FICHA TÉCNICA 2004

 

Carnavalesco     Paulo Barros
Diretor de Carnaval     Luis Carlos Bruno
Diretor de Harmonia     Ricardo Fernandes
Diretor de Evolução     Ricardo Fernandes
Diretor de Bateria     Marcelo Campos Silveira (Mestre Celinho)
Puxador de Samba Enredo     Wantuir Oliveira
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Rogério Dornelles (Rogerinho) e Lucia Mariana de Salles Nobre (Lucinha Nobre)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Carlos Leonardo Batista e Carla Cristina Rocha dos Santos
Resp. Comissão de Frente     Nino Giovanetti
Resp. Ala das Baianas     Maria de Lourdes
Resp. Ala das Crianças     Não possui

 

SINOPSE 2004

O sonho da criação e a criação do sonho: A arte da ciência no tempo do impossível

          Todas as descobertas da ciência que marcaram a história do homem foram, em algum tempo, sonhos. Muitas invenções que fazem parte do nosso cotidiano eram apenas desejos impossíveis de homens que ousaram desafiar limites: do corpo, da gravidade, da distância, do tempo, do espaço e da transformação da matéria.
          Essa necessidade de sonhar permitiu ao homem a superação de seus limites. Acreditando ser capaz de interferir, controlar e desafiar a natureza, ele ousa, ainda hoje, acreditar ser possível conceber, até mesmo, a sua própria existência: mais um sonho de criação.
          E tem sido assim, desde os tempos mais remotos. Sonhar leva o homem ao poder de mudar o mundo. O tempo do sonho é todo o tempo: passado, presente e futuro. O poder de criação está na capacidade de se viajar no tempo: de buscar no passado, os sonhos de outros homens que um dia ousaram, ultrapassar os limites do presente possível para inventar o futuro. E continuam assim, num ir e vir no tempo, a conquistar novas criações.
          Todas as descobertas da ciência e inventos que mudaram a história – que hoje fazem parte do nosso cotidiano e até mesmo os que não chegaram a se concretizar – um dia foram sonhos. Existiam apenas na idéia de homens que foram considerados, por outros homens de seu tempo, loucos ou magos porque tiveram a coragem de criar sonhos para depois, transformá-los em realidade.
          Foi a necessidade de sonhar que fez o homem ir além dele mesmo. De interferir na natureza, criar instrumentos, métodos e objetos. A arte da ciência nos permitiu construir a nossa história.
          Daremos início ao nosso enredo, através de uma máquina do tempo, um sonho a ser inventado, que vai nos conduzir a uma viagem onde ciência, técnica e arte se encontram para mostrar a extraordinária capacidade criadora do homem, através de imagens que contam a história dos grandes sonhos e invenções da humanidade. A mais cobiçada máquina, recua e avança no tempo para revelar as experiências da química, da biologia e da física que mudaram vida do homem.
          A máquina do tempo nos leva ao período da Renascença, onde na observação dos pássaros, cresceu o desejo de voar. Um sonho muito antigo que oferece resultados inacreditáveis. Foram inúmeras tentativas e as mais interessantes possíveis. No passado distante, verdadeiras engenhocas foram criadas pelo desejo de flutuar no espaço. “Esses homens maravilhosos e suas máquinas voadoras” mostrarão suas invenções do passado que hoje nos parecem estranhas e absurdas.
          Estamos prontos para fazer nossa máquina retroceder ainda mais no tempo. Ao acionarmos nossa engenhoca, vamos chegar ao século III A . C. quando surgem os primeiros Alquimistas da história da humanidade. Vistos como magos, misteriosos homens que buscavam o impossível, com suas poções mágicas, manipulando substâncias de forma a transformá-las em remédios. Em torno deles, surgiram símbolos mágicos como a pedra filosofal, um elemento capaz de transformar qualquer material em ouro, e o elixir da vida, que buscava o sonho da eterna juventude. A química bebeu na fonte dos alquimistas e de seus misteriosos praticantes.
