É hoje
o dia (Reedição do samba da escola de 1982)
Justificativa:
Antes de lançarmos qualquer tipo de olhar, é preciso saber que nossa proposta de enredo para o carnaval de 2008 não é uma reedição do enredo levado para a avenida em 1982, mas uma reedição do samba-de-enredo do mesmo ano e de autoria dos compositores Mestrinho e Didi, considerado um dos maiores e melhores sambas-enredo da história do carnaval. Portanto, não é de nosso intuito estabelecer qualquer tipo de comparação ou semelhança com o desfile citado realizado há mais de duas décadas.
Com base nos versos do samba-enredo “É hoje”, traçamos o histórico do nascimento e criação do chamado “dia do desfile das escolas de samba”, é este o tal “dia” que o samba mencionado se refere e que é o objeto central de desenvolvimento do nosso enredo; desde as origens africanas de seus elementos até a preparação do espetáculo do desfile das agremiações. Dia este no qual todos os envolvidos (componentes ou torcedores) gritam ansiosos: -É hoje o dia!
Sinopse:
Mas afinal, que dia é esse? Que dia é esse que nos faz tremer, suar frio e o coração bater mais forte? Que nos faz sofrer sem dor? Que nos faz temê-lo e, ao mesmo tempo, ansiar pela sua excitante chegada? Que dia é esse que nos extrai o sangue, o suor e até mesmo nossas lágrimas? Que faz nossa individualidade ser completamente absorvida pelo êxtase coletivo?
“A minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela
Fez um desembarque fascinante no maior show da terra*”
Ilha, uma extensão de terra cercada de água por todos os lados. Por isso, todos os anos, a minha alegria atravessa o mar e ancora na passarela para fazer seu desembarque fascinante no carnaval! Foi também atravessando o mar que os negros africanos nos trouxeram sua alegria – é claro que não nos referimos às condições degradantes a qual foram submetidos no processo de escravidão, e sim ao caráter festivo dos povos africanos – e ancoraram por aqui toda a sua ancestralidade cultural.
Artífices de “mãos cheias” que talham, trançam, esculpem, pintam e forjam como poucos. Além das tradições plásticas, orais como o “griot” (pai do enredo) que narra as histórias de seus antepassados, e musicais como seus batuques, ritos e instrumentos. Música para a magia, para a fé, para o amor, para a guerra, para os homens conversarem com seus deuses...
Tambores, atabaques e afins, unindo-se aos cânticos e louvores. Suas Nações e dinastias vindas de várias partes da África, clamando por Olorum ou por Alá, fizeram o desembarque fascinante de suas culturas para lançar em nossa terra a semente que germinaria o maior show do planeta.
“Será que eu serei o dono dessa festa?
Um Rei no meio de uma gente tão modesta*”
Espalhando seus cantos, danças e crenças, a força do trabalho negro embalou nosso mestiço país menino. Das sonoras noites nas senzalas nasce o lundu misturado aos bate-coxas e umbigadas, estimulando a imaginação dos moradores da casa-grande. Com a chegada gloriosa do batismo cristão, ganhou-se o domingo para as festas e batucadas após a santa missa matinal, bem alinhados em roupas coloridas e vistosas. Festejos negros em homenagem a santos católicos florescem e, desta união sincrética, vão aparecer cerimônias, autos e embaixadas.
Coroações de Reis e Rainhas com seus séqüitos reais, misturando hierarquia africana com monarquia portuguesa em cortejos processionais. Muitos continham dramatizações e encenações em seu desenvolvimento, contavam e cantavam alguma história, como um enredo. Modelos estes, aliás, seguidos até hoje como formato de desfile pelas escolas de samba.
“Eu vim descendo a serra, cheio de euforia para desfilar
O mundo inteiro espera, hoje é dia do riso chorar*”
E o “cortejo” virou preferência na organização da brincadeira de carnaval, em resposta à bagunça agressiva do antigo entrudo português que emporcalhava as pessoas e a cidade. Grupos e comunidades se reuniam para desfilar fantasiados pelas ruas. Espocam as Sumidades, Cordões e Ranchos carnavalescos.
As “procissões” continuam, com o povo fantasiado tocando seus instrumentos, cantando e dançando, para misturar de vez as raças e classes. As turmas e famílias com fantasias unificadas inspirariam o surgimento das chamadas “alas” e as exibições das luxuosas e engenhosas alegorias das Grandes Sociedades influenciariam as escolas de samba na construção de seus “carros alegóricos”, além de nos presentear com a tradição das “comissões de frente” como os mestres de cerimônia dos desfiles.
