FICHA TÉCNICA 2006

 

Carnavalesco     Jack Vasconcelos
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     Tio Hélio
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     Mestre Paulão
Puxador de Samba Enredo     Ito Melodia
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Rogério Dornelles (Rogerinho) e Priscila Rosa
Segundo Casal de M.S. e P. B.     José Augusto Braga (Guga) e Natália Eusebio Batista Santos
Resp. Comissão de Frente     Luciana Yegros
Resp. Ala das Baianas     Noêmia Bastos (Tia Noêmia)
Resp. Ala das Crianças     Carla Soares

 

SINOPSE 2006

As Minas Del Rei São João

Sinopse

          Tomados pelo espírito aventureiro que impulsionou desbravadores, bandeirantes insulanos erguei-vos empunhando seu pavilhão azul, vermelho e branco rumo às Minas Gerais e à augusta jazida de São João Del Rei!
          Muitos almejam a vitória, mas só a Ilha tem o mapa da mina...
          Ribeirões em ouro, cascatas de prata, diamantes aos cachos e esmeraldas refletindo pelo caminho... assim fantasiavam ser as terras que chamavam Tijuco depois que a notícia aurífera se espalhou aos quatro ventos. Revirando seus olhos de cobiça, Portugal delirava com a realização do lendário sonho do Eldorado, até então uma quimera. Em busca de fantásticos tesouros, estava aberta a corrida pelo ouro.
          A região vira um formigueiro humano, todos atrás da riqueza supostamente rápida e fácil. As disputas pela terra e ouro eram freqüentes em pontos mineratórios, o que acirrou conflitos de toda ordem. Principalmente com os paulistas, que se julgavam donos das minas por serem pioneiros em sua descoberta, chegando ao ápice com a Guerra dos “Emboabas”, como chamavam os portugueses e brasileiros forasteiros.
          Em nome de El Rei Nosso Senhor D. João V e para organizar essa caçada aos metais preciosos, o antigo Arraial Novo do Rio das Mortes deu origem a Vila de São João Del Rei pelas mãos do governador da capitania de São Paulo e Minas do Ouro. Mas a presença da autoridade portuguesa, que só gananciava arrecadar cada vez mais e mais, não obtinha sossego. A estipulação do pagamento do Quinto, que ganhou rapidamente o bem-humorado apelido de “O Quinto dos Infernos”, e dos altos impostos sufocava o povo mineiro. Mesmo contrariando as ordens coloniais, fabricava-se doces, queijos, carnes, peças de vestuário e tecidos de algodão. O Arraial ganhou fama de “celeiro de mantimentos para as Minas Gerais”, ardendo a lenha nos fogões para cozinhar a tradição da boa comida.
          A exploração do ouro banhava a forte religiosidade sanjoanense e as capelas se multiplicavam. Oratórios eram esculpidos e igrejas seriam construídas com requintes de suntuosidade. O Barroco era talhado em seu esplendor como demonstração de fé e devoção, dourando um estilo artístico próprio. O ritual de toques e repiques dos sinos lhes daria a alcunha de “terra onde os sinos falam”, provocando divertida rivalidade entre os sineiros. As confrarias e irmandades religiosas regalavam-se nos festejos populares onde se apreciava galantes Cavalhadas, majestosos Congados e prestimosos Reisados. Contavam as beatas que virar “mula-sem-cabeça” era o destino certo das moças casadoiras que ficavam de olho comprido pra cima dos padres. Deus me livre! Coisas de um povo com a fé folheada a ouro.
          Reluzia nesse chão o espírito de liberdade.
          Chão este em que sempre houve muita rebeldia, com a fundação de quilombos como o de Campo Grande. Não foi à toa que o “Tiradentes” Joaquim José da Silva Xavier e seus companheiros do movimento da Inconfidência Mineira, que sonhavam fazer a nossa independência do domínio português, vislumbraram São João Del Rei como a capital da República. Escritores, militares, poetas, magistrados e sacerdotes se engajaram na conjuração influenciada pelos ideais da revolução francesa de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Herança perpetualizada na bandeira branca com um triângulo vermelho no centro e idealizada pelo próprio sanjoanense Tiradentes, trazendo o lema dos inconfidentes em latim: "Libertas Quae Sera Tamem" (Liberdade ainda que tardia).
          O sentimento libertário não cessaria, posteriormente influenciando D. Pedro (em visita a então Vila) e chegando a contribuir de forma decisiva no processo de Independência Nacional. A palavra sempre foi habilidosa arma da cidade, como a publicação do documento de adesão à Independência citando Montesquieu em defesa da liberdade dos cidadãos. E como profecia dos vultos inconfidentes, seria um filho da terra que nos conduziria ao caminho da democracia na Nova República com o fim ditatorial do Regime Militar e o início da Redemocratização do país, sendo aclamado pelo povo e amado até os dias de hoje.
          Se “a poesia existe nos fatos”, a pintora Tarsila do Amaral foi conhecer o carnaval carioca e as cidades históricas de Minas Gerais, retratados no que originaria a pintura geométrica da fase Pau-Brasil. Caminhando pelas ruas de pedra de São João Del Rei os “olhos livres” da pintora se encheram com as cores puras dos casarios, redescobrindo com sua arte o passado colonial brasileiro e sendo uma das responsáveis pela criação de uma expressão genuinamente verde-amarela.
          A criatividade dos artesãos esculpiu o estanho, teceu tramas e rendas em ofício “bárbaro e nosso; a formação étnica rica; a riqueza vegetal; o minério; a cozinha; o ouro e a dança revertendo em riqueza”. Pau-Brasil. Tradicionalmente musical com suas orquestras e bandas... “a reza; o Carnaval; a energia íntima; o sabiá; a hospitalidade um pouco sensual, amorosa”, entre “coalhadas” (Orquestra Ribeiro Bastos) e “rapaduras” (Lira Sanjoanense). Pau-Brasil. O apito romântico da Maria Fumaça também é o canto locomotivo do progresso mineiro e de seus “cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar”. Pau-Brasil. O “Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça” e se integra ao que é o melhor carnaval de Minas desde os tempos dos bailes à fantasia da Filarmônica Sanjoanense. Pau-Brasil. “Ser regional e puro em sua época; alegria dos que não sabem e descobrem; sentido puro”. Pau-Brasil.
          Festejai, bravos insulanos! Com Minas de tantas preciosidades e de riqueza tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, São João Del Rei é uma Ilha de tesouros, cercada de história por todos os lados...

