“Máximas do jornalista que é o máximo!“
-
“O maior perigo do Brasil é voltar a ser colônia, desistir de ser metrópole”.
-
“Nunca tive outro patrão que não fosse o Brasil”.
-
“Alguns viajam com os pés, outros com a cabeça”.
-
“Ninguém consegue ser subversivo depois de uma feijoada”.
-
“Às vezes um adversário é mais útil que um correligionário”.
-
“A liberdade de imprensa é um direito da sociedade, portanto um dever
do jornal”.
-
“O dono efetivo do Patrimônio público não é o Estado, é o Povo, que
contribui com seus recursos para pagar, na forma de impostos”.
-
“O Liberalismo de 2 séculos atrás virou agora o Neoliberalismo, tudo
isso para dar a impressão de modernidade, tentando dissimular a servidão,
que continua a mesma
-
“Sou um socialista-anticomunista, e isto não é um paradoxo. É defesa
da liberdade
-
“O segredo para aliviar o peso do passar dos anos é ter sempre a consciência
tranqüila”.
-
“Parem de falar da minha idade...”
Poema para Barbosa Lima Sobrinho, o jornalista do século
I - Nascimento
Extra, extra,
Sopram ventos de Pernambuco,
Nasceu Barbosa,
O Varão da República,
A justiça embala,
Palmeiras dançam,
Ondas nas rochas cantam, Nasceu Lima Sobrinho
Dignidade em forma de gente.
II - Infância
Menino solto
nas ruas do Recife
Banhos no rio Capibaribe
A biblioteca do Pai Tabelião
Inspiração para toda vida
garoto seduzido pelos livros
jangadas ao vento
Em mares esverdeados
III - Juventude
Remador, Nadador
Andarilho do Sertão
Jogador de futebol
Ideal de mente sã e corpo são
Adolescente, já jornalista
Graduado Advogado
Escolhe o Rio de Janeiro
IV - Jornalismo
Jornalismo,
O grande espaço aberto
Da Liberdade de expressão
Um direito da sociedade
Um dever do jornal
Nas grandes lutas brasileiras
Em favor do bem,
A busca de um país
Socialmente justo.
Neste campo de batalha
Duas trincheiras:
O capital estrangeiro explorador
E a Ditadura Militar.
jornalista Testemunha do Século
De vida sem desvios nem curvas,
Num país de tantas voltas.
V - Amor
Um coração enfartado
Sobrevive de Amor:
Maria José,
Companheira há 66 anos
A Primeira Dama da Solidariedade
4 filhos, 5 netos, e 3 bisnetos
Espírito prático.
Mulher decidida
com ela Barbosa aprendeu
a acreditar em anjos.
Um homem de três amores:
A família, o futebol e o Brasil.
VI - Intelectualidade
A veia literária
Nos corredores do Saber.
Obras Imortais
na Academia de Assis.
VII - Cidadania
O Sonho é o mesmo de sempre:
A felicidade do Brasil.
Governador, Deputado Federal
Monumento à dignidade e honradez
Pinta a cara com B de Brasil:
Barbosa Já!
Um brasileirão,
que já nasceu imortal.
A trajetória da honestidade,
A cara do Brasil,
Sempre advogando em causas alheias
jamais teve outro patrão
Que não fosse o Brasil.
Sua vida
Uma ode de Amor ao país.
“Brasil,
Não Volte a ser colônia.
Não desista de ser metrópole”.
Longa jornada século a dentro
em busca da Cidadania
Sinopse:
Primeira Parte: Nascimento
Ventos cívicos de Pernambuco conduzem a JUSTIÇA BRASILEIRA, trazendo
em seus braços Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho, segundo dos oito
filhos do Tabelião Francisco de Lima Cintra e da dona de casa Joana
de Jesus Lima.
Era a manhã ensolarada de 22 de janeiro de 1897, quando palmeiras nordestinas
dançavam ao som do “Extra, extra!” do pequeno jornaleiro vendendo Diários
e Províncias, noticiando a brilhante e oportuna descoberta da vacina
contra a peste bubônica e o sucesso da fotografia instantânea.
A brisa doce do Recife soprava as diretrizes da retidão de caráter que
orientariam o recém-nascido por toda a vida: “Vai menino, vai ter espírito
crítico e inteligência aguçada para ajudar esta República...
