Mangaratiba,
uma História de Lutas para todos que Amam a Terra e a Liberdade
Introdução:
No
litoral sul do Rio de Janeiro, onde a serra penetra o mar, existe um
município que se identifica com a São Clemente pela sua garra e espírito
de sobrevivência.
Ao longo
dos anos seu povo escreveu uma história de bravura, lutas e de trabalho
que fazem de Mangaratiba um orgulho para todos que amam a terra e a
liberdade.
Nosso propósito
é mostrar, não somente a beleza mas principalmente a história que se
esconde nas ruínas deste magnífico recanto.
Aproximadamente
há 1000 anos atrás, os Tupinambás eram os habitantes de Mangaratiba.
Eram ótimos navegantes, construtores navais e grandes guerreiros, que
lutavam em defesa de seu território, especialmente contra os Tupiniquins.
Cada vitória era comemorada com grande banquete sagrado, onde a carne
dos prisioneiros, era comida para que seu espírito pudesse fortalecer
os guerreiros da tribo.
Povo religioso, acreditava e cultuava Tupã, o Deus do Trovão e respeitavam
os espíritos da natureza como os Caaporas e Curupiras.
No início do séc. XVI a terra Tupinambá foi visitada pelos portugueses
(perós) que buscavam ouro. O ouro não foi encontrado e os portugueses
abandonaram a terra.
Foi então a vez dos franceses (maires) em busca do pau-brasil (arabutã)
que trocavam com os índios por espelhos, enfeites, machados e facões.
Em 1530, o rei de Portugal, temendo invasões francesas, dividiu o território
brasileiro em Capitanias Hereditárias, e Mangaratiba passou a fazer
parte da Capitania de São Vicente.
Durante quase dois séculos, a região foi abandonada pelas autoridades
coloniais, provocando sua estagnação econômica.
A partir de 1830, o café passou a ser o principal produto de exportação
brasileiro. A importância do café para a economia local não se restringia
a produção e sim, no escoamento através de seu porto que tinha grande
movimentação. Outra atividade comercial muito explorada era o tráfico
de escravos, que aportavam em navios negreiros vindos da África, para
trabalhar nas fazendas cafeeiras. O convívio do branco, negro e do índio
esboçou a origem do povo de Mangaratiba.
Por volta de 1914 iniciou-se na região o cultivo de bananas com o objetivo
de exportação. O relevo possibilitava esta cultura que também dispensava
muita mão-de-obra.
Houve grande devastação na Mata Atlântica com queimadas para o plantio,
surgindo mais uma atividade econômica, o extrativismo de carvão, produzido
pelas queimadas.
As belezas naturais e riqueza histórica da região de Mangaratiba são
exuberantes, em seus ares enxames de pássaros de diversas cores voam,
em suas águas a vida se preserva e no meio da mata verde, caprichosamente
a serra encontra o mar. Suas praias banhadas pelos raios de sol, são
formadas em estreita faixa de areia, tornando-se um grande atrativo
para os veranistas, transformando atualmente o turismo, na principal
atividade econômica da cidade.
Sinopse:
Oh! Brasil... Terra de um rico passado...
A São Clemente, abre as portas do tempo...
Bate forte seu tambor...Racha a terra...
Mostra a cara dessa pátria, sua história...
São Clemente... Mangaratiba... Brasil
O índio, o dono da terra... Mangaratiba... Terra onde existe abundância...
A magnífica situação geográfica, suas praias, a beleza surpreendente do conjunto forte de montanhas, florestas e o mar. Tudo dotou a população de privilégios excepcionais e múltiplos encantos, que fez campanha à boa fortuna.
Terra dos
Tupinambás... Local de maior aldeia desse povo no passado, início dos tempos...
Verdadeiro dono da Terra... Terra de incomensurável beleza, de inúmeras zonas piscosas, terras agriculturáveis, bosques provedores de farta caça e ornamentos para adornos, utensílios e remédios...
Senhores do profundo conhecimento da terra e das variações climáticas, dos hábitos e da dieta dos animais, cultuavam o Deus Tupã, e admiravam o Sol e a Lua.