“Levei o meu samba pra mãe de santo rezar
Contra o mau-olhado carrego o meu patuá
Acredito ser o mais valente nessa luta do rochedo com o mar*”
Sob as densas fumaças perfumadas dos incensos, rezado, benzido e iluminado pelas velas de cera dos barracões de fé, o nosso bom e velho samba é filho legítimo dos terreiros das religiões afro-brasileiras, com seus Orixás e entidades, herdando o misticismo, a musicalidade e a tradição dramática de seus pontos e louvores.
Marginalizado e perseguido, é gerado, alimentado e escondido nos fundos das casas das “tias baianas” na Praça XI. Mas o samba vencerá as dificuldades e ganhará força com o aparecimento das primeiras “escolas de samba”, que traduzirão em seus desfiles o histórico da influência e da resistência cultural negra na miscigenação de nosso povo.
“É hoje o dia da alegria
E a tristeza nem pode pensar em chegar*”
“É hoje!”. Assim exclamavam os negros nos preparativos dos antigos congos. Os foliões exclamam excitados para o grande momento, único e decisivo, para o qual se preparam o ano inteiro: o desfile de sua escola do coração. Revivem-se as tradições dos antepassados com todos os seus elementos se agrupando para compor uma só festa.
Das casas simples, das ruas de asfalto ou do alto dos morros, sai a nobreza do samba. Trabalhadores esquecem das dificuldades do cotidiano e têm seus dias de reis e rainhas, ou damas e fidalgos; homens e mulheres, jovens e velhos, ricos e pobres, comungam a santidade deste momento ancestral que corre nas veias de todos nós.
Da comissão de frente à velha guarda, a expectativa para a hora da explosão de euforia num misto de honroso dever e satisfação pessoal. A felicidade é insulana e alegria é sinônimo de União da Ilha do Governador, famosa pelos desfiles coloridos e memoráveis que traçaram o caráter apaixonantemente feliz da escola. É hoje o dia! A azul, vermelha e branca evoca seu passado glorioso rumo a mais uma conquista na construção de um futuro de vitórias. Caramba, segura a marimba que lá vem a Ilha!
“Diga, espelho meu, se há na avenida alguém mais feliz que eu?*”
Duvido!
Jack Vasconcelos
Roteiro do desfile:
1º Setor: “Pelo mar”
Todos os carnavais, nossa alegria atravessa o mar para ancorar na passarela. O mar que envolve o bairro da Ilha do Governador, tão azul quanto o azul em nosso pavilhão, tão profundo quanto nossa paixão vermelha pela União da Ilha e tão cintilante quanto o branco de nossa paz de espírito por estarmos na escola que amamos. |
Nº |
Nome da Fantasia |
Nome da ala |
descrição |
Responsável pela ala |
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Cavalos Marinhos |
Comissão de Frente |
A União da Ilha do Governador é uma escola à beira-mar devido a condição de ilha do seu bairro de origem. E se o enredo se inicia nele, a comissão de frente vem representando o animal que simboliza esta característica geográfica da agremiação no pavilhão azul, vermelho e branco insulano: o cavalo marinho. |
Handerson “Big” |
1 |
Mar de Almirante |
Velha Guarda |
Pretendendo navegar em “mares de Almirante”, a União da Ilha do Governador abre o desfile com a velha-guarda da escola, que com sua experiência nos inspira e nos guia a vencer o enfrentamento deste verdadeiro mar revolto que é a competição |
Walter Cerqueira |
2 |
Rainhas do Mar |
Baianas |
Tudo começa na água. A vida começa na água. As mães baianas dão vida às escolas de samba. O mar envolve e protege a União da Ilha do Governador. O mar veste as “senhoras-rainhas” de nossa agremiação, inundando a avenida de alegria e limpando os caminhos para o desfile da escola. |
Tia Noêmia |
1ª Alegoria: Atravessando o mar
A alegoria traz elementos marinhos, reais e míticos, para compor o cenário de beleza e mistério que o mar exerce, e sempre exerceu, no imaginário coletivo. Por excelência, a sua travessia sempre representa a transposição de um mundo para outro, de um ponto de que se parte a um outro no qual não se estava. Em nosso enredo pode ser: da realidade cotidiana para a fantasia carnavalesca traduzida na chegada dos nosso insulanos para o desfile ou a travessia e chegada da cultura negra em nosso país que inicia nossa história.