Mais de um século já se passou, e ainda hoje os Rios Capibaribe e Beberibe
testemunham “Folhas” e “Jornais” sentenciando orgulhosamente:
-
Barbosa é a dignidade em forma de gente (Jornal do Brasil);
-
Lima Sobrinho é a Reserva Moral do Brasil (Revista Veja);
-
O Brasileiro nota 100 (Correio Brasiliense);
-
O Mestre da Dignidade (Isto é);
-
Um nacionalista daqueles que já não se fazem mais (O Globo);
-
Nossa grande esperança de renovação (O Pasquim);
Na arrebentação da praia da Boa Viagem, sereias e ondas nos rochedos
sibilam: “Barbosa, Barbosa, és a consciência moral deste país”.
Alegoria um: Predestinação nos ventos de Pernambuco
Segunda Parte: Infância
O menino Barbosa amava os banhos nos rios
CAPIBARIBE e Beberibe.
A recém-proclamada REPÚBLICA era o pano de fundo de uma vida familiar
modesta, mas muito feliz.
Na cozinha, o moleque deliciava-se com seu prato preferido, a carne
seca, e na biblioteca do pai tabelião, o intelectualzinho “devorava”
todos os LIVROS que encontrava, lia de tudo, de Dom Quixote à dicionários.
A paixão pelos livros começou quando um tombo obrigou o menino a ficar
um mês na cama, de perna quebrada, e a literatura tornou-se o passatempo
predileto. A partir desta data, o garoto seduzido pelas letras resolveu
escrever, na maneira singela das crianças, uma enciclopédia sobre as
coisas que mais lhe chamavam a atenção.
Hoje, se definindo como um “caipira desenraizado”, Barbosa evoca a infância
em imagens poéticas de jangadas ao vento cortando mares esverdeados.
Alegoria dois: Menino solto nas ruas do Recife
Terceira Parte: Juventude
Barbosa começou a praticar esportes aos 14 anos. Antes disso só gostava
de ler sobre as atividades físicas. E quando não estava lendo, estava
remando. Ele lembra: “A simples entrada do REMO na água e o movimento
do carrinho do banco eram apaixonantes. Depois tirava o remo da água,
mergulhava de novo. Um prazer que se renovava a cada remada. Eu era
o proa da equipe”. O corpo de atleta, conseguido com a atividade do
Remo, fez do remador o praticante de um novo esporte que estava chegando
ao Brasil: O futebol. Barbosa, que adorava os exercícios físicos, entrou
para o time do NÁUTICO CAPIBARIBE como zagueiro, pois ele gostava de
organizar o time; depois, a vontade de fazer gols o seduziu e ele acabou
se tornando um centroavante de camisa 9. E aqui vai, na opinião de Barbosa
a “Seleção de todos os tempos”: Zizi, Pelé, Garrincha, Zico, Heleno
de Freitas, Rivelino, Gerson e Ronaldinho. Além do Remo e do Futebol,
o adolescente praticava a natação nas praias da costa de Pernambuco
(“quem se acostumou a nadar na vastidão do mar não se conforma com o
confinamento da piscina”) e longas caminhadas pelo SERTÃO, onde o trajeto
mais comum era entre Recife e a distante 60 km cidade de Goiana, que
o jovem cumpria em 12 horas, de paletó!
Barbosa Lima Sobrinho era (e é) o perfeito exemplo do equilíbrio entre
o desenvolvimento do físico e do espírito; ainda hoje, aos 101 anos,
dá 400 pedaladas diárias em sua bicicleta ergométrica. O Binômio rigidez
física versus bravura cívica, que norteou toda a vida de Barbosa, já
era pregado pelo menino no primeiro artigo que escreveu na vida, datado
de 1909: “o ser humano saudável deve mesclar a leitura com a preparação
física”.
Aos 15 anos (1912) publicou seus primeiros artigos no jornal “A Província”,
de Recife. Aos 20 anos (1917) formou-se em DIREITO e aos 24 (1921) mudou-se
para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar no Jornal do Brasil, a tempo
de cobrir a última conferência de Rui Barbosa, que tornou-se uma referência
para sua obra. Cidade Nova, Time novo. Não podia ser o Flamengo, que
tem as mesmas cores que o Sport Recife, maior rival do Náutico. O escolhido
foi o Fluminense. Hoje diz: Deixei meu Pernambuco com a idéia de voltar;
e voltei para ser governador. Depois saudades
Alegoria três: Mente sã e corpo são
Quarta Parte: Jornalismo
Barbosa Lima Sobrinho acredita que a Imprensa deve ser “o grande espaço
da LIBERDADE DE EXPRESSÃO” e um “elemento transformador da sociedade”.
