FICHA TÉCNICA 1997

 

Carnavalesco     Lucas Pinto
Diretor de Carnaval     Sérgio Murilo Pereira Gomes
Diretor de Harmonia     Sidney Machado (Chopp)
Diretor de Evolução     Sidney Machado (Chopp)
Diretor de Bateria     Mestre Silvão
Puxador de Samba Enredo     Serginho do Porto
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Paulo Roberto e Juju Maravilha
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Não Existe
Resp. Comissão de Frente     Juan Carlos Berardi
Resp. Ala das Baianas     Joelza e Zilmar
Resp. Ala das Crianças     Maria Cecília de Souza (Lia)

 

SINOPSE 1997

Viagem pitoresca pelos cinco continentes num jardim

Justificativa:

          Respondendo à filosofia da Unidos da Tijuca em enredos ditos culturais, a Escola de Samba exerce a função de não só cantar, dançar e alegrar a Cidade, mas também de ser uma arte informativa. Temos a crença de que através da arte que constitui a cultura popular – eis aí a Escola de Samba – podemos melhorar a qualidade de ser cidadão. Este ato de cidadania está em mostrar a universalidade como se constitui a natureza, seja ela humana, geográfica, cultural, filosófica do Brasil; diferentemente do que chamam de internacionalização.
          A pluralidade, assim como a multiculturalidade, são marcas fortes deste país.
          Vamos mostrar este fenômeno da existência brasileira através da ótica da botânica. Num só ponto deste país temos lá a flora dos cinco continentes. O Brasil se fortalece nesta multiplicidade e o povo brasileiro faz seu Carnaval e ao mesmo tempo aprende, se informando através da plasticidade das alegorias, dos adereços, das fantasias e na letra do samba enredo. O povo brasileiro passa a “penetrar” num universo desconhecido pela grande maioria: O Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Nele verão o seu viés histórico desde a chegada de D. João VI com a Família Real aos dias de hoje, numa alusão poética na figura do Maestro Tom Jobim.
          Disto decorre o caráter linear-didático não só da apresentação, mas também de toda a visão plástico-visual. É preciso que o caráter informativo não seja desprezado num grande momento de participação popular. Desta forma, decidimos pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pois ele contém este caráter e nos dá a possibilidade da criação em benefício do Carnaval.

Sinopse:

Resumo da História do Homem:

          1808: Paço Imperial (atual Praça xv), Rio de Janeiro.
          Chega a Família Imperial, expulsa de Portugal pelas tropas de Napoleão.
          A cidade faz festa jamais vista até então. Há muita gente na rua e nas janelas dos sobrados saudando a Família Real.
          É a Corte instalada, deslumbrante em tudo que traz. É um luxo só.
          O Rio de Janeiro passa a ser Capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, sendo a primeira e única Monarquia das Américas, do Novo Mundo.
          O Rio de Janeiro transformou-se numa grande metrópole, uma metrópole tropical desenhada à moda lusitana, habitada por portugueses, Africanos e descendentes de Tamoios e Tupinambás.
          O Príncipe Regente D. João promove o Rio de Janeiro à categoria de cidade.
          Logo de início, faz-se a Abertura dos Portos às Nações Amigas e o porto da cidade recebe um considerável volume de navios, intensificando a vida comercial como nunca. Cria-se o Banco do Brasil. Realiza-se a vinda de Missão Artística Francesa, onde se destaca a figura de Debret.
          O Rio de Janeiro já é uma metrópole igual a qualquer metrópole européia.
          E o progresso continua com D. João VI investindo em grandes obras, entre elas o atual Jardim Botânico.
          A Unidos da Tijuca vai promover, assim, uma viagem pitoresca pelos cinco continentes, que estão contidos na flora do Jardim Botânico, que floresce o ano inteiro em meio a uma fauna viva.
          Uma viagem pelo tempo num só lugar.
          Esse lugar é o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde podemos encontrar os exemplares da vida botânica do mundo inteiro.
          O Jardim floresce o ano inteiro, com flores de todo o mundo. É UMA HISTÓRIA VIVA.
          O Jardim Botânico tem essa possibilidade de ser um espaço onde se pode traçar uma panorâmica de nossa história, através das folhas, das flores, dos troncos das árvores, da fauna, da arquitetura e da ciência. É um Museu vivo.
          É o único espaço onde nossa memória está contida através da vegetação.