Principais destaques:
Alexandre Coutinho. Fantasia: Netuno
Sandro Piná. Fantasia: Reino das Águas
Cristiano Morato. Fantasia: Ser Aquático
Nedinho Vilar. Fantasia: Alegoria Marinha
Dejanilton Melo. Fantasia: Alegoria Marinha
Janice Fernandes. Fantasia: Fantasia Marinha
Marcia Grassano. Fantasia: Fantasia Marinha |
2º Setor: “Raízes”
Foi também atravessando o mar que os negros africanos nos trouxeram sua alegria – é claro que não nos referimos às condições degradantes a qual foram submetidos no processo de escravidão, e sim ao caráter festivo dos povos africanos – e ancoraram por aqui toda a sua ancestralidade cultural. Suas Nações e dinastias vindas de várias partes da África, clamando por Olorum ou por Alá, fizeram o desembarque fascinante de suas culturas para lançar em nossa terra a semente que germinaria o maior show do planeta. |
3 |
Feiticeiros |
Passo Marcado |
O conhecimento místico dos sacerdotes africanos trazidos escravizados para o Brasil disseminou rituais mágicos e religiosos, como os cultos aos Orixás; estes de origem totêmica e familiar, tendo por base a alma da natureza e seus elementos. |
Ledy Rolzst |
4 |
Oráculo |
Comunidade |
As forças superiores são sempre solicitadas para a solução de problemas do cotidiano, e a prática da magia é sempre adotada em busca das soluções. O oráculo dos búzios é feito através da interpretação dos segredos contidos nos diferentes Odù. |
Edú, Ana Paula e Fátima |
5 |
Guerreiros |
Canta Ilha |
Os escravos africanos trazidos para o Brasil pertenciam a vários grupos étnicos, como os Bantu, Yoruba, Ewe e Fon. evoluíram diversas "divisões" ou nações, que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, música e língua sagrada usada nos rituas. |
Marcelo Guimarães |
1º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Ourivesaria
Ouro, bronze, marfim, diamantes... A fantasia representa a riqueza e sofisticação dos trabalhos de ourivesaria dos povos africanos. |
6 |
Máscaras |
Amigos da EISA |
Formas mais conhecidas da plástica africana, representando um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade de adquirir forças mágicas. As máscaras têm um significado místico, importante na arte africana sendo usadas nos rituais e funerais, transformando o corpo de quem a carrega e conservando sua individualidade. |
Dirley dos Santos e Adriano Amaral |
7 |
Totens |
Comunidade |
De caráter coletivo tribal e religioso, personifica os deuses, objetos ou animais cultuados por uma aldeia ou grupo. |
Alênio e Amanda |
2ª Alegoria: Raízes africanas
Tambores, atabaques e afins, unindo-se aos cânticos e louvores. Artífices de “mãos cheias” que talham, trançam, esculpem, pintam e forjam como poucos. Além das tradições plásticas, orais e musicais como seus batuques, ritos e instrumentos. Música para a magia, para a fé, para o amor, para a guerra, para os homens conversarem com seus deuses. Escudos, marfins, leões e esculturas formam um cenário que traduz a força e a riqueza do povo e do solo africano, num misto de tribalidade guerreira e nobreza Real.
