FICHA TÉCNICA 1999

 

Carnavalesco     Oswaldo Jardim
Diretor de Carnaval     Vladimir Candimba
Diretor de Harmonia     Vladimir Candimba
Diretor de Evolução     Vladimir Candimba
Diretor de Bateria     Marcelo Campos Silveira (Celinho)
Puxador de Samba Enredo     David do Pandeiro
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Gleice Simpatia & Paulo Roberto
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     Marcelo Misailidis
Resp. Ala das Baianas     Maria Cecília de Souza (Lia)
Resp. Ala das Crianças     Departamento Feminino

 

SINOPSE 1999

Os Donos da Terra

Introdução:

            Hoje vamos falar um pouco de nós - brasileiros e nossa origem. Até sermos quem somos, o talvez discutível mas "Poderoso" Ocidente, muitos caminhos foram percorridos pelos nossos ancestrais.
            A base de nossa cultura reside sem dúvida em berço esplendido com a Grande Mãe Ocidental GRÉCIA, que na Antigüidade era o centro das atenções. Nesta época o mundo ainda se acreditava ser um disco e quando Aristóteles ousou contestar, afirmando que o mundo era uma esfera, sofreu duras penas, ficando condenado a uma clausura domiciliar até o fim de seus dias.
            Muito tempo se passou e a coragem dos navegadores em especial dos portugueses começava a despontar traçando novos caminhos pelas estradas do mar fazendo assim o reconhecimento do planeta e atestando, a grande esfera. Em meio a oposições na sua maioria radicais dos líderes do Velho Mundo.
            Como tudo tem seu preço, descobrir a terra não foi tão diferente, pagou-se caro; muitas vezes com a própria vida.
            Naquele momento o desejo de encontrar o caminho marítimo para o oriente em especial às Índias. Era tudo que os lideres do velho mundo mais almejavam. Nessa busca, contando com a sorte sobretudo a coragem, aos poucos o planeta foi sendo desnudado.
            Entre essas partes estava nossa Pátria Amada: Brasil. Ainda intocada, apenas conhecida e íntima de seu filho primogênito: "O ÍNDIO"
            A UNIDOS DA TIJUCA, vem falar exatamente da essência, comportamento e mitologia deste nosso irmão mais velho. Falar de seus costumes, hábitos e principalmente seus sonhos.
            Vamos propor a todos uma mágica viagem rio acima, onde o cicerones são pajés, que com a sua magia nos farão, porque não dizer virtualmente, mergulhar nesse mundo mágico de nosso irmão mais velho com intuito de conhece-lo melhor, dando a nós oportunidade de amá-lo de verdade, respeitando-o em sua essência e compreendendo sua verdadeira missão neste abençoado pedaço do Planeta.
            Sob o comando dos Pajés que trabalhavam sua pajelança com os elementos mais autênticos de nosso Brasil, permitam-se sonhar, abandonem velhos conceitos, façam grande força e assumam a ingenuidade da criança, que ainda existe dentro de cada um de vocês. Pois só assim será possível voar nas assas da imaginação verdadeiramente o primogênito de nossa Mãe Pátria.

Sinopse:

