para a natureza. De norte à sul de leste à oeste, de kuarup aos bois bumbás, com curupiras, boiúnas e baíras. Nosso índio tem muito que nos ensinar.
            Poesia e natureza. Uma filha da outra. Existem independente de nossos desejos. Mas porque não desejar? Porque não louvar a criação ovacionando esse espetáculo com nossos aplausos. Vamos fazer então a comunhão de nossas mentes com que realmente é sagrado. Vamos falar de peito aberto SUPYSÁUA.( é uma expressão em nheêngatu que significa" a verdade somente a verdade"). Nessa grande cerimônia de louvor a criação, guiados pelos nossos corações, comandados pela inocência do índio que puro de espírito, com certeza por vontade maior, ocupa o cargo de embaixador deste paraíso chamado Brasil.
            É hora de ouvir. Nós temos um irmão especial, ele é índio e também é imortal.

Oswaldo Jardim

 

SAMBA ENREDO                                                2000
Enredo     Eu sou índio, eu também sou imortal!
Compositores     Evandro Bocão, Serginho 20, Tito, Leonel e Ivan da Wanda
Ouvindo os murmúrios da cascata
A minha Vila foi pra mata
E ao voltar canta o que tenho pra mostrar
A avenida vira aldeia, "Porto Seguro"
Pro azul e branco me exaltar
O samba é a alma de um povo
"Unidos" tal qual oração
Tupã abençoando essa união

Iara do Igarapé, meu coração é seu lugar
A proteção do meu pajé
Abre os caminhos para a Vila desfilar

Vi lá...em harmonia com a floresta
Em canto, dança, caça e pesca
Respeito à criação de um Deus maior
Vi lá...sabedoria em minha gente não letrada,
Jaci iluminar a madrugada
Sublimes rituais e soluções medicinais
Vila querida
Guerreira, tua coroa hoje é cocar
Cavaco é arco e flecha, "lança"nessa festa
Um rio de amor em pleno carnaval
Ao ver tanta cultura me faz tua pintura
Hoje eu sou índio, eu também sou imortal

O meu tambor vai ecoar
A noite inteira
A tribo Brasil festeja o ano 2000
500 anos, a história brasileira