No reino das águas de
Olokum
Justificativa:
A água é
fonte de vida e saúde. Irriga a terra, hidrata o corpo e gera a energia
que move o mundo. Mas será que essas são suas únicas formas e
definições?
Seja dos mares, rios ou oceanos, a água nos remete a uma viagem
histórica. Através de lendas, mitos, crendices e onde mais a imaginação
nos levar. Sem esquecer dos problemas ambientais atuais, causados pela
ganância da humanidade.
A Unidos de Padre Miguel ao apresentar o seu enredo, lança um grito de
alerta pela preservação da natureza e lendas que envolvem a água. Dos
nossos ancestrais africanos e do folclore brasileiro.
Nossa história começa na África. E quem nos guia nessa trajetória é
Olokum. Senhor de Okum, Deus das águas, ser de cólera implacável,
andrógeno. Metade homem, metade peixe. Tem poder sobre as tempestades.
Ao lado das suas filhas, as ninfas das águas, no seu imponente palácio
nas profundezas do oceano, vem lavar a avenida. Purificar as almas e
abrir caminhos para todos os Orixás.
Das suas inúmeras filhas, a única se tornar deusa foi Iemanjá. Ao
quebrar a garrafa dada por Olokum na fuga do seu casamento com Olofim, o
rei de Ifé. Mas Iemanjá casou-se pela segunda vez com Oxalá. Dessa união
nasceram duas divindades da água. Oxum, a mais bela e querida filha de
Oxalá e Nana – burukê. Senhora das lamas e mangues, renova a terra ao
limpar a água.
Nossos ancestrais africanos quando chegaram escravizados ao Brasil,
trouxeram consigo, parte da sua história e religião. Por isso, os cultos
religiosos africanos são muito difundidos no país. Mas apesar da
importância cultural dessa herança africana, não podemos esquecer da
nossa cultura.O folclore brasileiro. Presente na Amazônia e nas
encantadoras lendas do rio Amazonas.
Iemanjá nas lendas indígenas da Amazônia é Iara. Deusa do mar, moradora
das profundezas do rio Amazonas, guarda consigo segredos e lendas. Como
o Boto, a Vitória- régia, Cobra Grande e principalmente a do Sol e da
Lua, origem do rio – mar.
São inúmeros os contos folclóricos, mas são inúmeros também os problemas
enfrentados pela Amazônia e pelo mundo. O homem através da poluição e
queimadas, causa a diminuição do oxigênio na atmosfera, o efeito estufa
e conseqüentemente, o aquecimento global. Ao destruir a natureza,
causamos o desequilíbrio ecológico. Acarretando enchentes, terremotos e
mudanças climáticas. Futuramente essa ação nos levará a seca.
O homem tem que se conscientizar e parar de destruir a natureza e poluir
as águas, o quanto antes. A água simboliza a vida, a pureza da alma, a
energia. Ela representa 70% do planeta. Mas a superpopulação, os maus
tratos e o desleixo da humanidade, mudarão essa realidade.
A Unidos de Padre Miguel mostrará uma breve história da água. Através
das suas lendas e crenças que tentam sobreviver à evolução. Pedimos a
Obatalá, criador do universo, paz, amor e esperança. Esperança de um
mundo mais consciente e humanizado. Um mundo melhor para nós e nossos
descendentes.
Sinopse:
1º Setor: Império das Águas
A Unidos
de Padre Miguel levará para a avenida os mistérios da água. E pede
passagem a todos os deuses dos mares, rios e oceanos.
Oba – Olokum, senhor de okum. Representa o mar na sua amplitude. Pois
guarda nas profundezas do oceano inúmeros segredos. É um ser andrógeno;
metade homem, metade peixe. Possui um caráter violento, misterioso e
compulsivo. Desposou várias ninfas e com elas teve muitas filhas (as
ninfas das águas). Representantes das cascatas, rios, extensão do mar e
a água da chuva.
Olokum representa a riqueza do fundo do mar e a saúde. Conta à lenda,
que Olokum teve 11 filhas. Osupa (a lua), 5 Olasas, 4 Olanas e Agana Erí.
Suas irmãs eram as mais belas e sereias. Podiam se transformar em mulheres. Mas Agana Erí era
deformada, tinha uma perna maior que a outra. Por esse motivo, sentia
inveja de suas irmãs e se aliou aos pescadores da região, os quais
queriam capturar as sereias. Elas possuíam uma defesa dada por Orunmilá.
Transformando-as em mulheres se precisassem.
Agana Erí, em dia de lua cheia, disse aos pescadores como e onde
capturar as suas irmãs. Olokum ao saber do ocorrido, cria um enorme
maremoto e resgata suas filhas. Ao serem capturadas, as sereias perderam
as defesas e permaneceram como peixes para sempre. Revoltado, Olokum
pune Orunmilá ao atá-lo ao fundo do mar, só retornando em forma de
espuma. Olokum olhou para Agana Erí e falou: “Era minha filha preferida.