A História do Homem com a Natureza

          A mudança da Família Real Portuguesa para o Brasil veio acompanhada de benefícios para a cidade. Um desses benefícios foi a fundação de uma Fábrica de Pólvora no antigo Engenho de Cana de Rodrigo de Freitas. D. João VI ficou deslumbrado com a beleza dessa região e por Decreto de 13 de junho de 1808, cria o Jardim da Aclimação, o primeiro nome do Jardim Botânico. Mandou que ali se promovesse a aclimação e o cultivo de especiarias, inicialmente vindas do que mundo daquela época entendia como Índia.
          De lá até os nossos dias, várias administrações passaram pelo Jardim Botânico que também já foi Real Jardim Botânico. E nesses quase dois séculos de vida, plantas do mundo inteiro foram introduzidas, efetivando uma das maiores reservas botânicas do Planeta.
          No início, a visitação não era pública. Fazia-se a visita com o acompanhamento da Guarda Imperial. Lá plantou-se a Palma-Mater (Palma Real), que é o marco do Jardim Botânico. A Palmeira Real foi ofertada ao Príncipe D. João pelo português Luís de Abreu que a caminho do Brasil, naufragou em Goa (Índia) e foi feito prisioneiro de franceses, naquele tempo inimigos de Portugal, e mandado para a Ilha da França (hoje Ilhas Maurícius), onde havia um bonito Jardim chamado Gabrielle. Fugindo da prisão, esse português teve o cuidado de trazer em caixotes mudas de craveiro da Índia, de fruta-pão, de jaqueira, de cajá-manga, de olho-de-boi, de lichia, de palmeira e de flor-de-coral.
          Em 1824, o Diretor Frei Leandro mandou construir um lago artificial cuja terra fora aproveitada para erguer a Casa dos Cedros. Ao lado desse monumento havia um relógio de sol e uma mesa de granito, onde D. Pedro I e D. Pedro II, quando em visita ao Jardim Botânico, merendavam. Daí o nome de Mesa do Imperador.
          Já em 1890, um outro Diretor cria a Biblioteca, a Estufa do Herbário e abre o Jardim à pesquisa científica.
          Em dias atuais – maio de 1971 – 83 hectares do Horto Florestal da Gávea passaram a integrar o Jardim Botânico.
          É neste local, quase um paraíso, que a natureza das cinco partes do mundo (Américas, Europa, África, Ásia e Oceania) se encontra representada por mais de 5.000 espécies vegetais das mais exóticas e variadas; algumas, inclusive, em vias de extinção.
          Além dessa flora, a fauna está viva de macacos, esquilos, caxinguelês, tico-ticos, sabiás, saíras de sete cores, cobras, etc ...
          O Jardim Botânico do Rio de Janeiro é uma instituição viva como a própria natureza mundial que ela mostra, voltada essencialmente para a ciência, a arte e o lazer.
          Esse museu da natureza (espaço público que passou a ser) tem atualmente, na figura do Maestro Tom Jobim a representação simbólica de sua popularização, fazendo da Viagem Pitoresca Pelos Cinco Continentes Num Jardim um romance de amor.
          Esse romance vem retratado pelos cinco continentes do mundo, compreendendo: O Continente Asiático (Índia, China e Japão), o início da história do mundo moderno e do próprio Jardim, o Continente Africano (o Verão), o Continente Americano (a Primavera), o Continente Oceânico (o Outono), e o Continente Europeu (o Inverno).
          E, assim, se faz o enredo: pleno de romantismo e beleza natural, unindo arte do samba e natureza.

