Viajar é preciso - viagens extraordinárias através de mundos conhecidos e desconhecidos
Introdução:
Tecnicamente falando, viajar é a ação de se deslocar de um lugar a outro, com distâncias variadas e itinerários diversos, e o termo viagem também é usado como conotação e devaneio. Exploração é ato de pesquisar, ou viajar, com o intuito de descoberta.
Mas o encontro com o novo, o original, o diferente, o desconhecido, tende a provocar uma série de mudanças e uma satisfação pessoal que, normalmente, não se encontra na realidade cotidiana; além de ser sustentado por uma expectativa imaginativa sobre aquilo que irá, ou poderá, se encontrar. O homem precisa viajar: com seus olhos, seus pés e sua mente para conhecer o mundo e a si próprio.
Enredo:
Em 1863, um pequeno livro aparece nas prateleiras das livrarias francesas contando uma incrível história sobre três viajantes pelo mundo. Era no brilhante século dezenove, embalado pelo otimismo da revolução industrial, que o autor daquele pequeno passaporte literário chamado Júlio Verne bebia inspiração para seus visionários romances; entusiasmado com a expansão científica da época que viu nascer a fotografia, o cinema, o automóvel e a eletricidade, enchendo suas obras de inovações inimagináveis. Sua mente era uma máquina criativa que fabricava traquitanas e engenhocas maravilhosas, antecipando o futuro, profetizando acontecimentos e idéias, fascinando várias gerações de leitores.
Numa época de exploração e conquista européia do globo, a geografia era uma ciência das mais efervescentes. Único escritor cujas histórias passaram por praticamente toda a Terra, Júlio Verne transportou os leitores para as mais exóticas paisagens numa gigantesca odisséia geográfica sem excluir qualquer continente. Deu várias voltas ao mundo fazendo os leitores embrenharem-se pelo mar, ou pela terra, em busca de experiências ousadas por lugares que ainda, literalmente, não estavam no mapa; conhecendo povos dos quatro cantos do mundo, pois, as diversidades étnicas e culturais do planeta constroem o mosaico romântico de seus livros.
A fantasia sem limites fez chegar ao fim do mundo, e até fora dele, descobrir a origem do universo (e o seu fim) além das cartas geográficas: viajando ao redor do planeta e vislumbrar o infinito cósmico alçado à atmosfera por um canhão; entrando em um vulcão para uma expedição subterrânea pelas entranhas do planeta até a região onde pulsa o coração da Terra e descobrir a existência de mares, florestas, animais e homens pré-históricos; mergulhando pelas profundezas dos oceanos com seres abissais e criaturas marinhas de aspectos monstruosos; ou se aventurando pelo rio Amazonas em meio à natureza selvagem, índios, febres delirantes e lendas da floresta amazônica navegando em uma aldeia flutuante nas terras de seu colega, o imperador da selva D. Pedro II, que era mais conhecido por suas viagens pelo mundo e interesse cultural-científico do que pela política.
E, se o Brasil inspirou a história de Júlio Verne, ele também inspirou a história do Brasil, pois a própria conquista dos ares pelo brasileiro Alberto Santos Dumont se deve, em grande parte, à sua relação com os livros de Verne. O mineiro afirmava ter sido influenciado pelas aventuras criadas pela imaginação do escritor francês, lendo as histórias fantásticas com as máquinas voadoras que tanto o levaram a sonhar na infância. Em Paris tornou-se inventor e projetista de traquitanas e motores, enveredou pelo balonismo e transformou-se em celebridade com seus vôos dirigidos, suas novidades mecânicas, suas experiências públicas e provou que o homem podia voar com um aparelho mais pesado que o ar ao colocar o 14 Bis nos céus do campo de Bagatelle. O brasileiro mais famoso em seu tempo, monsieur Dumont ditou a moda masculina na capital mundial da moda, brinquedos foram feitos reproduzindo seus balões e as crianças pediam doces com a imagem do inventor e de suas criações nas confeitarias. Quando já era quase visto como um dos personagens de Verne, ficou amigo do escritor e, juntos, ajudaram a fundar o Aeroclube da França.
Hoje, Alberto Santos Dumont (considerado o pai da aviação, Patrono da Aeronáutica e da Força Aérea Brasileira) dá nome ao aeroporto do Estado do Rio de Janeiro. Um cartão-postal do Brasil às margens da Baía de Guanabara, aos pés do Pão-de-Açúcar e abençoado pelo Redentor, uma das maravilhas do mundo moderno, que, do alto do Corcovado, recebe de braços abertos a todos os que chegam a Cidade das Maravilhas: uma terra que a todos seduz com seu sol, sua natureza, seu carnaval e sua vocação para a felicidade, um ninho de sonho e de luz.
A cidade maravilhosa dos embarques e desembarques na Ilha do Governador, pois, pelos mares e ares insulanos sopram os ventos da aventura que impulsionam a quem parte e acariciam o rosto de quem chega, mas isso já são outras histórias.
Jack
Vasconcelos |