FICHA TÉCNICA 1992

 

Carnavalesco     Sergio Kautzmann e Armando Matins
Diretor de Carnaval     Armando Costa Filho
Diretor de Harmonia     Sebastião Bastos Policarpo (Tatu)
Diretor de Evolução     Sebastião Bastos Policarpo (Tatu)
Diretor de Bateria     Mestres Pedro e Almir
Puxador de Samba Enredo     Geraldão, Adão e Tio
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Evaldo Francisco e Ducineia Silva (Neia)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 1992

Passa, passa tempo!

          Que horas são? Essa pergunta dá uma tremenda confusão. Quando é meio-dia no Brasil é meia-noite no Japão!
          Porque essa preocupação constante do relógio a comandar a vida da todo mundo? Porque marcar encontro para às sete horas em ponto, quando podia ser as sete mais ou menos?
          Do jeito que a coisa vai, no aperto das horas e dos calendários, a humanidade cada vez mais vira escrava do tempo.
          E enquanto o tempo passa o pensamento voa, o homem fica à toa. atrelado ao senhor Relógio a contar minutos e segundos, preocupado com o tempo e esquecido das alegrias da vida sem compromisso. E bota alegria nisso: no prazer tão salutar, levando a vida de papo pro ar.
          Mas se o mundo gira e o tempo voa, como diz o ditado popular, necessário se faz segurar as asas do tempo para a alegria voltar.
          Antigamente não era assim. Sem relógios a comandar a vida o homem primitivo levantava ao raiar do dia e dormia ao por do Sol.
          Alguém, no entanto, preocupado com a caça e a pesca ou com encontro amorosos, começou a bolar a medição do tempo. E desde então os inventos se sucederam. Surgiram os quadrantes solares dos babilônios, as clepsidras dos chineses, as ampulhetas dos gregos e dos romanos, os relógios de água, de óleo e de vela, até os primeiros relógios mecânicos da Idade Média.
          Os inventos se aprimorando e o tempo passando. Já não bastavam as horas. Precisava-se medir os minutos e os segundos e hoje existem até mesmo relógios atômicos, verdadeiras obras primas de precisão.
          Mas então surgiu o contratempo. O que era um benefício tornou-se uma praga: o inventor tivera a sua praga. O homem virou escravo do tempo e a pontualidade passou a ser virtude. Isso sem falar nos diversos calendários a complicar o horário dos povos do mundo, envolvidos num dissabor profundo de fusos horários e até as horas de verão.
          Diante de tanta confusão, qual a solução? No Brasil do deixa pra lá, do mais ou menos da alegria de viver, o jeito encontrado resolve tudo: depois de viver o ano inteiro escravizado pelo relógio, nos quatro dias de folia do Carnaval de alegria, joga-se o relógio fora, brincando até a Quarta Feira de Cinzas, até a hora final dos tempos, pois ninguém é de ferro. Não tem relógio nenhum para escravizar o carioca no Carnaval, a não ser o cronômetro da Sapucaí, com o desfile de hora. marcada para o turista não perder de vista, as fantasias de luxo na pista. E viva o Carnaval!

Armando Martins e Sérgio Kautzmann

 

SAMBA ENREDO                                                1992
Enredo     Passa, passa tempo!
Compositores     Zé Roberto, Adilson Bispo e Valdir Brôa
Passa o tempo
Passa, passa tempo o tempo passa
Sem relógio dizem que viver tinha mais graça
No raiar do sol prenúncio de um lindo dia
E no arrebol a noite seu manto trazia
Mas surgiu esse tormento
O invento para complicar
Quadrante solar e ampulheta
Relógio a vela pra escravizar

Sou carioca da gema
Vivi no arco da velha
Sonhei com Axuí
Campinho marque seu tempo
Não pode haver contra-tempo
Na Sapucaí

Gira o mundo gira, gira sem parar
Ah meu Deus que confusão
Quando é meio-dia no Brasil
Porque será que é meia-noite no Japão
E hoje sou controlado pela hora
Mas jogo o meu relógio fora
Porque é carnaval
Esqueço até que existe compromisso
O ano inteiro tenho isso
E vou brincar

A saudade me faz recordar
O tempo do vintém e do tostão
Confetes e serpentinas
Envolvendo toda a multidão