FICHA TÉCNICA 1994

 

Carnavalesco     Oswaldo Jardim e Dulce Alves (in memorian)
Diretor de Carnaval     ...............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     ................................................................
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     Ciro Barcelos
Resp. Ala das Baianas     Marlene Bragança
Resp. Ala das Crianças     ................................................................
Resp. Galeria de Velha Guarda     ................................................................

 

SINOPSE 1994

Muito prazer! Isabel de Bragança e Drummond Rosa da Silva mas pode me chamar de Vila

Sinopse:

          É desta forma que o bairro de Vila Isabel se apresenta como enredo para o carnaval de 1994 em sua Escola de Samba.
          A partir de uma pesquisa desenvolvida pela nossa querida Dulce Alves, onde fala de Vila Isabel, bairro amado por essa jornalista conceituada e conhecida nos meios de Carnaval, surge o enredo propriamente dito.
          O trabalho de Dulce Alves foi roteirizado pelo carnavalesco Oswaldo Jardim (de uma forma) onde o bairro de Vila Isabel incorpora um personagem (feminino) na figura de uma então senhora de trezentos e cinquenta anos muito sedutora, romântica e bem humorada que em oitenta minutos contará os momentos mais marcantes de sua vida. Esta senhora é o fio condutor da narrativa, em forma de bate-papo, portanto alegre e despojada, começando de uma maneira muito informal com esta simpática senhora dizendo: -“Muito Prazer! Isabel de Bragança e Drumond Rosa da Silva, mas pode me chamar de Vila”. Daí em diante, com muito charme, ela envolverá cada um de nós em sua história de uma forma tão sedutora que será difícil não romper a barreira do tempo e viver com ela intensamente cada um de seus momentos.

...Vou cantando...
Os meus encantos vou mostrar
Muito prazer, eu sou a musa, sou a fonte
Deixa meu feitiço te levar...
...Isabel...

          A abertura de um desfile, como a capa de um livro, deve estabelecer uma relação de cumplicidade entre o autor e escritor, que encontram um ponto de afinidade neste momento. No caso de nossa estória, falamos do bairro de Vila Isabel e o que nos vem em mente. Se nos dispusermos a perder um pouco de tempo, fazendo uma pequena pesquisa entre algumas pessoas de classes sociais bem variadas, perceberemos que os anos trinta e seus poetas estarão bem vivos. As obras deixadas por Noel Rosa, Lamartine Babo, Pixinguinha e tantos outros monstros sagrados de nossa música popular fizeram desta época uma das mais vivas para o bairro Vila Isabel. Daí, a abertura do desfile com esta marca art-nouveau onde a poesia dá o tom.

  • Comissão de Frente: Formada por sete casais de bailarinos caracterizados nos anos trinta, que realizam uma coreografia bem alegre e movimentada deixando o traço do glamour que permeia a história do bairro Vila Isabel.

  • Abre-Alas: Formado por um grande móvel art-nouveau em quatro níveis, tem-se no centro um grande gramofone caracterizando a relação com a música. No centro deste gramofone temos uma coroa, símbolo da escola, e em cada um dos níveis tanto esquerdo quanto direito vemos “biscuit” representando por destaques de composição, simbolizando as quatro fases mais importantes da história do bairro: “Bragança”, “Drumond”, “Rosa”, “da Silva”. No centro, ao fundo, temos um grande “biscuit” representando o grande “glamour” do bairro.
    Destaque Principal: Hermínia Paiva (esplendor Art-Nouveau)
    Destaques de Composição: casais representando as quatro fases: Bragança, Drumond, Rosa e da Silva.

... Antes habitada pelos índios...

          Em sua primeira fase da vida, ela era uma mata fechada com cachoeiras e muitos índios Tamoios e Tupinambás. Estes silvícolas viviam em total harmonia com a natureza que transbordava em vida naquele lugar.

  • 1ª – Ala: Índios Tamoios (ala composta por elementos da comunidade)

  • 2ª – Ala: Índios Tupinambás (ala Samba Legal, responsável: Sheila)

  • 3ª – Ala: Caçadores de índios (ala Gaviões, responsável: José Vieira)

  • 4ª – Ala: Silvícolas de Isabel (ala Difícil é o Nome, responsável: Aluísio)

... os jesuítas cultivaram a cana no meu chão
Era "Fazenda dos Macacos"...