Excelentes navegadores e construtores náuticos construíam enormes canoas feitas de um só tronco, para até duas dúzias de remadores, eram utilizadas no comércio e na guerra.
Guerra... Há guerra, para afastar as tribos próximas e a invasão do colonizador.
Guerreiros tenazes...Contam histórias de práticas canibalistícas...
Comer carne humana, não servia, como dizem certas lendas, para satisfazer a vingança de parentes mortos ou a necessidade de repor proteínas. Era em realidade, um ritual de liderança que permeava aspectos culturais, como casamento, chefia e xamanismo. Adquiria honra e respeito, ter uma mulher fértil ou mais de uma, só era permitido ao guerreiro que matasse um prisioneiro, cuja carne era partilhada pela tribo, num ritual antropofágico, com cerimonial solene e frutuoso, onde eram exibidos ricos mantos com plumagem, comida farta e música. O convidado de honra era o próprio prisioneiro, o qual convivia vários meses com seus captores e não fugia para honrar sua tribo.
Assim, foi a vida, por séculos sem conta...Mas, não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe...
Há guerra... Oh guerra... Infeliz defesa da paz... Chega então o colonizador! Há guerra... Oh guerra... Infeliz defesa da paz... Chega então o colonizador!
O colonizador
A história do Município remonta ao século XVI, com a doação por D. João II, das Capitanias Hereditárias. Em 1534 Pêro Lopes de Souza recebe a Capitania de Santo Amaro à qual pertenciam as terras de Mangaratiba. Os primeiros colonizadores viviam a procura de tesouros, sob constantes ataques dos índios tupinambás aliados dos franceses que levavam o Pau Brasil. Em 1620 Martim Afonso de Sá mandou trazer de Porto Seguro um grupo de índios tupiniquins catequizados e, com a ajuda dos jesuítas, estabeleceu aldeamentos, primeiro na ilha de Marambaia e depois, no continente, fundando um povoado na Praia de São Brás em Ingatiba. Em 1688, devido às fortes ressacas e inundações nessa área, a população decidiu transferir o povoado para o sítio onde ficava o antigo cemitério, onde hoje se localiza o centro urbano de Mangaratiba.
Oh tempo... Quando o homem respeitava a floresta, a fauna, as águas e tudo mais, dono da terra, os tupinambás, chamados índios pêlos que por ganância aqui chegaram em busca, dizem das índias, suas especialidades e tesouros, mesmo não estando nas terras mágicas do Oriente, fizeram aqui o espólio que iriam fazer lá.
Terra de quem... Tamoios... Brasil... Portugueses... Franceses...
Terra de todos ou de ninguém?...
O comércio
Expulso os franceses, espalha-se a nobreza portuguesa...Surgem propriedades, latifúndios, rasga-se o coração da mãe África, surge à lavoura...O café...Negro...O negro da África... Escravidão... O Comendador Joaquim José de Sousa Breves foi o maior dos Breves, figura patriarcal de grão-senhor rural O mais opulento fazendeiro no Brasil Imperial, rei do café de sua época.
Amava, sobretudo a gleba, a quem estava ligado por laços eternos. Sob a chefia desse homem extraordinário os cafeeiros eram plantados em ondas verdejantes, pêlos vales, colinas e encostas de seus imensos latifúndios. Desflorestar, preparar a terra e plantar era uma constante de sua vida. Foram plantados mais de cinco milhões de mudas de cafeeiros, com a mão de obra escrava. À medida que intensificavam as culturas, aumentava a necessidade de braços, alimentos, vestuários, senzalas, hospitais, medicamentos, terras, inclusive disciplina, e tudo mais para uma fecunda administração. Mas, a tudo provia esse fabuloso senhor rural, e o fazia sabiamente.
Senhor de tantos milhares de seres humanos compreendeu o fazendeiro, inteligente como era, que a melhor disciplina seria a temperada com certa brandura com os seus cativos e tinha especial habilidade para conduzir o seu rebanho. Querendo granjear a simpatia dos negros, sempre irritados pela energia dos feitores mostrava-se bondoso, o que resumia em melhoria de bóia, em maiores rações de cachaça e na permissão para as danças, destacando-se a capoeira.