Principais destaques:
Fábio Lima. Fantasia: Rei Africano
Maurício Lopes: Fantasia: Sacerdote Africano
Kleyton Heller. Fantasia: Guerreiro Africano
Carla Costa. Fantasia: Jóias Africanas
Helena. Fantasia: Sacerdotisa Africana |
3º Setor: “Festas barrocas”
Espalhando seus cantos, danças e crenças, a força do trabalho negro embalou nosso mestiço país menino. Das sonoras noites nas senzalas nasce o lundu misturado aos bate-coxas e umbigadas.Com a chegada gloriosa do batismo cristão, ganhou-se o domingo para as festas e batucadas após a santa missa matinal, bem alinhados em roupas coloridas e vistosas. Festejos negros em homenagem a santos católicos florescem e, desta união sincrética, vão aparecer cerimônias, autos, embaixadas e folias. |
8 |
Brincantes das Folias e Embaixadas |
Sacode quem pode |
Folias de vários tipos, pomposas Embaixadas, procissões festivas, louvores cantados e dançados homenageiam santos católicos como São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, considerados padroeiros dos negros, em manifestações populares sincréticas. |
Jorge Santos |
9 |
Anjinhos de Reis |
Crianças |
Em louvor aos “Santos Reis Magos”, a Folia de Reis é um culto de origem portuguesa ligado aos festejos natalinos que ganha contornos de origens africanas, como as fortes batidas e um clímax de entonação vocal, com a conversão religiosa de negros que formarão muitos grupos e “ternos”, acentuando o sincretismo miscigenado. |
Carla Regina |
10 |
Pajens dos Cortejos |
Alegrilha |
O pálio que é transportado pelo Escravo, ou Pajem, que o gira entre suas mãos lembrando o movimento da Terra, figura os cortejos de Reis e Rainhas africanos vestidos de monarquia branca. O uso deste tipo de guarda-sol é costume árabe, ainda hoje presente em certas regiões africanas. |
Eliane |
11 |
11 Reis Congueiros |
Feitiço da Ilha |
A presença de reis africanos é uma constante nas várias manifestações de origem negra no folclore-religioso brasileiro, como nos Congos, Maracatus, Cucumbis e suas variantes. A influência européia em uma manifestação ,que inicialmente era só de negros ,pode ser evidenciada nas solenidades que ocorrem nas Igrejas, e principalmente o padrão de Império:composição da Corte, dos soberanos, comprimentos aos Reis e coroas. |
Maria da Graça |
12 |
Rainhas das “Nações” |
Rainha Njinga |
Todo Rei vem acompanhado de sua Rainha. O maracatu nasceu nos terreiros de candomblé quando os escravos reconstituíam a coroação do Rei do Congo. Os portugueses chamavam aos "infiéis" de nação, nome que acabou sendo assumido pelos próprios negros, passando a autodenominar de Nações a seus agrupamentos. |
Arilene e Alexandre |
3ª Alegoria: Festas barrocas
Coroações de Reis e Rainhas com seus séqüitos reais, misturando hierarquia africana com monarquia portuguesa em cortejos e procissões. Muitos continham dramatizações e encenações em seu desenvolvimento como um “enredo”. Modelos estes, aliás, seguidos até hoje como formato de desfile pelas escolas de samba. Muitos grupos de negros aproveitavam-se da relativa liberalidade reinante para conseguir autorização policial para se apresentarem durante a época dos festejos carnavalescos. A alegoria mistura o estilo barroco com a tropicalidade brasileira para simbolizar a miscigenação de etnias e costumes.
Principais destaques:
Paula Capaz. Fantasia: Rosário Barroco
Ademilson Cunha. Fantasia: Reisados e Congados
Graziela Klue. Fantasia: Festa Barroca
Aline Pinto. Fantasia: Festa Barroca
Rodrigo Jerônimo. Fantasia: Rei de Fitas
Adilson Santos. Fantasia: Rei de Fitas |
4º Setor: “Cortejos carnavalescos”
E o “cortejo” virou preferência na organização da brincadeira de carnaval, em resposta à bagunça agressiva do antigo entrudo português que emporcalhava as pessoas e a cidade. Grupos e comunidades se reuniam para desfilar fantasiados pelas ruas, abrindo alas para a folia. |
13 |
Cordões, Blocos, Bandas e Bandos |
Xodó da Ilha |
O carnaval carioca começou a se transformar a partir da criação de bailes carnavalescos e a introdução dos costumes europeus, mais “civilizados” em relação ao violento Entrudo português. Nas ruas, o povo fantasiado tocando seus instrumentos, cantando e dançando, mistura de vez as raças e classes. As turmas e famílias com fantasias unificadas vão inspirar o surgimento das chamadas “alas”. |
Dinaléa Prata |
14 |
Ranchos Carnavalescos |
Bateria |
De origem marcadamente popular, a criação dos Ranchos sofreu influência nordestina, que se caracterizou por incorporar ao Carnaval elementos de procissões religiosas de tradição negra e de manifestações folclóricas típicas do Dia de Reis, usando marchas e maxixes como música, tocadas por uma orquestra. |
Mestre Riquinho |
15 |
Promenades |
Passistas |
Para exibir suas ricas fantasias ao povo, elegantes foliões promoviam passeios em grupos, ou promenades, aos moldes do então já quase extinto carnaval romano deslumbrando a população. |
Landes Maria e Suelen |
16 |
Estandartes e Pavilhões |
Malandrinhos |
Os estandartes são os pais das bandeiras das agremiações de hoje. Reunindo as características individuais de cada grêmio, são empunhados em todas as manifestações grupais de carnaval. |
Ricardo Maia |
17 |
Mascarados |
Samba-Charme |
A elite carioca copiou o carnaval francês, fazendo com que a moda dos Bailes de Máscaras, Bailes à Fantasia ou Bals Masqués fosse rapidamente seguida. |
Robson Vasconcellos |
4ª Alegoria: Préstitos carnavalescos
Os Grandes Clubes Carnavalescos e as Grandes Sociedades contavam com a participação de artistas plásticos e cenógrafos, em sua maioria vindos do teatro, para a confecção de seus estandartes e carros alegóricos sendo os primeiros núcleos de geradores de profissionais que se dedicavam a produção dos desfiles de carnaval., os chamados Técnicos. A acirrada competição dos desfiles exigiu uma sofisticação crescente na realização plástica dos cortejos. A alegoria, em tons claros de ouro e prata, dá um tom nostálgico aos faustosos e lendários desfiles antigos.
