Da cor do pecado
(Reedição de 1992)
Introdução:
Para o carnaval 2006 a Escola de Samba Unidos da Ponte irá apresentar uma releitura do desfile de 1992, quando então a Agremiação ascendeu ao grupo especial das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
No entanto, a apresentação do desfile 2006 busca retratar o mesmo tema de forma inédita, sem seguir a
idéia inicial do carnavalesco Alexandre Louzada, deveras adequada aos moldes da época.
A fim de apresentar um belo espetáculo, incluiremos a atual situação política do Brasil na retratação do enredo, enfatizando os pecados capitais que conduzem o Homem a se corromper, negligenciar seus valores e abdicar as virtudes divinas em detrimento de pecados infernais.
São pecados capitais cada um dos sete vícios considerados como fontes de todos os pecados: o orgulho, a avareza, a luxúria, a ira, a gula, a inveja e a preguiça.
"Da Cor do Pecado". Por definição, entende-se pecado como a transgressão consciente e voluntária das leis divinas. Falta cometida contra regras e normas preestabelecidas. Estado que resulta para o pecador em consequência de falta cometida.
São diversos os tipos de pecado existentes: pecado da carne (que tem por objeto o deleite carnal); pecado de juventude (falta que pode ser atribuída à inexperiência da juventude); pecado mortal (violação da Lei de Deus, em matéria grave, com advertência e consentimento, que leva à morte da alma); pecado de omissão (aquele que resulta do não cumprimento daquilo que a fé prescreve); pecado reservado (do qual só se pode ser absolvido pelo Papa, pelo bispo ou por seu delegados); pecado venial (que enfraquece a graça, sem a destruir; dentre outros.
Almejando ilustrar a amplidão dos significados do termo pecado, a Agremiação Unidos da Ponte mostrará um carro Abre-Alas dividido em duas partes, e o qual será a síntese de todo o tema.
Inicialmente será apresentado um cenário infernal, com um dragão simbolizando as tentações. Mostrará ainda um cenário celestial, o qual representará a natureza divina da criatura humana. Por fim, no centro desta alegoria, uma serpente e uma maçã; a qual representará o pecado original, estado de degradação em que são concebidos todos os descendentes de Adão.
A primeira noção de pecado está ligada à tentação e à desobediência do Homem às determinações de Deus. O tema mergulha nas profundezas da alma humana, abordando os principais conflitos e dualidades que atordoam a mente do Homem: pecado X virtude; o bem X o mal; celestial X infernal; etc..
Na sequência do desfile, serão retratados três dos sete pecados capitais: a inveja (desejo de possuir o bem de outrem, pesar ou desgosto ante a prosperidade alheia); a ira (cólera, raiva, ódio, fúria) e a cobiça (desejo veemente e imoderado de possuir , ambição, avidez). Através da figura do orgulhoso, que seduzido pela busca da exaltação de suas virtudes e seus valores, é alimentado pelo “olho-gordo” da inveja e pelos raios da ira.
"Bye, bye Brasil / A Misélia acabou e o martírio se multiplicou". O terceiro setor fará uma alusão ao cenário político, econômico e social do Brasil, enfocando a atual situação do país. Serão retratados os quatro pecados capitais restantes: a avareza (apego sórdido ao dinheiro, desejo ardente de acumular riquezas, mesquinhez, sovinice); a preguiça (propensão para a ociosidade, aversão ao trabalho, indolência, negligência, moleza, pachorra, morosidade); a gula (excesso de comida, glutonaria, gosto
exagerado das boas iguarias, gulodice); e a luxúria (viço nas plantas, sensualidade, libertinagem, lascívia, concupiscência).
Brasília, a capital do nosso país, o coração da pátria, deveria estar cumulado de virtudes e altruísmo. Porém, transformou-se num covil de ladrões, de desonestidade e de exposição exacerbada de preguiça, avareza, luxúria e descaso com a coisa pública, com o bem comum.
Felizmente, o Homem não é só pecado; também é detentor de virtudes e qualidades que o dignificam e exaltam. O último setor mostrar-se-á inspirado em figuras clássicas do carnaval, incluindo os tradicionais Bailes de Máscara, típicos dos carnavais tradicionais.
Buscaremos aliar uma grande celebração da alegria, à liberdade, à humildade e ao amor; sentimentos que nos redimem e nos aproximam de Deus; que nos fazem crer que de fato realmente é possível que o bem vença o mal. Que é possível vencer os desafios lançados pelos dragões e sublimar o mal que há sobre a Terra para, desta forma, nos aproximarmos daquilo que é divino.
O quarto carro-alegórico, intitulado "O Samba é Nossa Redenção", homenageará nosso querido amigo Jorge Lafon, que não se encontra mais entre nós e esteve presente no desfile de 1992.
Sucintamente, finalizaremos nosso desfile deixando uma mensagem de esperança e alegria, fazendo do carnaval 2006 uma grande festa.
Vítor Santos, Valber Frutuoso e Bianca Behrends |