Jack Vasconcelos

 

SAMBA ENREDO                                                2006
Enredo     As Minas Del Rei São João
Compositores     Maurício Maia, Ricardo Grassano, Carlinhos Fuzil, Niva, Muca, Alberto Varjão, Carlinhos Daninho, Adilson Cobra Criada, Bebeto do Arrastão e Pinto

Reluz no teu olhar
Azul, vermelho e branco
Que me faz sonhar
O ouro seduziu
O aventureiro insulano que partiu
Eh! Eh! Minas Gerais
Seu eldorado tem magia e muito mais
O quinto dos infernos
O povo se cansou do imposto que pagou
No esplendor da fé, barroco é devoção
Os sinos falam ao coração

Se olho comprido traz má sorte? Eu sei lá!
Seu padre se a moça é solteira? Dá azar!
Vai virar mula sem cabeça, eu quero ver
Essas beatas credo em cruz é bom benzer

Pisei no chão da liberdade
Berço da inconfidência... do meu país
Segui os passos da independência
Nova República... Povo feliz!
Nos olhos livres do artista
Refletem a arte e a brasilidade
Dessa gente divinal
Por São João del Rei, me apaixonei
E dei as cores ao meu Carnaval

Alegria! É a Ilha! A cantar
Vem na maria fumaça
Vem que eu vou te levar