Principais destaques
Rogéria Meneguel. Fantasia: Mascadas
Mônica Carvalho. Fantasia: Musa dos Fenianos
Leandro Fonseca. Fantasia: Arlequim
Ludmila de Aquino. Fantasia: Colombina
Samyle Cunha. Fantasia: Musa dos Tenentes do Diabo
Luiz Tanuz. Fantasia: Tenentes do Diabo |
5º Setor: “Meu samba”
O samba, com seus diferentes estilos, se consolida como expressão cultural do carioca. Mas seus adeptos serão alvo de preconceito e discriminação. Contudo, a repressão só o fortalecerá e ele vencerá a luta do “rochedo com o mar”. Verdadeira voz do morro e do povo, o samba vencerá as dificuldades e ganhará força com o aparecimento das primeiras “escolas de samba”, que traduzirão em seus desfiles o histórico da influência e da resistência cultural negra na miscigenação de nosso povo. |
18 |
Meu Barracão |
Comunidade |
A população dos morros cariocas enfrentaram a rejeição social produzindo arte, música, samba. O ritmo adquiriu sua diversidade artística e estabeleceu, na zona urbana, como um movimento de inegável valor social. |
Mário e Ruth |
19 |
Violão e Pandeiros |
Pura Amizade |
União simbólica de dois instrumentos musicais para traduzir a fusão do “samba do morro”, representado pelos pandeiros, com o “samba do asfalto”, representado pelo violão. |
Claudia Helena |
20 |
Seu Guarda |
Tropical |
O samba será duramente perseguido e seus adeptos serão alvo de preconceito e discriminação, sendo comum a repressão policial aos sambistas. |
Ricardo Ribeiro |
21 |
Poetas do Samba |
Compositores |
Com a formação das primeiras escolas de samba surge o samba enredo, também chamado de samba-de-enredo; gênero musical que conta a história que se pretende levar para o desfile da agremiação e composto pelos chamados “poetas” das escolas. |
Carlinhos Fuzil |
22 |
Rezado e Benzido |
Raízes |
Devido a ligação direta com os cultos de magia afro-brasileiros, o samba carrega uma alta carga de misticismo e superstição. Signos e símbolos desta influência estão presentes na sua estrutura musical e no comportamento dos sambistas em geral. |
Cidália |
Tripé: Mãe-de-Santo
O nosso bom e velho samba é filho legítimo dos terreiros das religiões afro-brasileiras, com seus Orixás e entidades, herdando o misticismo, a musicalidade e a tradição dramática de seus pontos e louvores. Marginalizado e perseguido, o samba é gerado, alimentado e escondido nos fundos das casas e terreiros de fé das lendárias “tias baianas”, mães-de-santo e do samba. |
6º Setor: “É hoje o dia!”