Para ele, a missão imperativa de sua vida jornalística foi a defesa
da liberdade de imprensa, “que não é um privilégio dos jornalistas,
mas um direito dos povos”.
Neste Campo de Batalha suas duas trincheiras sempre foram: 1) A redação,
onde através de seus artigos defende seus ideais e 2) A apresentação
como Presidente da ABI.
Os ideais mais defendidos por Barbosa ao longo dos anos foram contra
o Capital Estrangeiro explorador (“às vezes, parece que o governo brasileiro
é nomeado por Washington ou pela bolsa de New York”) e contra o Regime
da Ditadura Militar (“o golpe de 64 foi o fato político mais marcante
em minha vida”).
Da IMPRENSA ESCRITA, Barbosa viu nascer o RÁDIO e a TELEVISÃO. Hoje,
85 anos depois do primeiro artigo publicado e ultrapassando o centenário
de sua vida com lucidez e vitalidade de eterno defensor do Brasil, preocupa-se
com religião, cultura, política, racismo, esporte e educação. Do alto
de seu quase 102 anos de vida declara: “Tenho o direito de dizer apenas
aquilo que acredito”.
Tímido, reservado, doce e risonho, o jornalista é homem de sorte: aos
101 anos trabalha diariamente nas coisas que lhe dão prazer - reuniões
na ABI e na ABL, a tarefa semanal de produzir um artigo, lê durante
o dia e escreve madrugada adentro na VELHA MAQUINA de escrever Olivetti
manual.
Através do jornalismo ele busca um país socialmente justo, por isso
acredita que é aí que a política entra na sua vida, decorrente de sua
participação nas redações em todas as grandes lutas brasileiras em favor
do bem. A criação da PETROBRÁS, por exemplo, é resultado de uma de suas
campanhas nacionalistas.
Num país de tantas voltas, um jornalista que viu 23 presidentes no poder
e atravessa o século sem desvios nem curvas, tem seu passado limpo e
esperança na virada de século.
Alegoria quatro: O jornalista do século
Quinta Parte: Amor
Barbosa Lima Sobrinho conheceu Maria José na Estação
ÁGUAS DE CAMBUQUIRA,
em Minas Gerais. Apaixonaram-se e Alexandre José foi pedir a mão da
moça ao poderoso pai, advogado quatrocentão paulista.
Por ter uma jovem filha de espírito avançado para a época, que inclusive
havia sido a primeira mulher a tirar a carteira de motorista em 5. Paulo
e atravessava a cidade a bordo de um Oakland Vermelho, o pai de Maria
José foi logo desencantando o pretendente:
- Meu filho, ela não sabe cozinhar, lavar ou passar...
O apaixonado Barbosa prontamente respondeu: - Prezado senhor, trabalho
no jornal de maior classificados do país. Se estivesse precisando de
uma empregada doméstica seria fácil conseguir...
Casaram-se em 1932 (já fazem 66 anos) e tiveram quatro filhos: Roberto
(hoje já falecido), Fernando, Carlos e Lúcia ( agora já têm 5 netos
e 3 bisnetos).
Os primeiros anos de casados passaram no Leme, mas a decidida Maria
José viu um terreno na Rua Assunção, em Botafogo, à venda, e resolveu
construir a casa de seus sonhos: comprou-o, desenhou a planta, tocou
a construção e levou o “Alexandre” (ela só o trata pelo primeiro nome)
para conhecer o sobrado e morar lá.
Os filhos lembram do espírito prático da mãe e brincam: “O trivial era
com a mamãe - casa, comida, colégio. O essencial era com o papai: escolha
do papa, internacionalização da Amazônia, eleição do presidente, economia
do país... Dona Maria José confirma: “quem sempre administrou a casa
e o dinheiro fui eu. Sempre fui melhor que ele nisso
Quando Barbosa elegeu-se Governador de Pernambuco em 1948, a primeira
coisa que D. Maria José fez como Primeira-Dama foi reunir 50 mulheres
influentes do estado em um chá para dizer a elas “que uma mulher que
vê uma criança carente, com fome, e não faz nada é uma MULHER DIABA”.
Estava tomando forma a “Campanha Pernambucana Pró-Infância”, que cuidaria
de 5.000 crianças.
Em Teresópolis ela fundou a Casa do Pequeno Trabalhador e seu trabalho
humanitário lhe valeu um Título: foi escolhida pela UNESCO como uma
das 100 mulheres mais importantes deste século e sua vida é tema do
livro “Dona Maria José: Retrato de uma cidadã brasileira” das jornalistas
Ana Callado e Denilde Leitão.