Oh Porto..
Porta de entrada de sonhos ou fuga para o mundo desconhecido de além mar...
Doce encantamento nas velas que embandeiram a paisagem sobre o balanço suave das águas, nas refinadas mesas com, sabores distantes, nos amenizando saudades com notícia dos ainda longe ou o desembarque da pessoa amada, para o abraço finalmente em terra, porto das dolorosas saudades da pátria distante, deixada por amor, trabalhos, negócios ou retirados a força pela escravidão. Porto...
Mas, a grandeza de Mangaratiba não foi só como elemento produtor, mas como porto de embarque de café.. Ali se apinhavam sacas de café que as tropas conduziam pela estrada abaixo e enchiam trapiches, até serem conduzidas para as braças e para os dois navios "Marambaia e Januária", do Comendador Joaquim José de Souza Breves. Porto tributário de vasta zona cafeeira, exportando mais de um milhão de arrobas de café, Mangaratiba teve dias de invejável prosperidade e um redemoinho de negócios agitava as cabeças que se moviam naquele ar quente com o cheiro resinoso do café em grão. Quando, porém o café desertou daquelas paragens, no último quartel do século passado, e a construção das estradas de ferro Pedro II e Piraiense, modificaram o aspecto
econômico da região. Há de ficar na lembrança dos habitantes de Mangaratiba, e na sua própria história, a figura do velho Comendador Joaquim José de Souza Breves, que com sua grande tenacidade, fez de Mangaratiba um centro de riquezas, transformando a pequena vila em um importante escoadouro de riquezas da terra fluminense.
Miscigenação
Oh! Brasil moreno, mulato, cafuzo, ameríndio, africano, europeu, país continente,perfeito ambiente para miscigenação...
Terra de Santos, caboclos, orixás, mitos e crenças, lindos lugares, paraísos da alma, inferno da carne, verso, poesia do corpo de três continentes, desejos latentes, casamentos das raças, no plano do plano divino, nasceu da mistura o fruto.
Do índio a pureza, o domínio das matas, o som das cascatas e cachoeiras que despencam dos rios em quedas, a crença em Tupã, Jaci, Coaraci, a igualdade fraternidade e liberdade sem fim.
Da Europa, a corte, e a cultura de além mar. O evangelho, o fogo nos olhos do desejo incontido de conhecer e dominar, o Padre a igreja, a cruz, São Pedro, São Paulo, Santo António, São João e Jesus. O valoroso São Jorge, guerreiro da capadócia.
A mesa o prato e o talher a casa o quarto a cama, o homem guerreiro destemido, a guerra, a sede, a fome, e a solidão, pois da Europa o homem não trouxe a mulher.
Trouxe sim junto consigo da África a escravidão, o negro, forte, que com sangue, suor e lágrimas, sustentou essa nação, deu mãos à agricultura, braços a escravidão, das minas tirou ouro e pedras preciosas, enriquecendo esse torrão. Deu o corpo ao sacrifício e a todos coração, deu cantigas nas senzalas, capoeira, feijoada, deu quilombo liberdade, orixás pra proteção, com as tetas da mãe África amamentou três continentes cuidou do plantio ao engenho, o café, plantou, colheu, ensacou, e nas costas transportou.
Da senzala a casa grande foi o negro quem cuidou, nas noites lavava com lágrimas as feridas do corpo e lamentava no banzo, a distancia da mãe África lhe apertava o coração, pra sinhá, servia a mesa, e dava filhos ao patrão.
No Brasil a fogosidade latina se iria dar muito bem com o espírito aberto das índias criando mameluco - mais tarde ótimo auxiliar dos bandeirantes. Indiretamente - ao levar os escravos negros para o Brasil - o português seria ainda responsável por um novo tipo de mestiço, o cafuzo, fruto da união entre índios e africanos.
