Os Donos da Terra
Introdução:
Hoje
vamos falar um pouco de nós - brasileiros e nossa origem. Até sermos quem
somos, o talvez discutível mas "Poderoso" Ocidente, muitos caminhos
foram percorridos pelos nossos ancestrais.
A base de nossa cultura reside sem dúvida em berço esplendido com a Grande
Mãe Ocidental GRÉCIA, que na Antigüidade era o centro das atenções. Nesta
época o mundo ainda se acreditava ser um disco e quando Aristóteles ousou
contestar, afirmando que o mundo era uma esfera, sofreu duras penas, ficando
condenado a uma clausura domiciliar até o fim de seus dias.
Muito tempo se passou e a coragem dos navegadores em especial dos portugueses
começava a despontar traçando novos caminhos pelas estradas do mar fazendo
assim o reconhecimento do planeta e atestando, a grande esfera. Em meio
a oposições na sua maioria radicais dos líderes do Velho Mundo.
Como tudo tem seu preço, descobrir a terra não foi tão diferente, pagou-se
caro; muitas vezes com a própria vida.
Naquele momento o desejo de encontrar o caminho marítimo para o oriente
em especial às Índias. Era tudo que os lideres do velho mundo mais almejavam.
Nessa busca, contando com a sorte sobretudo a coragem, aos poucos o planeta
foi sendo desnudado.
Entre essas partes estava nossa Pátria Amada: Brasil. Ainda intocada,
apenas conhecida e íntima de seu filho primogênito: "O ÍNDIO"
A UNIDOS DA TIJUCA, vem falar exatamente da essência, comportamento e
mitologia deste nosso irmão mais velho. Falar de seus costumes, hábitos
e principalmente seus sonhos.
Vamos propor a todos uma mágica viagem rio acima, onde o cicerones são
pajés, que com a sua magia nos farão, porque não dizer virtualmente, mergulhar
nesse mundo mágico de nosso irmão mais velho com intuito de conhece-lo
melhor, dando a nós oportunidade de amá-lo de verdade, respeitando-o em
sua essência e compreendendo sua verdadeira missão neste abençoado pedaço
do Planeta.
Sob o comando dos Pajés que trabalhavam sua pajelança com os elementos
mais autênticos de nosso Brasil, permitam-se sonhar, abandonem velhos
conceitos, façam grande força e assumam a ingenuidade da criança, que
ainda existe dentro de cada um de vocês. Pois só assim será possível voar
nas assas da imaginação verdadeiramente o primogênito de nossa Mãe Pátria.
Sinopse:
Sem dúvida o nosso índio é o primogênito da Terra
Brasilis. Profundo
conhecedor dos segredo e mistérios da natureza, comporta-se como um grande
e importante mantenedor do equilíbrio do paraíso, como muitos antropólogos
chamavam este lado do planeta, nos meados do século XVI.
Nos últimos 500 anos sua relação, desde os primeiros contatos com os europeus
desbravadores até os dias de hoje, foi no mínimo turbulenta.. A sede de
conquista e a exploração do mais fraco sempre encobriam valores que neste
final de milênio a se elevar num patamar de destaque.
O que poderia no passado ser chamado de ingenuidade ou falta de conhecimento,
hoje pode ser considerado sabedoria.
A sua filosofia de respeito à natureza e conhecimento sobre ela, hoje
invade os congressos internacionais com lugar de destaque. Haja visto,
a quantidade de laboratórios farmacêuticos de todo mundo interessados
nas ervas e receitas de nossos Pajés.
Definitivamente, nossa postura de mundo civilizado deve mudar com relação
às Nações Indígenas que, certamente tem muito a dizer sobre valores aparentemente
simples mas fundamentais para o equilíbrio e saúde de nosso planeta.
É com esse intuito que a Unidos da Tijuca propõe para o Carnaval de 1999
uma viagem rio acima onde tudo será desvendado. O Índio, filho da Terra,
será nosso anfitrião. Esperamos promover um entendimento definitivo entre
todos os homens e seres vivos porque afinal, moramos todos num mesmo planeta.
E é ao romper da aurora lá na mata que nossa viagem começa.
O orvalho nas folhas mais parecem gotas de prata. Vamos de encontro aos
encantos da floresta desde o principio de tudo.