Os três amores confessos de Barbosa são a família, o futebol e o Brasil.
E Dona Maria José reclama: “Ele agora só lê e escreve. O dia inteiro.
Dorme apenas duas horas e o resto do tempo quer escrever. Aliás, quer
salvar o Brasil! Às vezes digo ao Alexandre que ele só ama o Brasil.
Mas ele protesta quando digo isso”.
Protestos à parte, quando Barbosa declara “Meu CORAÇÃO ENFARTADO sobrevive
de amor” e “com minha mulher aprendi a acreditar em ANJOS” não há como
duvidar: ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher.
Alegoria cinco: A primeira dama da solidariedade
Sexta Parte: Intelectualidade
No mesmo ano em que Barbosa nasceu, MACHADO DE ASSIS fundou a Academia
Brasileira de Letras, que Lima Sobrinho presidiu em 1953 e 1954, já
sendo membro dela desde 1937.
Seu trabalho literário iniciou-se em 1924, quando ele traduziu “O DIARIO
DE ADÃO E EVA” do americano Mark Twain. A partir daí, escreveu de tudo:
de livros de contos como “Vendedor de Discursos”(1935) a ensaios históricos
como “Hipólito da Costa, Pioneiro da Independência”.
Até hoje já lançou 50 livros e deles, seus preferidos são: “JAPÃO -
O capital se faz em casa”, “A presença de Alberto Torres” e “A Revolução
de 30”.
Em sua casa na Rua Assunção, Botafogo, espalham-se 50.000 livros em
sua biblioteca de toda uma vida. Se alguém mexer, sem autorização em
um deles, ele fica irritado. Ainda hoje gosta muito de ler, tanto que
substituiu os óculos por uma lupa, e a televisão ele só liga para ver
os noticiários e os jogos do FLUMINENSE.
Alegoria Seis: Academia Brasileira de Letras
Sétima Parte: Cidadania
Perguntado sobre qual o presente que gostaria de receber aos 100 anos,
Barbosa Lima Sobrinho prontamente disparou: meu sonho atual é o mesmo
de sempre: “Ver os Brasileiros felizes, trabalhando pelo progresso do
país. Enfim, a felicidade do Brasil”.
Este monumento à dignidade e à honradez foi 2 vezes governador de Pernambuco
(1947 e 1951), 3 vezes Deputado Federal (1934, 1945 e 1958) pelo PSD,
e em 1973 foi anticandidato à Vice Presidente da República na chapa
simbólica de Ulisses Guimarães contra o candidato da ditadura. Eles
não tinham chance, mas marcaram a presença de protesto contra o regime.
Ocupou também a Presidência do Instituto de AÇÚCAR e ÁLCOOL durante
o governo Vargas; seu engajamento na Campanha das DIRETAS JÁ em 1984
emocionou o país quando os jovens PINTARAM A CARA com o “B” DE BRASIL
e Barbosa, e em 1992 foi escolhido pela Ordem dos Advogado do Brasil
e pelos partidos de oposição para liderar em caráter suprapartidário
com a sua assinatura número 1 o pedido de IMPEACHMENT de Fernando Collor
de Mello.
Ou seja, Barbosa é uma testemunha imparcial e conseqüente deste século
brasileiro. Considera a década de Getúlio Vargas como a mais rica (
“basta a consagração da Petrobrás que é fundamental”) e o acordar de
Brasília, as Diretas Já e o Impeachment. Não adianta rotular Alexandre
José Barbosa Lima Sobrinho dentro de uma atividade ou profissão: ele
é maior que definições, é grande como o Brasil. Aliás, ele é um brasileirão,
Barbosa é a Cara do Brasil. Mais Típico seria impossível: Nordestino
Cabra da Peste, jogador de futebol, nadador de praia e supersticioso
(pois faz tempo que não apaga velas de aniversário, dizendo “é como
apagar um ano de vida”).
Para ele o Bisneto Pedro é o futuro e a alegria de seu nome continuado.
Com ele Barbosa senta-se à mesa da cozinha e comem de tudo: adoram sopa,
arroz e feijão e cuscuz paulista feito por D. Maria José.
Barbosa é um homem apaixonante, que já nasceu imortal.
Das jangadas de Pernambuco aos Palácios da Cena Nacional, com B de Brasil
Barbosa compôs a trajetória da honestidade, uma Ode de Amor ao país,
sempre advogando as causas alheias, numa luta quase impossível para
fazer desta confusão uma Nação respeitável no próximo milênio.
Alegoria Sete: Brasil grávido de esperança