Texto: Sérgio Murilo Pereira Gomes
Carnavalesco: Autoria: Lucas Pinto

Roteiro do Desfile:

  • Comissão de Frente

  • 1° Carro - “Abre-Alas”: Abertura

  • Ala 1: Damas do Reino Unido (Ala das Baianas 1)

  • Ala 2: Alegria do Povo

  • Ala 3: Festa do Desembarque

  • 2° Carro - Chegada da Corte Portuguesa

  • Ala 4: Desenvolvimento Comercial

  • Ala 5: Desenvolvimento Artístico

  • Ala 6: Desenvolvimento Bélico

  • 3° Carro - Mutações do progresso

  • Ala 7: Mundo Hindu

  • Ala 8: Mundo Nipon

  • Ala 9: Mundo Chino

  • Ala 10: Senhoras do Serviço de Chá (Ala das Baianas II)

  • 4° Carro - O Jardim do Oriente

  • Ala 11: Universo Africano

  • Ala 12: Universo Europeu

  • Ala 13: Universo Oceânico

  • Ala 14: Universo das Américas

  • Ala 15: Fonte e Esculturas

  • 5° Carro - As estações, as fontes e as esculturas

  • Ala 16: Metamorfose – Borboleta

  • Ala 17: Mundo Calóptero

  • Ala 18: Homenagem a Augusto Ruschi (Ala das Crianças)

  • Ala 19: Acqua Mundo

  • Ala 20: Lago Amazônico

  • 6° Carro - As estufas e arredores|

  • Ala 21: Pesquisa Científica

  • Ala 22: Carpoteca

  • Ala 23: Informática

  • 7° Carro - Conhecimento científico no Jardim

  • Ala 24: Espacialidade do Cômoro

  • Ala 25: Deus Asteca no Jardim

  • Ala 26: Sinfonia das Flores

  • Ala 27: Homenagem ao Maestro Tom Jobim

  • 8° Carro - Memorial a Tom Jobim

  • Ala 28: Fechamento: Tom Malandro

  • Ala 29: Velha Guarda

  • Ala 30: Compositores

Observação: As Passistas estarão atrás do contingente da Bateria. Esta, por sua vez, terá a sua entrada definida pelo Diretor de Harmonia, visto que sua indumentária permite estar em qualquer momento do desenvolvimento do enredo. E, assim, define-se a posição do Mestre-Sala e Porta-Bandeira e a Rainha da Bateria, que estarão à frente da Bateria.

 

SAMBA ENREDO                                                1997
Enredo     Viagem pitoresca pelos cinco continentes num jardim
Compositores     Édson Fio e Maurílio Theodoro
Meu Rio de Janeiro em festa
Saudando a vinda da família Imperial
A corte deslumbrante então empresta
O luxo para a nova capital
Abrindo os portos ao progresso
Abrindo as portas pra cultura
O Rio busca ser cidade
De européia arquitetura
O povo e a natureza conquistam D. João
E o levam a investir na região

Já fui engenho, fabriquei a dor
Por decreto-lei, João me criou
Do imperador fui mesa e tempero
E até hoje eu floresço o ano inteiro

Em meus caminhos, a paz, a flora, a sutileza
Pelos continentes, uma viagem sem sair de um só lugar
Estou no inverno europeu, vim do jardim no Oriente
E vejo logo à frente, a Oceania aflorar
Da América, à África, o frio, o clima quente
Contraste de beleza singular
O som das águas, do vento, dos passarinhos
Abriga a pesquisa e faz o ninho
Pra espécies em extinção crecerem livremente
E o mesmo som que ao longe parece uma sinfonia
Inspirou Tom que fez as lindas melodias
Em meus recantos hei de ouvir eternamente

Jardim Botânico eu sou
História viva de amor
Eu sou o tema
E a Tijuca é multicor