            Sem dúvida o nosso índio é o primogênito da Terra Brasilis. Profundo conhecedor dos segredo e mistérios da natureza, comporta-se como um grande e importante mantenedor do equilíbrio do paraíso, como muitos antropólogos chamavam este lado do planeta, nos meados do século XVI.
            Nos últimos 500 anos sua relação, desde os primeiros contatos com os europeus desbravadores até os dias de hoje, foi no mínimo turbulenta.. A sede de conquista e a exploração do mais fraco sempre encobriam valores que neste final de milênio a se elevar num patamar de destaque.
            O que poderia no passado ser chamado de ingenuidade ou falta de conhecimento, hoje pode ser considerado sabedoria.
            A sua filosofia de respeito à natureza e conhecimento sobre ela, hoje invade os congressos internacionais com lugar de destaque. Haja visto, a quantidade de laboratórios farmacêuticos de todo mundo interessados nas ervas e receitas de nossos Pajés.
            Definitivamente, nossa postura de mundo civilizado deve mudar com relação às Nações Indígenas que, certamente tem muito a dizer sobre valores aparentemente simples mas fundamentais para o equilíbrio e saúde de nosso planeta.
            É com esse intuito que a Unidos da Tijuca propõe para o Carnaval de 1999 uma viagem rio acima onde tudo será desvendado. O Índio, filho da Terra, será nosso anfitrião. Esperamos promover um entendimento definitivo entre todos os homens e seres vivos porque afinal, moramos todos num mesmo planeta.
            E é ao romper da aurora lá na mata que nossa viagem começa.
            O orvalho nas folhas mais parecem gotas de prata. Vamos de encontro aos encantos da floresta desde o principio de tudo.
            Com Rairú vamos buscar, bem lá no fundo, a existência deste mundo que hoje aí está. Iremos ao fundo da terra com ele, e na volta traremos todos os indivíduos que povoarão o mundo.
            Iara nos seduzirá com seu encanto, beleza e magia. A Beira do Janauari, seremos carregados para profundezas desconhecidas das grandes águas.
            E quando a noite chegar, nos cobrirá com seu manto mágico e negro. Junto com ela virá a grande Boiúna, que nos quarto minguantes, quando a luz da lua se projeta mansa sobre as águas do Rio Mar, logo após a meia noite, desliza pela superfície com seus olhos faiscantes levando tudo por onde passa.
            Sentiremos compaixão por Norato, destinado a rastejar-se com o corpo escatuoso pelas areias da margem, brilhando sob a luz das estrelas.
            Junto com toda a floresta, em silêncio, vamos ouvir o canto mágico do Uirapurú avisando que bons tempos estão para chegar.
            Quando o frio e a brisa da noite chegarem a Mãe Quente virá nos aquecer.
            Vamos brincar com Baíras e Curumíns. Pescar de Matapi e nos enfeitarmos com adornos e cores da floresta. Fazer arruaça doce pelas frondosas sombras dos Iguarapés.
            Vamos comer mandioca e pra ficar forte, beber muito guaraná.
            Descobriremos os mistérios das tão famosas e encantadoras Amazonas, mulheres guerreiras, respeitadas por todas as tribos, até as mais hostis.
            Junto com varões, ganharemos o Muraquitã, a pedra de jade sagrada o que nos torna guerreiros de verdade.
            Essas mulheres encantaram o coração de muitos homens, como o do jovem português Alonso Serpa, o Caríua como o chamou sua amada guerreira ao se apaixonarem sob a luz de Jaci e as benções de Ruda.
            A Rainha dos Lagos Encantados se fará poesia e nos embriagará com seu doce perfume.
            Vamos viver um pouco deste mundo mágico com deuses, guardiões e mistérios na esperança de que na bagagem de cada viajante não tenha apenas registros fotográficos ou áudio visuais. Mas que fique gravado em cada coração essas mensagens de sabedoria e amor do verdadeiro Filho da Terra.

Pesquisa e Enredo: Oswaldo Jardim

Glossário:

  • Grande Boíuna – Sucuri preta. Sinal da morte, terror dos navegantes, sorvedouro de vidas humanas. Toma as formas de troncos de árvores, canoa, veleiros, mulher ou anta.

  • Rio Mar – O Amazonas.

  • Norato – Cobra Norato. Uma das mais populares tradições do Pará . Matou a irmã por suas maldades e passou a ter vida dupla. Ao anoitecer largava a carcaça de ofídio e ia para as festas, na aurora enfiava-se na casca, voltava a ser a cobra desaparecida nas águas.

  • Uirapurú – lendário pássaro da Amazônia. É o mágico cantor da selva, o pássaro da felicidade. Quando se põe a cantar, faz-se silêncio à sua volta e todos os animais correm para ouvir suas melodias. Não vive em cativeiro. Morto e dissecado é vendido, por bom preço, com talismã, propicio a assuntos de amor.

  • Mãe Quente – Os índios admitem Tupã como Deus supremo mas entendem, porém, que os assuntos terrenos são harmonizados por invocações dirigidas às mães. Afirmam que tudo tem mãe: a banana, a montanha, as plantas e frutas (Jaci). Quem ofender qualquer das mães terá desgosto e miséria. Mãe quente é a que cuida do fogo.

  • Caríura – Entre os tupis significa branco. O sentido abrange as qualidades de estrangeiro, valente, sábio, poderoso e forte.

  • Jaci – A lua.

  • Rudá – ou  Perudá. Deus do amor dos tupis. Incumbindo de unir os sexos, orientar a reprodução e restaurar o amor no coração dos habitantes de Pindorama. Suas duas irmãs Cairé e Catiti tinham a tarefa de criar o sentimento da saudade.

  • Rainha dos Lagos Encantados – A Vitória-Régia. Criada pela lua para homenagear uma Jovem que chorava pelo seu amado e caiu nas águas de um lago.

 

SAMBA ENREDO                                                1999
Enredo     O Dono da Terra
Compositores     Vicente da Neves, Carlinhos Melodia, Haroldo Pereira, Rono Maia e Alexandre Alegria
Hoje a Tijuca canta
Sacode e balança esta cidade
Viaja no conto do índio
O dono da terra, que felicidade

No cantar do Uirapuru
Tantas lendas pra contar
Sob as ordens de Rudá

Iara mandou Jaci clarear
E seu caminho iluminar

Veja o orvalho vem caindo
Cheiro das matas bem surgindo
Vou navegar meu rio mar
Mistérios que vou desvendar

Por essas matas verdejantes
Têm seres sobrenaturais
Mulheres metade serpente
Curumins dançantes
E vi estranhos animais

Farturas encontrei, com as plantas conversei
Com as bênçãos de Rairu
Sentei pra meditar
Se a lua for minguante eu peço a proteção
Me deixa com as guarreiras festejar

Pedras preciosas quero me enfeitar
Encantar a índia com o meu olhar
Só Tupã sabia
Que eu não podia me apaixonar