“É hoje!”. Assim exclamavam os negros nos preparativos dos antigos congos. Os foliões exclamam excitados para o grande momento, único e decisivo, para o qual se preparam o ano inteiro: o desfile de sua escola do coração. Da comissão de frente à velha guarda, a expectativa para a hora da explosão de euforia num misto de honroso dever e satisfação pessoal. Revivem-se as tradições dos antepassados com todos os seus elementos se agrupando para compor uma só festa. |
23 |
Meu Pavilhão |
Comunidade |
O pavilhão de cada escola de samba é que há de mais sagrado dentro de cada entidade. Todas respeitam suas cores e símbolos, que variam de acordo com sua história individual. Razão de nossa paixão pela União da ilha, empunhamos orgulhosos nosso brasão azul, vermelho e branco, como verdadeiros cavaleiros em defesa de nossos símbolos. |
Rosa |
24 |
Operários da Folia |
Emergente da Folia |
Homenagem aos trabalhadores dos barracões das escolas de samba. Carpinteiros, ferreiros, escultores e empasteladores tem seus instrumentos de trabalho lembrados na figura dos palhaços, fantasia tradicional nos marcantes desfiles da escola nos anos setenta e oitenta que traçaram o perfil brincalhão da agremiação que perdura até os dias de hoje |
Paulo Monteiro |
2º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: “Riscos” e Croquis
A fantasia faz uma homenagem aos desenhistas, projetistas e figurinistas que trabalham na idealização dos desfiles das escolas de samba. Suas criações e projetos embelezam e fazem dos desfiles um verdadeiro espetáculo. |
25 |
Costurando e Adereçando a Folia |
Ala da Xuxu |
Visão poética dos aderecistas e costureiras que dão vida aos “riscos” e croquis das fantasias e adereços das escolas de samba. A proposta desta ala é reproduzir uma parte da sensação de caos dos ateliês e barracões proporcionado pela variação de cores e tipos de materiais utilizados nos trabalhos, por isso, a ala, propositalmente, não apresenta uma unidade padronizada em seu cromatismo e adereçamento. |
Tania Mara |
26 |
Nobreza Insulana |
Pipa Avoada |
Alta nobreza de sangue azul, vermelho e branco, os componentes da União da Ilha do Governador são famosos por sua alegria descontraída, suas fantasias multi-coloridas e irreverentes. Por isso a ala não apresenta, propositalmente, uma unificação no conjunto cromático individual das fantasias. |
Mr. Paull |
27 |
Reis da Folia |
Comunidade |
Todos somos reis nos quatro dias de reinado da fantasia. Na competição dos desfiles das escolas de samba, saímos de nossas casas e barracões, descemos os morros e ladeiras para sermos coroados os reis dessa festa. E somos mesmo. Todos nós. |
Luis Carlos e Dudu |
5ª Alegoria: Comunidade: É hoje o dia!
Das casas simples, das ruas de asfalto ou do alto dos morros, sai a nobreza do samba. Trabalhadores esquecem das dificuldades do cotidiano e têm seus dias de reis e rainhas, ou damas e fidalgos; homens e mulheres, jovens e velhos, ricos e pobres, comungam a santidade deste momento ancestral que corre nas veias de todos nós. A felicidade é insulana e alegria é sinônimo de União da Ilha do Governador, famosa pelos desfiles coloridos e memoráveis que traçaram o caráter apaixonantemente feliz da escola.
Principais destaques
Guina. Fantasia: Céu Insulano
Augusto Melo. Fantasia: Rei da Alegria
Edimilson Araújo. Fantasia: Espírito Folião
Claudia Bouças. Fantasia: Foliã Fantasiada
Andréia Guimarães. Fantasia: Folia
Mônica Aires. Fantasia: Folia |
Bibliografia:
- Samba de Enredo “É Hoje”, Didi e Mestrinho. G.R.E.S. União da Ilha do Governador. Rio de Janeiro: Top Tape música ltda, 1981.
- ARAÚJO, Hiram. “Carnaval: Seis Milênios de História”. Rio de Janeiro: Gryphus, 2003.
- CASCUDO, Luís da Câmara. “Made in África”. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
- ENEIDA. “História do Carnaval Carioca”. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1958.
- FERREIRA, Felipe. “O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro”. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
- LAN (pseudônimo). “As Escolas de Lan” / Ilustrações de Lan (Lanfranco Vaselli); texto de Haroldo Costa. Rio de Janeiro: Novas Direções, 2001.
- MORAIS FILHO, Melo: “Festas e Tradições Populares no Brasil”. São Paulo, EDUSP, 1979.
- MOURA, Roberto. “Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro”. Rio de Janeiro, FUNARTE, 1983
- RIO, João do. “As religiões no Rio”. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.
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