Com Rairú vamos buscar, bem lá no fundo, a existência deste mundo que
hoje aí está. Iremos ao fundo da terra com ele, e na volta traremos todos
os indivíduos que povoarão o mundo.
Iara nos seduzirá com seu encanto, beleza e magia. A Beira do Janauari,
seremos carregados para profundezas desconhecidas das grandes águas.
E quando a noite chegar, nos cobrirá com seu manto mágico e negro. Junto
com ela virá a grande Boiúna, que nos quarto minguantes, quando a luz
da lua se projeta mansa sobre as águas do Rio Mar, logo após a meia noite,
desliza pela superfície com seus olhos faiscantes levando tudo por onde
passa.
Sentiremos compaixão por Norato, destinado a rastejar-se com o corpo escatuoso
pelas areias da margem, brilhando sob a luz das estrelas.
Junto com toda a floresta, em silêncio, vamos ouvir o canto mágico do
Uirapurú avisando que bons tempos estão para chegar.
Quando o frio e a brisa da noite chegarem a Mãe Quente virá nos aquecer.
Vamos brincar com Baíras e Curumíns. Pescar de Matapi e nos enfeitarmos
com adornos e cores da floresta. Fazer arruaça doce pelas frondosas sombras
dos Iguarapés.
Vamos comer mandioca e pra ficar forte, beber muito guaraná.
Descobriremos os mistérios das tão famosas e encantadoras Amazonas, mulheres
guerreiras, respeitadas por todas as tribos, até as mais hostis.
Junto com varões, ganharemos o Muraquitã, a pedra de jade sagrada o que
nos torna guerreiros de verdade.
Essas mulheres encantaram o coração de muitos homens, como o do jovem
português Alonso Serpa, o Caríua como o chamou sua amada guerreira ao
se apaixonarem sob a luz de Jaci e as benções de Ruda.
A Rainha dos Lagos Encantados se fará poesia e nos embriagará com seu
doce perfume.
Vamos viver um pouco deste mundo mágico com deuses, guardiões e mistérios
na esperança de que na bagagem de cada viajante não tenha apenas registros
fotográficos ou áudio visuais. Mas que fique gravado em cada coração essas
mensagens de sabedoria e amor do verdadeiro Filho da Terra.
Pesquisa e Enredo: Oswaldo Jardim

Glossário:
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Grande Boíuna – Sucuri preta. Sinal da morte, terror dos navegantes,
sorvedouro de vidas humanas. Toma as formas de troncos de árvores, canoa,
veleiros, mulher ou anta.
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Rio Mar – O Amazonas.
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Norato – Cobra Norato. Uma das mais populares tradições do Pará
. Matou a irmã por suas maldades e passou a ter vida dupla. Ao anoitecer
largava a carcaça de ofídio e ia para as festas, na aurora enfiava-se
na casca, voltava a ser a cobra desaparecida nas águas.
-
Uirapurú – lendário pássaro da Amazônia. É o mágico cantor da selva,
o pássaro da felicidade. Quando se põe a cantar, faz-se silêncio à sua
volta e todos os animais correm para ouvir suas melodias. Não vive em
cativeiro. Morto e dissecado é vendido, por bom preço, com talismã, propicio
a assuntos de amor.
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Mãe Quente – Os índios admitem Tupã como Deus supremo mas entendem,
porém, que os assuntos terrenos são harmonizados por invocações dirigidas
às mães. Afirmam que tudo tem mãe: a banana, a montanha, as plantas e
frutas (Jaci). Quem ofender qualquer das mães terá desgosto e miséria.
Mãe quente é a que cuida do fogo.
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Caríura – Entre os tupis significa branco. O sentido abrange as
qualidades de estrangeiro, valente, sábio, poderoso e forte.
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Jaci – A lua.
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Rudá – ou Perudá. Deus do amor dos tupis. Incumbindo de
unir os sexos, orientar a reprodução e restaurar o amor no coração dos
habitantes de Pindorama. Suas duas irmãs Cairé e Catiti tinham a tarefa
de criar o sentimento da saudade.
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Rainha dos Lagos Encantados – A Vitória-Régia. Criada pela lua
para homenagear uma Jovem que chorava pelo seu amado e caiu nas águas
de um lago.
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