          Agora ela se transforma numa fazenda e recebe o nome de Fazenda dos Macacos. Sob a responsabilidade da Ordem dos Jesuítas se transforma num mar de cana-de-açúcar. Conhece  a escravidão negra e a força desse povo, que começa a plantar junto com a cana suas primeiras raízes naquele lugar.

  • 5ª – Ala: Jesuítas (ala Raça Rubro Negra, responsável: Evandro (líder da torcida Rubro Negra)

  • 6ª – Ala: Lavradores (verdes), (ala Calçada da Vila, responsável: Waldir Calçada)

  • 7ª – Ala: Lavradores (amarelos), (ala Tropicália. Responsável: Evaldo)

  • 8ª – Ala: Lavradores (azuis), (ala Raios de Sol, responsável: José Batista)

  • 9ª – Ala: Cana-de-Açúcar (ala do Barracão, responsável: Waldir Galhardo)

  • 2ª Alegoria: Fazenda dos Macacos - Nas cores amarela, azul e verde esta alegoria retrata a situação do Brasil – Colônia e suas fazendas na monocultura de cana-de-açúcar. O trabalho escravo executado pelos negros é enfocado através de suas danças e manifestações culturais.
    Esta alegoria é composta de elementos da comunidade maquiados e penteados por João (do Afonjá).
    Destaque Principal: Pildes Pereira (esplendor da Cana-de-Açúcar)

...A preferida do Imperador desta nação...

          Uma relação de afinidade foi sendo cultivada aos poucos entre a então Fazenda dos Macacos e D. Pedro I, até que ela se torna a preferida do Imperador. Suas visitas são cada vez mais constantes. Era comum ver sua Majestade quebrando o protocolo passando por aquelas terras.

... Também fui o dote de D.Pedro para duquesa...

          Um dia D. Pedro I se casa novamente e certamente com a maior paixão de sua vida, D. Maria Amélia, a Duquesa de Bragança. Em função do casamento, D. Pedro oferece à Duquesa uma série de presentes, entre eles estava a Fazenda que ele mais gostava: a dos Macacos.
          Este setor do desfile retrata a festa de Casamento do Imperador, que se estendeu por sete dias.

  • 10ª Ala: Vendedores de cebola (ala Novo Rio, responsável: Diva de Jesus), representando o cotidiano da cidade criando a ambientação predominante nos dias de festa.

  • 11ª Ala: Vendedores de arruda (ala Sam'balanço, responsável: Jaime), representando o cotidiano da época.

  • 12ª  Ala: Caçadores de borboleta (ala Gatas e Gatões, responsável: Helena) representando o cotidiano da época.

  • 13ª Ala: Fantasia do divino (Ala Feitiço da Vila, responsável: Esmar), representando os vários tipos que participaram dos festejos em comemoração ao casamento do Imperador.

  • 14ª Ala: Mucamas (ala composta por elementos da comunidade) representando as várias classes sociais que participaram das comemorações pelo casamento do Imperador.

  • 15ª Ala: Convidados do Imperador (ala D'Anália, responsável: Anália), representando os convidados oficiais da festa de casamento de D. Pedro I.

  • 3ª  Alegoria – Festa de casamento de D. Pedro I com D. Maria Amélia - Esta alegoria representa os festejos em comemoração ao casamento de D. Pedro I e então imperatriz. Vários salões da cidade foram abertos e intensas comemorações aconteceram.
    Destaque Principal: Genis Silva
    Destaques médios: Leni Moreira, Ney Wellington, Messias, Martini (veterano de concursos de fantasia da cidade do RJ), Deni Zarpelo.
    Destaques de Composição; Celso Lemos (D. Pedro I), Ângela Carvalho (D. Maria Amélia), mais 30 pessoas sendo 15 homens e 15 mulheres, figurantes representando os convidados de honra do imperador.

  • 16ª Ala: Convidados do Imperador (ala Naipe de Quatro, responsável: Décio)

  • 17ª Ala: Acendedor de lampião (ala Traço de União, responsável: Marcos)

... Com o progresso de Drumond
Ganhei cultura e requinte "à francesa"...

          Mais tarde a fazenda vai parar nas mãos do Barão de Drumond, que muito rápido começa a executar o grande sonho de sua vida: construir um bairro no modelo francês.
          Quando menos se espera o bairro está montado. Ruas largas, casas de comércio, passeios na calçada.
          O progresso foi chegando rápido, bondes, zoológico e turfe clube. Muito rápido aquele lugar foi assumindo uma personalidade própria simpática, alegre e principalmente muito festeira.

..."Peguei o bonde", "passei" no Boulevard...