Em nenhuma das circunstâncias é o caso digno de admiração. O português que partia a aventura nas novas terras descobertas, casado ou não, estava só e era, normalmente, um homem rude, adaptável a qualquer situação. Quando se tratava de companhia feminina pouca lhe interessaria a cor ou o tipo. No tempo dos primeiros contatos entre portugueses e índios muitos foram os que, de livre vontade, se integraram completamente nas tribos índias, adaptando os seus modos de vida, e aqueles que o não fizeram viram-se obrigados a acomoda-se à forma de vida indígena, pois necessitavam de alimentos, de proteção contra tribos hostis e... De mulheres. "Todos nós brasileiros somos carne da carne daqueles pretos e índios, como descendentes de escravos e de senhores seremos marcados pelo exercício da brutalidade sobre aqueles homens, mulheres e crianças".
Turismo
Oh! Mangaratiba, depois de tantos momentos de glória e dor, és historia de fato e direito, forte terra do café, abrigou o luxo e a fortuna. Importaste e exportaste, tristezas e riquezas, foi fazenda, empório, senzala, abandonada pelo ouro negro, sobreviveste da agricultura modesta da banana e carvão, e quase arruinaram em ti, a verdadeira fortuna, a natureza, a mata atlântica que hoje ainda ostentas, que juntamente com o mar que te banha regiamente e o sol que de ti fez, sua mais linda morada é de fato um convite à vida...
Têm no teu seio as mais lindas cachoeiras, Mangaratiba, tuas praias são as mais belas que bronzeiam as mais lindas sereias. Natureza, viva na ordem do Criador, sol e mar se fundem na formação do paraíso.
Tuas baía o Criador fez em poesia, presenteando o homem com tal rara riqueza. Oh! Mangaratiba. .
Terra de um rico passado...
De um presente
tranqüilo e inteligente...
Preparando teu solo para um futuro atraente.
Por tudo isso Mangaratiba, terra onde existe abundância....
A São Clemente bate forte o seu tambor,
E convida o Brasil e o mundo, a ser feliz contigo,
Pois com certeza o Criador ficou quando te criou
Parabéns meu Rio de Janeiro, pois Mangaratiba é aqui...
E abriga em seu coração os filhos da terra
E os estrangeiros que aqui vêm para conhecer
Se encantam com este cenário romântico
Que sussurra em cada canto "Uma história de lutas, para todos os que
Amam a terra e a liberdade."
A São Clemente sempre se notabilizou pela alegria, pela
descontração e pela forma leve, solta e colorida de mostrar verdades, num irreverente toque crítico, às vezes político, muitas vezes social, mas sempre com o objetivo de conscientizar a todos.
E foi respaldado nesse caminhar de lutas, que nos veio a
idéia do enredo sobre Mangaratiba, município do sul Fluminense que se identifica com a São Clemente pela sua garra e espírito de sobrevivência.
Ao longo dos anos seu povo escreveu uma história de bravura, lutas e de trabalho que fazem de Mangaratiba um orgulho para todos que amam a terra e a liberdade.
Nosso propósito é mostrar, não somente a beleza mas principalmente a história que se esconde nas ruínas deste magnífico recanto.
Lane
Santana
Cronograma do Desfile
1º Setor:
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Comissão de Frente - Tupiniquins e
Tupinambás (será feita uma encenação, onde falará sobre a
Antropofagia) - Ritual tenebroso, índio que come gente
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1º Carro - Primeiros habitantes -
Civilização Tupinambá (Hans Staden será lembrado)
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Ala 01 – Guerreiros Tupinambás
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Ala 02 – Cacique Tupinambás
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Ala 03 – Tupã – Deus do Trovão
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Ala 04 – Sol e Lua
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Ala 05 – Senhor da Terra
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Ala 06 – Espírito Animal
2º Setor:
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2º Carro - A cobiça do branco
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Ala 6 - Portugueses (Perós)
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Ala 7 - Franceses (Maíres) - deve ser a Bateria
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Ala 8 - Troca Troca - Passistas
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Ala 9 - Divisão das terras (Capitanias Hereditárias)
3º Setor:
4º Setor:
5º Setor:
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