          A nossa máquina do tempo avança para o século XIX, época influenciada pelas experiências elétricas e magnéticas, quando o homem ainda buscava as possibilidades da então recente descoberta da energia elétrica. Inspirados por teorias científicas, imaginaram poder dar vida a um cadáver através da eletricidade retirada de um raio. A idéia de criação da vida, não por meio da magia ou do apelo do sobrenatural, mas pela aplicação da energia elétrica, iria modificar a existência humana. Hoje, fica difícil imaginar nosso cotidiano sem ela.
          Na tentativa de “brincar de Deus” , do milenar desejo do homem de dar vida a outro homem e driblar a morte, vem o sonho que dará partida a nossa próxima viagem.
          Nossa máquina do tempo chega ao século XX. Um tempo onde o homem conseguiu decifrar o poderoso código que comanda nosso corpo: o DNA. Esse setor anuncia as experiências de manipulação da própria vida. A manipulação dos genes nos colocou diante de uma tecnologia que pode dar origem a novos seres vivos. A clonagem de mamíferos já é uma realidade e nos coloca diante de um conflito ético de proporções ainda não imaginadas: o clone humano. Ao mesmo tempo que o mapeamento do genoma humano promete identificar as causas de muitas doenças, é temerário imaginar o futuro de seres humanos com capacidades e características escolhidas antes de nascer. A conquista do DNA é a antiga tentativa do homem de alcançar a imortalidade.
          Voltamos no tempo mais uma vez: no século XIX, nossa máquina se depara com aqueles que imaginaram as mais mirabolantes viagens. Eram sonhos apenas possíveis na imaginação: maravilhosas viagens ao centro da terra, máquinas que submergiam e exploravam as profundezas dos mares, cápsulas disparadas de canhões que alcançavam a lua. Especulações que chegaram mesmo a profetizar muitas das conquistas científicas do nosso tempo: nossos submarinos nucleares, nossos escafandros, mergulhadores, e astronautas. Conseguimos perceber como o sonho da criação se transforma em criação do sonho.
          Depois de conduzir nossa máquina do tempo através da história da humanidade, percebemos nossa imensa capacidade de criar, de transformar nossos sonhos, por mais impossíveis que possam parecer, por mais mirabolantes que eles sejam. Descobrimos que, nossa capacidade de criação não tem limites, que o ser humano é capaz de usar tudo aquilo que a natureza lhe oferece para tornar sua vida cada vez mais vibrante .
          Só que o homem é inquieto. Então, ele pára e se pergunta: E o amanhã?
          O seu presente é o tempo do impossível ! Ele se pergunta sobre todos os mistérios que ainda quer desvendar. E nascem novos sonhos de criação. Como estaremos vivendo daqui a 1000 anos? Seremos meio máquina – meio homem? Estaremos, nós, livres de doenças com o avanço da medicina?
          Poderemos utilizar o tão sonhado tele-transporte, que nos levará de um ponto ao outro em questão de segundos?
          Nosso viajante se enche de entusiasmo e aciona a máquina em uma viagem em direção ao amanhã. No tempo da impossibilidade, ele parte com o sonho da criação na mente buscando a arte de encontrar no futuro, a criação do seu sonho.

Paulo Barros

P.S. Em público agradeço a participação de toda a equipe da Casa da Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que muito contribuiu para a realização deste trabalho .

 

SAMBA ENREDO                                                2004
Enredo     O sonho da criação e a criação do sonho - A arte da ciência no tempo do impossível
Compositores     Jurandir, Wanderlei, Sereno e Enilson

Nessa máquina do tempo, eu vou
Vou viajar... (com a Tijuca te levar)
À era do Renascimento
De sonhos, e criação
Desejos, transformação
Acreditar, desafiar
Superar os limites do homem
Brincar de Deus, criar a vida
Querer voar e flutuar

É tempo de sonhar...
É tempo de alquimia
Querer chegar a perfeição
Com tecnologia

Na arte da ciência
A busca continua
Na luta incessante pra vencer o mal
E no vai e vem dessa história
O velho sonho de ser imortal
Profecia, loucura, magia
A vontade de explorar
A lua, a terra e o mar
Pro futuro viajar, eu vou
Mistérios que ainda quero desvendar, levar
O destino é quem dirá
O amanhã, como será

Sonhei amor e vou lutar
Para o meu sonho ser real
... É a Tijuca, campeã do Carnaval