  • 18ª Ala: Festa Junina (ala Amigos do Arlindo, responsável: Wanderley), representa o clima das festas juninas do bairro.

  • 19ª Ala: Baleiro (ala Tudo em Cima, responsável: Marcos Beja), as tardes de domingo eram muito românticas, ir com a namorada ao cinema, assistir Tom Mix, comer jujubas e caramelos eram passaportes para felicidade.

  • 20ª  Ala: Passeio no Boulevard (ala Reza Forte, responsável: Maria Socorro)

...Blocos, corsos, "lenhadores"...
Alegria dos meus carnavais
Embalei, os namorados, na magia do amor formei casais...

          De todas as festas, certamente o Carnaval era naqueles tempos a mais animada. Batalhas de confetes em bondes, desfile de corsos, e muitos foliões espalhados pelo Boulevard fazendo a alegria do bairro.

  • 21ª Ala: Bloco do Drumond (ala composta por elementos da comunidade) - Este bloco sugere a aparição do jogo do bicho, criado pelo Barão de Drumond na intenção de angariar fundos para as despesas do zoológico que havia feito sob as graças do imperador, que depois da Proclamação da República passava por  momentos difíceis.

  • 22ª Ala: Frevo (ala formada por integrantes do Clube de Frevo Lenhadores e o Grupo Show Esnobação da Comunidade) representa o Frevo Lenhadores que nasceu em Vila Isabel, um dos frevos mais importantes da cidade. Foi fundado pelos operários da Fábrica Confiança de Tecidos.

  • 23ª Ala: Pierrô (ala Galera, responsável Jair Alfaiate), esta ala representa personagens característicos do Carnaval.

  • 4ª Alegoria: O Bonde - Composto por mais de 100 figurantes com personagens populares da festa de Momo.

  • 24ª Ala: Pierrô (ala Secos e Molhados, responsável: Olício), representando os personagens característicos do Carnaval.

  • 25ª Ala: Sheik (ala do Turfe, responsável: Carlos Feijó), representando personagens do Carnaval.

  • 26ª Ala: Arlequim (ala Sufoco, responsável: Maria Tereza) personagens do Carnaval

  • 27ª Ala: Tiroleses (ala Os Importantes, responsável: Waldir Lopes), representa personagens característicos do Carnaval.

  • 28ª Ala: Marajá (ala Eu Fiz por Onde, responsável: Helson Mongol), esta ala representa personagens característicos do Carnaval.

  • 29ª Ala: Havaianas (ala Toque de Classe, responsável: Dinorah), representa personagens do Carnaval.

  • 30ª Ala: Palhaços (ala das Crianças, composta por crianças da comunidade), representa personagens do Carnaval.

  • 31ª Ala: Bloco do Eu Sozinho (ala Com Bronca Ninguém Nos Vence, responsável: Tia Cirene), homenagem ao folião “Bloco do Eu Sozinho”.

  • 5ª Alegoria: O Corso - Representa o desfile de corsos que acontecia no Boulevard, atual Avenida 28 de Setembro, onde os granfinos passeavam em carros abertos, próprios ou até mesmo alugados, com vários personagens de Carnaval.
    Esta alegoria foi inspirada nas caricaturas de um famoso artista da época chamado J. Carlos.
    Destaque Principal: Maria Tereza de Aquino (a Grande Colombina)
    Destaque de Composição: Claudiomara, Junior, Marcio Muniz (top model)

  • 32ª Ala: Bandeira Nacional (ala Grajaú, responsável: Jackson), esta fantasia se refere à bandeira nacional, cujo hino foi composto pelo Maestro Francisco Braga, ex-formando da Escola João Alfredo, escola esta inaugurado por D. Pedro II, sendo na época a 1ª escola de ensino profissionalizante para menores carentes.

  • 33ª Ala: Futebol de domingo (ala Patifaria, responsável: Cris Há!), esta fantasia se refere às tardes de futebol no bairro, com a torcida do Andaray Futebol Clube.

  • 34ª Ala: Jóquei (ala das Feras, responsável: Claudio Drumond), esta fantasia se refere ao Turfe Clube feito no bairro de Vila Isabel e seus jóqueis.

  • 35ª Ala: Nordestinos (ala Família, responsável: Analimar) - Com a chegada das fábricas no bairro, especialmente a Confiança de Tecidos, muitos nordestinos em Vila Isabel vieram para formar o que até hoje chamamos de Vila Operária.

