FICHA TÉCNICA 2013

 

Carnavalesco     Laerte Gulini e Clebson Prates
Diretor de Carnaval     ...............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     ................................................................
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................
Resp. Galeria de Velha Guarda     ................................................................

 

SINOPSE 2013

O Mestre-Sala dos mares

Sinopse:

“Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo Marinheiro
a quem a história não esqueceu...”

          No início do século XX, precisamente no ano de 1910, durante alguns dias, mais de dois mil marujos movimentaram a Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, ao tomarem posse de navios de guerra para exigir o fim dos castigos corporais através da chibata na Marinha do Brasil.
          Liderados por João Cândido Felisberto, um filho de ex-escravos e timoneiro da Marinha Brasileira que aos 14 anos entra para a Escola de Aprendizes de Marinheiros do Rio Grande do Sul, recomendado por um almirante, que se tornara seu protetor e logo desponta como líder e interlocutor dos marujos junto aos oficiais.
          Em 1910, um dia após a posse do Presidente Hermes da Fonseca, toda a tripulação do encouraçado Minas Gerais foi convocada para assistir à punição a um marinheiro, que ferira um cabo. As 250 chibatadas, aplicadas ao rufar de tambores, foram desferidas por um comandante conhecido pelo prazer com que chibatava seus subalternos. Assim, João Candido deu o grito que iniciou o levante. Esse episódio ficou conhecido como a Revolta da Chibata.
          Surgia um Dragão do Mar, um ser que é associado com as profundezas do mar desconhecido e que se pensava que era capaz de engolir navios. Surgia um símbolo da luta pelos direitos humanos e pela questão do preconceito racial.

“Conhecido como o Almirante Negro
Tinha a dignidade de um Mestre Sala...”

          Foi designado à época, pela imprensa, como Almirante Negro. No ultimato dirigido ao Presidente Hermes da Fonseca, os revoltosos declararam: "Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podemos mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira". A dignidade e elegância que, um Mestre Sala tem com sua Porta Bandeira era vista em João Candido em todos os meios que freqüentava e até na luta pela melhoria de condições de trabalho.

“E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas...”

          Em 1910, João Cândido deu início ao levante contra a chibata, assumindo o comando do navio Minas Gerais, pleiteando a abolição dos castigos corporais na Marinha de Guerra Brasileira. Por quatro dias, os navios de guerra Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Deodoro apontaram os seus canhões para a Capital Federal. Para o povo discriminado socialmente que convivia, João Candido era reconhecido como seu  bravo líder.

“Rubras cascatas jorravam das costas dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração de toda tripulação
Que a exemplo do marinheiro gritava então...”

          O sangue escorrendo pelas costas foi o estopim da revolta. João Candido com todo seu coração deu seu primeiro grito de revolta, seguindo seu exemplo, em todos navios, soltando o grito por liberdade.
          Aqui começa a maior rigorosidade da censura à memória de João Cândido que foi resgatada na década de 70, no samba “O mestre-sala dos mares”. Os compositores tiveram que fazer várias mudanças na letra, até que a censura a liberasse. Palavras como “marinheiro por feiticeiro”, “almirante por navegante”, “navegar por acenar” e frases inteiras como “dos negros pelas pontas das chibatas” por “dos santos entre cantos e chibatas” e “de toda a tripulação” por “o pessoal do porão” foram modificadas e que diferença fizeram.

“Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias..”.

          Sobre a censura à música, os compositores contam: "Ouvimos ameaças veladas de que a Marinha não toleraria loas e um marinheiro que quebrou a hierarquia e matou oficiais. Fomos várias vezes censurados apesar das mudanças que fazíamos, tentando não mutilar o que considerávamos as idéias principais da letra. Minha última ida ao Departamento de Censura, ouvi um sujeito bancando o durão me gritando que “nós não estávamos entendendo... Estávamos trocando as palavras como revolta, sangue e perguntamos se ele poderia esclarecer melhor. Ouvimos, estarrecido a resposta “o problema é essa história de negro, negro, negro..."

"Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais...”

          João Candido também foi preso e enviado para a prisão subterrânea da Ilha das Cobras. A falta de ventilação, a poeira do cal, o calor, a sede começaram a sufocar os presos, cujos gritos por socorro não adiantou João Cândido sobreviveu e continuou muito tempo na prisão. Atormentado por suas lembranças dos amigos mortos naquela prisão desumana, João Cândido é internado em um hospício. Aos poucos se restabelece, é solto e expulso da Marinha
          João Candido teve uma carreira extensa de viagens nacionais e por vários países do mundo nos 15 anos que pertenceu à instituição. Era o marinheiro mais experiente e respeitado pelos colegas e oficiais. Apesar disso, era contrário ao tratamento dado aos subalternos, penalidades que persistiam mesmo após a assinatura da Lei Áurea.
          João Candido foi quem resgatou a simbologia do lenço na Marinha. Como os marinheiros mexiam com graxa, pólvora e devido ao suor, quando em batalha, o lenço era enrolado e amarrado na testa com o nó para trás e no dia a dia é virado com o nó pra frente em volta do pescoço. João Candido transformou o lenço branco desse rito em lenço preto.

“Salve o Almirante Negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais...”

          Mesmo velho, pobre e doente, permaneceu sempre sob as vistas da Polícia e do Exército, por ser considerado um “subversivo” e perigoso “agitador”.
          João Cândido morre em 1969, aos 89 anos, como um simples vendedor de peixe. O líder da revolta da chibata terminou sempre perseguido, sem patente, sem aposentadoria e anônimo, ignorado pela História oficial. Sua figura é de um cidadão envolvido com a questão da luta de classe, direitos humanos e um agente transformador porque a Revolta da Chibata pôs fim aos castigos físicos na Marinha.
          Este exemplo de construção coletiva de dignidade e respeito humano é o que precisa  ficar para sempre na memória do povo brasileiro e por isso brademos por glória a todas as lutas inglórias de João Candido Felisberto, O Almirante Negro ou o Mestre Sala dos Mares, que através da nossa história não esqueceremos jamais.

Laerte Gulini e Clebson Prates

Ordem do Desfile:

  • Comissão de frente: Aos Marinheiros a chibata ao rufar dos tambores

Setor 1: Revolta da Chibata

  • Ala 1 (Baianas): À muito tempo nas águas da Guanabara

  • Abre Alas: O Dragão do Mar reapareceu.

  • Ala 2: Bravo Marinheiro Feiticeiro.

  • Ala 3: Timoneiro.

  • Ala 4: Levante da Chibata.

  • Destaque de chão: 250 Chibatadas.

Setor 2: Dignidade de um Mestre Sala

  • Tripé 1: Bloco de Fragatas.

  • Ala 5 (Passistas Femininas):  Mulheres do Cais.

  • Primeiro Casal de MS/PB: Escravidão na Marinha do Brasil.

  • Ala 6 (Bateria): Almirante Negro

  • Ala 7 (Passistas Masculinos): Salve os Almirantes.

  • Ala 8: Censura Velada.

  • Ala 9: O Pessoal do Porão.

Setor 3: O Mestre Sala dos Mares

  • Ala 10 O Lenço ficou preto.

  • Segundo Casal de MS/PB: Loucura na Ilha das Cobras

  • Tripé 2: Mestre Sala dos Mares.

  • Ala 11 Mestre Sala dos Mares.

  • Ala 12(Crianças): Glória aos piratas e às sereias.

  • Ala 13: Vendedor de peixe.

  • Ala 14: Glórias às todas as lutas inglórias.

  • Ala 15 (Compositores):

  • Ala 16 (Velha Guarda):

 

SAMBA ENREDO                                                2013
Enredo     O Mestre-Sala dos mares
Compositores     ???

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