Por isso, não te abandonarei. Mas levará em uma das mãos por tua
hipocrisia, uma máscara. Na outra, por tua maldade, uma serpente”. Assim
Agana Erí foi amaldiçoada.
Olokum teve outros filhos. Mas sem dúvida a mais importante e poderosa,
é Iemanjá.
2º Setor: Reino de Ifé
Reza a
lenda, que Iemanjá casou-se com Olofin, rei de Ifé. Cansada de Ifé e de
seu casamento, foge em direção ao Oeste. Olokum lhe dera uma garrafa, a
qual continha um preparo e só poderia abrir em caso de perigo. Olofin ao
saber da sua fuga, coloca o exército de Ifé a procura de sua esposa. Ao
pressentir o perigo, Iemanjá quebra a garrafa dada por seu pai. E no
mesmo instante, cria-se um rio que a leva para okum, o oceano, moradia
de Olokum. Torna-se assim senhora das águas salgadas.
Iemanjá casou pela segunda vez com Oxalá. Tiveram vários filhos, dentre
eles, duas divindades das águas. Oxum, nome de um rio em Oxogbó na
Nigéria. Senhora dos rios, cachoeiras e fontes. Era a mais bela e amada
filha de Oxalá. E Nana – burukê. Deusa das lamas , mangues e pântanos.
Sereia velha das águas mansas. Renova a terra ao limpar a água.
Iemanjá simboliza a maternidade e fecundidade. É considerada a mãe de
todos os filhos, de todo o mundo. Grande mãe, o mar de onde toda vida
nasceu.
3º Setor: Lendas e Riquezas da Amazônia
Apesar
de serem cultuados no Brasil, os Orixás não são deuses brasileiros. Mas
na Amazônia, existem inúmeras histórias e lendas sobre desuses e seus
elementos. Como a lenda do rio Amazonas. Onde dois noivos apaixonados
tinham esperança de se casarem. Ela se vestia de prata era a Lua. Ele se
vestia de ouro e era o Sol. Mas se eles se casassem, o mundo acabaria.
Pois ela era dona da noite e ele dono do dia. O Sol, com seu ardente
amor, queimaria a terra. E a Lua com suas lágrimas provocaria uma
inundação. Assim se separaram.
No desespero da saudade a Lua chorou dia e noite. Suas lágrimas
escorreram até o mar. Mas não se misturavam as águas do mar. As águas
escavaram um vale e um imenso rio apareceu. As lágrimas da lua formaram
o rio-mar. O rio Amazonas só passou a ter esse nome, quando os recém
chegados espanhóis, em 1541, foram atacados por índias guerreiras.
Ao capturar um índio, foi lhe perguntado quem eram tais mulheres. O
índio lhes contou a história das “Incamiabas”. Os espanhóis acharam-nas
semelhantes às guerreiras amazonas da Capadócia. Passaram a chamar o
“Mar Dulce” de “Rio de las Amazonas”. Assim foi criado o rio Amazonas.
Majestoso, sereno e misterioso. Guarda grandes segredos e lendas.
Moradia da Vitória Régia, do Boto, da Cobra Grande e de Iara. Deusa das
águas como Iemanjá e muitas vezes confundidas com Mãe D’ água. Criadora
da lenda da pororoca ao revoltar o rio com seus filhos a procura de sua
canoa Jacy.
Iara segunda a lenda, vive nas encantarias do fundo dos rios, com sua
calda submersa. Ela atrai os homens com sua beleza e seu canto. Quem vê
seu rosto jamais esquece. Mais cedo ou mais tarde, vai se atirar no rio
ao seu encontro. Como aconteceu com o jovem e forte índio Jaguarari, da
tribo Taxuaua. Não resistiu aos seus cantos e encantos e mergulhou no
rio para os braços de Iara. Criatura das águas, que enamora os homens e
os leva a morte.
4º Setor: Alerta Ambiental
O rio
Amazonas e suas lendas continuam resistindo ao tempo. Mas até quando? O
homem destrói a natureza. 40% das árvores da Amazônia podem desaparecer
até o final do século. Esses atos levam ao efeito estufa, causa o
aquecimento global e torna o clima mais seco na Amazônia. As mudanças
climáticas e o desmatamento diminuem a formação de nuvens sobre a
floresta.
Um superaquecimento global no Atlântico, turbinou furacões causando a
pior seca em décadas na Amazônia. Comunidades ficaram sem água e sem
comida. A navegação foi suspensa em diversas áreas e o número de
queimadas aumentou. Meses depois ocorreu o extremo. Chuvas intensas
provocaram enchentes que invadiram casas de milhares de ribeirinhos.
Moradores disseram nunca ter visto tal fenômeno. Uma seca seguida de um
“dilúvio”. As mudanças climáticas já ameaçam os rios amazônicos.
Esses fenômenos ocorrem no mundo inteiro e em outras cidades
brasileiras.