  • 36ª Ala: Linhas e algodões (ala Pau na Crise, responsável: Ronaldo), esta fantasia mostra o produto final do algodão produzido pela Fábrica Confiança de Tecidos, produto que acabaria nos ateliers de costura do Brasil e até do resto do mundo.

... E a "Confiança" é doce recordar
"Os três apitos" cantados por Noel
Ainda ecoam pela Vila Isabel...

  • 6ª Alegoria: Fábrica Confiança de Tecidos - Esta alegoria sugere uma pequena célula da Fábrica Confiança de Tecidos, que inspirou Noel Rosa na música “Três Apitos”. Quando o apito ecoava pelo bairro, Noel sabia que sua paixão acabara de sair.
    A alegoria é composta de 20 composições que representam os operários da fábrica.

  • 37ª Ala: Ala do Chopp (ala Mãe Joana, responsável: Roberto Piada), esta ala sugere a descontração do chopp na calçada, como era comum nos anos 20/30 e quarenta que se estende até os dias de hoje.

... Embalei, os namorados, na magia do amor formei casais...

  • 38ª Ala: Amigos do Noel (ala Azul e Branco, responsável: Cecília),  a magia envolve o bairro com os casais se formando. A poesia e o romance é quem dava o tom nos anos 30.

  • 39ª Ala: No embalo dos Tangarás (ala Gbalá, responsável: Marden), o “glamour” dos anos mágicos das décadas de 20 e 30 toma conta do bairro.

...Virei a predileta dos amantes e poetas...

  • 7ª Alegoria: Leiteria Vita - Esta alegoria faz alusão aos bares da época onde os poetas e os boêmios se encontravam para trocar idéias, bater papo e fundamentalmente fazer a história da música popular brasileira.
    Esta alegoria é composta por 20 casais (figuração).
    À frente, a figura do malandro maneiro é interpretada por Sérgio Murilo. No alto, central, Rogéria e Fabrício representando o “glamour” naquela época.
    Destaques: Jorge Braz e Jorge Caribé

... Quem põe não tira
Nesta ceia popular...

          Já nos tempos atuais Vila Isabel possui um filho que expressou nesta era contemporânea, exatamente, o espírito de família que o bairro sempre teve. Nosso querido Perna foi o deputado espontâneo daquele lugar, com o slogan “Sem Perna Vila Isabel não anda”.
          Muito lúdico, Perna promovia várias brincadeiras que envolvessem a comunidade “azul e branca” sempre que podia. Entre elas destacamos duas: a eleição do 171  anual no bairro, que na verdade nada mais era  que uma velha desculpa para beber chopinho com os amigos. A outra, também lúdica, mas com um sentido talvez mais profundo, uma ceia de Natal chamada “Quem tem põe, quem não tem tira”, que também era mais uma grande oportunidade dos mais carentes terem o seu Natal realizado pelo de maior poder aquisitivo do bairro.
          Uma grande mesa de aproximadamente 50 metros na esquina da Avenida 28 de Setembro com a Rua Visconde de Abaeté. Um grande ponto de confraternização entre os filhos de Vila Isabel.

  • 40ª Ala: Um sete um (171) (ala do Perna, responsável: Regina), fantasia referente à brincadeira que Perna fazia elegendo o 171 anual do bairro.

  • 41ª Ala: Natal do Perna (ala Aquele Algo Mais, responsável: Maria Los Angeles), esta fantasia representa o espírito do Natal, que o Perna sempre comemorou.

  • 42ª Ala: Amigos do Perna (ala da Bateria Mirim, responsável: Trambique), os garotos que integram a bateria mirim da escola desfilam sem instrumentos, fantasiados de garçons, cozinheiros que cuidam da festa de Natal.

  • 8ª Alegoria: Quem tem põe quem não tem tira - Esta alegoria representa a Ceia de Natal realizada por Perna. Ela será composta por seus amigos mais íntimos e todo o povo de Vila Isabel.
    Destaques: central: Loya – laterais: Paco e Zezinho

... Gravados nas calçadas musicais...

  • 43ª Ala: Ala das baianas (responsável: Marlene Bragança), representando a tradição musical do bairro, gravada nas calçadas musicais (únicas no mundo).

... Sou do morro à nobreza
E de quem quiser amar...

          Hoje, Vila Isabel mudou em aparência, mas não em personalidade. O alto do morro, que ainda conserva seu antigo nome, guarda a essência da poesia na força da escola de samba que um dia Seu China fundou.

