FICHA TÉCNICA 2004

 

Carnavalesco     Wagner P. Silva e Comissão de Carnaval
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     ................................................................
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 2004

De cana caiana a purinha

A invenção da Cachaça

          Originária da Ásia, a cana de açúcar foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI.
          Durante séculos, a zona da mata nordestina foi a grande produtora do Brasil.
          Na colonização do Brasil a produção de açúcar dependia da força de trabalho, que era escassa na colônia, para que a “Empresa açucareira” pudesse prosperar e dar lucro para Portugal.
          A partir de 1584 o trabalho escravo foi fundamental para o desenvolvimento da indústria do açúcar, concorrendo entre outras coisas, para aumentar a produção da cachaça, pois os alambiques estavam situados quase que exclusivamente nos engenhos.
          A garapa, ao coagular-se num primeiro tacho, com pouco fogo, dava uma espuma um tanto feculenta e abundante chamada de cagassa, que servia de comida e bebida somente para o gado.
          Já no livro de contas do engenho de Serjipe do Conde, engenho esse dos jesuítas e localizado no recôncavo da Bahia, consta que no período de 1622 a 1653, se servia água ardente aos escravos durante o trabalho, para que pudessem suportar as jornadas de trabalho, era a primeira refeição que tinha a expressão “comer água”.

A Cachaça na História

          A disputa pela produção de açúcar e a sua distribuição na Europa, onde o açúcar era bastante valorizado, levou os Holandeses a invadirem o nordeste brasileiro.
          O período do Conde de Nassau foi uma época de grande  prosperidade econômica e artística, foi nesta época também que surgiu o Quilombo dos Palmares, refugio de escravos que se rebelaram nas plantações de cana de açúcar.
          A decadência da lavoura de cana de açúcar, se deu com a competição do açúcar das Antilhas, na América Central.
          Com a descoberta do ouro nas Minas Gerais, a economia colonial entrou em uma nova era de prosperidade, muitos escravos migraram do nordeste açucareiro para área de mineração do ouro, espalhando a produção e o hábito de beber cachaça.
          Até hoje o estado de Minas Gerais é conhecido pela sua boa cachaça.
          Outro centro exportador do ouro era a cidade de Parati, no Rio de Janeiro, do qual a famosa cachaça virou sinônimo.
          O crescimento da produção de cachaça e a sua popularização, passaram a ser ameaça aos interesses dos portugueses que fabricavam a aguardente metropolitana na Bagaceira (do bagaço da uva).
          Já, em 1635, era proibida a venda da cachaça na Bahia.
          Em 1639, deu-as a primeira tentativa de impedir até o fabrico do produto, mais a partir de então, iniciou-se a reação dos interesses locais, formada por senhores de engenho, comerciantes, destiladores, e, assim, enquanto a disputa sofria flutuações, aumentava a fabricação e o costume das “Bebidas de Vinho do Mel. A Cachaça”
          A metrópole sendo derrotada na luta contra a cachaça brasileira, mudou então a política, e, em 1756 o produto figurava entre os gêneros, que pela tributação, concorriam para a reconstrução de Lisboa, após a sua destruição pelo terremoto.
          No século XIX, o consumo de cachaça já era alto.
          Há referências aos sérios problemas de produtividade insuficiente dos engenhos, em decorrência do crescimento de seu consumo, principalmente de negros e irlandeses. E no mesmo período, já era também pretexto para a exaltação patriótica contra o domínio português, e na região do nordeste, surge o movimento da Confederação do Equador, de aspiração republicana, onde então o coronel e vice-presidente da província do Ceará, fazia seus brindes com cachaça, ao movimento em referência ao nacionalismo, tornou-se assim cachaça o símbolo da luta pela “Independência do Brasil”.

O Folclore da Cachaça

          Entre os aspectos folclóricos do seu uso, começaram e propagarem-se os de natureza medicinal, havendo receitas caseiras muito elaboradas de remédios à base de cachaça e ervas, e no terreno da superstição, consignam-se procedimentos, tais como o dever de deixar um pouco da bebida no copo, a fim de se jogar fora, por cima do ombro direito, com vistas a um “ofertório” para as almas em geral, e em particular as dos bêbados na filosofia popular temos os ditos:

“Água que passarinho não bebe
“Mais vale um bêbado conhecido do que um alcoólatra anônimo

          Também é utilizada como sinônimo de Hobby:

“Minha cachaça é o futebol”

          Os apelidos da cachaça rivalizam com a quantidade de nomes dados ao diabo:

“Moça Branca, Caninha, Cana, Canjibrina, Jiribita, Remédio, Purinha e Pinga”

          A cachaça também explica as diferenças sociais:

“Rico bebe socialmente e o pobre é cachaceiro”
"O negrinho quando morre foi cachaça que mato”
"O branquinho quando morre Jesus Cristo que levô”

          A principal mistura da cachaça hoje pode ser realizada em grandes alambiques industriais ou ainda artesanalmente em barro ( á a boa)

“Óia como bebe
Esse povo brasileiro
Inxuga um garrafom
Mais depressa que funi....”

Wagner P. Silva e Comissão de Carnaval

 

SAMBA ENREDO                                                2004
Enredo     Da Cana Caiana à Purinha
Compositores     J.Giovame. Gilberto Fama, Marcio Preza, Edinho Mocidade, Galgo, Tião do Cavaco, Jorginho do Pandeiro, Ditão e Titi Metralha
Lá na Ásia
Pela mão de Portugal
Na zona da mata
Pós escravo no canavial
O pé de cana chegou
E se espalhou pelo engenho
O Boi provou sua cangassa
E o escravo gostava de comer água
O invasor Holandês pisou no nordeste brasileiro
De olho na prosperidade
Despertou o Quilombo dos Palmares
A mineração fez jurubita tomar outra direção

Parati botei no copo
De Minas dei pra galera
A Cana é boa, passa a régua
Eu tô que tô legal
Tem pinga no meu carnaval


A proibição
Lá nas terras da Bahia
Quanto mais se proibia
Mais o povão queria
Brindou o lutador
Na confederação do Equador
Bebemorou o povo varonil
Pela independência do Brasil

Misturada com limão, é caipirinha
O Sereno apresenta
A história da purinha