Em agosto de 2005, um tornado destruiu o nordeste do Rio Grande do Sul e
no mesmo dia, o Katrina arrasou Nova Orleans nos EUA. Na Barra da Tijuca
800m linear de praia desaparece por ano. Se o homem não tiver
consciência do seu erro, tentar reverter o quadro e ajudar a estabilizar
o clima e o efeito estufa, muitas tragédias e fenômenos estranhos
ocorrerão.
A água é fonte de energia, ingrediente essencial da vida. Cabe aos
homens se conscientizarem de sua importância e fazer o seu papel para
melhorar o mundo. A Unidos de Padre Miguel pede a Obatalá, criador do
universo, que abençoe a todos e transmita paz, amor e esperança de um
mundo melhor. Digno de nossos descendentes. Onde possam desfrutar dos
mares, da natureza e todas as belezas criadas por Obatalá.
Através dessa breve história, a Unidos de padre Miguel, manda um alerta
à humanidade. Com muito brilho e alegria para o carnaval 2008.
Edson Pereira
Roteiro do desfile:
1º Setor: Império das Águas |
Nº |
Nome da Fantasia |
Nome da ala |
Descrição |
Responsável pela ala |
|
Comissão de Frente |
|
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1º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Balanço das Águas |
1ª Alegoria: Império das Águas
- Olokum, senhor de Okum, junto com suas filhas (as ninfas das águas) e seus fiéis servos no seu imponente palácio, nas profundezas de okum, abrem o desfile da Unidos de Padre Miguel, lavando a avenida, abrindo caminho para todos os orixás.
Principais destaques: Gláucia Bulhões, Edmilson Araújo e Paulo Coutinho |
1 |
Servos de Olokum |
60 Componentes |
|
Vânia Reis |
2 |
Riquezas do Reino Olokum |
50 Componentes |
|
Romilda |
3 |
Segredo de Okum |
40 Componentes |
|
Isabel |
4 |
Mares Bravios |
45 Componentes |
|
Jose Carlos (Virilha Minhoca) |
5 |
As Duas Faces de Olokum |
40 Componentes |
|
Gama |
2º Setor: Reino de Ifé |
6 |
Rei de Ifé |
45 Componentes |
|
Cláudio- Zé Micuça |
7 |
Guerreiros de Ifé |
50 Componentes |
|
Mariângela |
8 |
Yemanjá a Deusa do mar |
40 Componentes |
|
|
9 |
Filhas de Yemanjá |
Baianinhas |
45 Componentes |
Clivaneide |
10 |
Majestosa África |
Ala das Baianas |
50 Componentes |
Marly |
2ª Alegoria: Reino de Ifé
- Representa a fuga de Iemanjá do seu 1º casamento com Olofim, o Rei de Ifé e seu encontro com Oxalá, seu 2º marido dessa 2ª união, nasce duas divindades da água: Oxum e Nanã
Principais destaques: Yonnekarr, Renato Gerônimo e Joel Santana |
3º Setor: Lendas e Riquezas da Amazônia |
11 |
Espanhóis |
50 Componentes |
|
Regininha |
12 |
Manderei – Jaci |
Bateria |
200 Componentes |
Mestre Coe – Jose Carlos |
13 |
Tribo Taxuaua |
Passistas |
30 Componentes |
Rose e Flavia |
14 |
Peixes da Amazônia |
Ala das Crianças |
45 Componentes |
Dada |
15 |
Rio Amazonas |
50 Componentes |
|
Pádua |
3ª Alegoria: Lendas e Riquezas da Amazônia
- A Amazônia é rica na sua fauna e flora aqui representada pela floresta amazônica e o tocumo, animal exótico da fauna brasileira. Mas também temos as lendas do folclore como a Cobra Grande e das tribos indígenas. Presentes em várias lendas do Rio Amazonas
Principais destaques:Regis Camura, Américo Martins e Cris Hani |
4º Setor: Alerta Ambiental |
16 |
Filhos de Peixe |
40 Componentes |
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Carminha |
17 |
Robôs Humanos |
50 Componentes |
|
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18 |
Caos e Destruição |
45 Componentes |
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Chuva |
19 |
Obatalá |
50 Componentes |
|
Teia |
2º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Industria de Alta Destruição |
4ª Alegoria:Alerta Ambiental
- O homem através da evolução da tecnologia das máquinas,
destrói o meio ambiente por meio da poluição industrial, afeta a
camada de ozônio, causa o efeito estufa e consequentemente o
aquecimento global o que nos remete ao caos mundial a destruição da
natureza e dos animais.
Principais destaques: Alexandre Coutinho |
20 |
Compositores |
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21 |
Convidados |
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22 |
Velha-Guarda |
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Bibliografia:
-
Lendas Africanas dos Orixás (Pierre Verger Carybé)
-
Mitologia dos Orixás (Reginaldo Prandi)
-
Sites: Mundo Yorubá e Venezuela Esotérica (Los
Orixás)
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