  • 44ª Ala: Gafieira (ala Custou mas Saiu, responsável: Ivanise), sugere o clima dos pagodes e gafieiras, predominando nas biroscas e terreiros do Morro dos Macacos.

  • 9ª Alegoria: Favela - O clima de descontração e alegria do povo do morro diante da preocupação de manter viva a chama do Carnaval.
    Destaques: Filomena, Tia Cirene, Paulo Brazão e convidados.
    Destaques Composições: Marcos Varela, Mario Luiz, Ronaldo, Marco Aurélio, Júlio César.

  • 45ª Ala: Velha Guarda

          Nós da Vila Isabel esperamos que com este espetáculo consigamos contribuir com a comunidade brasileira, ajudando a manter a chama de nossa cultura popular tão abundante em nosso povo.

Proposta visual:

          Não é necessário falarmos de crise financeira. Todos estamos cientes das condições econômicas que nosso País atravessa. Porém, nós da Vila Isabel acreditamos na máxima que diz: “a crise estimula a criatividade”  e, pensando assim, desenvolvemos uma proposta de carnaval onde fundamentalmente  o povo tivesse condições viáveis de participar. Objetivamente, estudou-se o melhor caminho de linguagem onde, sem comprometer o bom gosto, obtivéssemos reduções sensíveis nos custos, sobretudo nas fantasias de nossas alas, que, habitualmente, è a área mais sacrificada das Escolas de Samba, uma vez que cada presidente de ala é o único responsável pela execução de, em média, cem a cento e cinquenta fantasias.
          Dessa forma, associamos a idéia de baixos custos com nossa proposta visual, que nos deu um produto final realizado com materiais alternativos, assim como nas alegorias, com espumas em substituição ao isopor; tecido endurecido (morim e algodãozinho) com cimento branco e cola branca, em substituição à resina e fibra de vidro; tela de galinheiro, esculturas de vergalhão e muita pintura de arte.
          Inspirados na idéia do desenho animado dedicamos um grande investimento à cor e à forma. Mantendo em todo o conjunto visual do trabalho a predominância do traço gestual, como é característico da animação. Passamos todas as informações visuais necessárias para o entendimento da estória a que nos propomos contar e ainda o fazemos de forma alegre e bem humorada. Por exemplo, habitualmente encontraríamos um figurante do século XVIII vestido com cores escuras se estivéssemos utilizando a linguagem realista, porém o desenho animado nos permite identificar este mesmo figurante através da forma, modelagem e estilo da época permitindo que as cores sejam atemporais. No caso citado, nada nos impediria de executar este mesmo figurante do século XVIII nas cores verde-limão, amarelo ou até mesmo laranja. Este recurso, acreditamos,  se aproxima mais da grande brincadeira que é na realidade o Carnaval, fazendo seu papel cultural de informação sem perder a “gaiatice” que lhe é peculiar.
          Recentemente, tivemos no cinema a utilização dessa linguagem visual na última produção do filme Dick Tracy.

Oswaldo Jardim

 

SAMBA ENREDO                                                1994
Enredo     Muito prazer! Isabel de Bragança e Drumond Rosa da Silva, mas pode me chamar de Vila
Compositores     Vilani Silva "Bombril", Evandro Bocão e André Diniz
Vou cantando...
Os meus encantos vou mostrar
Muito prazer, eu sou a musa, sou a fonte
Deixa meu feitiço te levar

Antes habitada pelos índios
E os jesuítas cultivaram a cana no meu chão
Era "Fazenda dos Macacos"
A preferida do Imperador desta nação
Também fui o dote de D.Pedro para duquesa
Com o progresso de Drumond
Ganhei cultura e requinte "à francesa"

"Peguei o bonde", "passei" no Boulevard
E a "Confiança" é doce recordar
"Os três apitos" cantados por Noel
Ainda ecoam pela Vila Isabel

Blocos, corsos, "lenhadores"...
Alegria dos meus carnavais
Embalei, os namorados, na magia do amor formei casais
Em noites de festas, serestas, violões e "Os Tangarás"
Virei a predileta dos amantes e poetas
Gravados nas calçadas musicais
Desperta "Seu China"! Acorda "Noel"!
Pra ver a nossa escola desse branco azul do céu
E o "Zé Ferreira" (alô Martinho!) vem saudando a multidão
Pode ma chamar de Vila que orgulho é o meu "Brazão"!

Quem põe não tira
Nesta ceia popular
Sou do morro à nobreza
E de quem quiser amar