FICHA TÉCNICA 2000

 

Carnavalesco     João Luís de Moura & Sônia Regina
Diretor de Carnaval     Roberto Almeida Gomes
Diretor de Harmonia     Marcos Antônio dos Santos (Marquinhos Harmonia)
Diretor de Evolução     Marcos Antônio dos Santos (Marquinhos Harmonia)
Diretor de Bateria     Renato de Almeida Gomes (Mestre Renatinho)
Puxador de Samba Enredo     Rixxa
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Sidclei & Cíntia
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Marcelo & Alexandra
Resp. Comissão de Frente     Gabriel Cortês
Resp. Ala das Baianas     Maria Cristina da Silva Cardoso
Resp. Ala das Crianças     José Jorge - Kará

 

SINOPSE 2000

No ano 2000 a São Clemente é Tupi, com Sergipe na Sapucaí

Apresentação:

                  Um Estado não é feito apenas de circunstâncias, embora elas sejam importantes...Um Estado se constrói a partir de fundamentos que moldam a identidade de seu povo, definindo seus costumes, instituições, estabelecendo o modo pelo qual se relaciona com os outros e absorve as tendências dominantes em cada momento. São estes fundamentos apresentados a partir dessas circunstâncias, que procuraremos mostrar neste enredo e nesta viagem pela 'História de Sergipe'. As vésperas de completarmos 500 Anos de Brasil, resolvemos pensar sobre o passado, o presente e o futuro de nosso Pequeno Notável Sergipe...Verificamos quantas maravilhas esse Estado possui e não valorizamos; a beleza de sua natureza, a variedade de sua fauna, a originalidade de seu folclore e, principalmente, a generosidade de seu povo...Pensamos e repensamos sobre o que? Ou quem? Poderíamos sintetizar todo o nosso desejo de descrever este Sergipe maravilhoso somente superficialmente, mas achamos que este 'pequeno notável' merece o sintetismo global de toda a sua arte, sua magia e encanto... "No Ano 2000, a São Clemente é Tupi, com Sergipe na Sapucaí !, premia a obra do seu grande povo e o que temos de Brasil; reafirma nosso respeito por este 'grande' Estado e sua Gente, e com o orgulho de sermos brasileiros, o sonho de tornarmos esse Estado em um grande lugar onde todos possam também se orgulhar...

João Luís de Moura & Sônia Regina Carnavalescos

Enredo

                  No ano 2000 a São Clemente é Tupi, braço esquecido de nossa formação étnica e cultural. Sergipe vem dar uma outra versão para os quinhentos anos do Brasil, celebrando a nação Tupi através de seus mitos e de suas lendas, tendo em conta que aquela nação indígena tem sido considerada como um elemento sem significação para nossa formação cultural. Mas a mitologia Tupi é extremamente rica em imagens. Segundo a lenda Tupi, o mundo surge do desejo do Deus Marra...
                  Depois de criar sete deusas de pedra, Maira, não contente, resolve dar vida a uma delas.
                  Numiar era seu nome...
                  Maíra então, fez com que Numiar se casasse com seu filho Arapiá. Desse casamento nascem quatro filhos, cada um representando uma das estações do ano: o calor do Verão, a fartura do Outono, a beleza fria do Inverno e o colorido das Flores da Primavera. Os netos de Marra reinam durante três meses, sucessivamente, alternando sua influência sobre o clima do mundo visível...
                  Numiar e Arapiá, contudo, em luta pelo poder, passam a viver em profundo e severo desentendimento, o que desagrada Maíra.
                  Visando por fim ao conflito, Marra arremessa os dois para o ar transformando Arapiá em sol e Numiar em Lua, fazendo uma apologia à mãe natureza, onde no sonho Tupi, Marra criara o mundo com abundância.
Maíra divide o mundo em duas metades superpostas: noite e dia, dando a cada um deles, o reino correspondente e o castigo de jamais se encontrarem.
                  Durante as escavações para a Construção de uma hidrelétrica, uma equipe de arqueólogos descobriu em Xingó um dos maiores sítios arqueológicos do país, com achados datando de mais de 3000 anos...Vestígios de um homem desconhecido foram encontrados às margem do Rio São Francisco nos sítios arqueológicos sergipanos de Justino e Xingó. Se vamos comemorar é preciso saber, então, que somos muito mais antigos do que o Brasil dos 500 supõe...
Queremos questionar o marco cronológico do Brasil dos 500 e sua cultura primitiva... Será que o Brasil são outros quinhentos?

Somos 500 ou Somos 2000?

                  Além disso, no início da colonização, o "achado de Cabral", ficou relegado ao abandono, como "terra de ninguém'", já que os portugueses não encontraram meios de lucro no novo mundo. Foi quando outros povos descobriram, também, o Brasil, que o português foi obrigado a dar uso ao seu achado. Os holandeses permanecem no Nordeste por quase trinta anos, espanhóis conseguiram algum direito de uso através da União Ibérica.
                  Nesse momento, podemos falar da gênese da formação social brasileira, em especial a formação sergipana, ocasião em que os portugueses introduziram um modo de vida estranho a seus habitantes originais, criando uma dimensão econômica desconhecida: trouxeram bois, cavalos, burros e outros animais, devastaram a terra, cultivaram o açúcar e, em nome da 'civilização', quase destruíram por completo a grande nação Tupi.
                  As terras descobertas eram vistas apenas como meio de comércio e de obtenção de riqueza. Nem o ser humano que encontraram escapou à cobiça, por isso, trouxeram para cá a escravidão, extinta na Europa desde a antigüidade.
Escravizado, o índio tornou-se força de trabalho e o gado tomou contada terra que antes era sua. No fim, reinou o açúcar, com seu vapor maldito e seus engenhos de devorar negros.
                  Somos "terra de todos' ou 'terra de ninguém"?
                  Sergipe transpira a história do Brasil, através da explosão da raça Tupi...
                  
A culinária, o folclore, as artes e o artesanato são a alma de um povo.
                  Sergipe é um dos estados mais ricos em termos de representações e celebrações culturais.
                  O folclore é, sem dúvida, o resultado da fusão do negro, do índio e do europeu no campo da cultura. Podemos destacar os caboclinhos, o reisado, os bacamarteiros, pois também com muito Forró, viva São João!
                  Terra da pluralidade, vou comer à beça! Tem peixes variados, camarões e caranguejos.
                  À, sombra de suas árvores para descansar, ao brilho da luz, ao prazer da brisa, sou delícias de cajus, cocos, mangabas, maracujás e abacaxis que o gosto Tupi relegou...
                  O artesanato nessa terra sergipana foi traduzido em rendas, bordados e labirintos, em couro e madeira, além das cerâmicas e azulejos que são seu domínio sob a forma e criação.
                  Sou o orgulho do nordeste enfeitando meu país com o mais rico artesanato!
                  Nas artes, o tropicalismo barroco sempre presente, face ao encontro de duas culturas artísticas: a arte barroca, de origem européia ibérica, adaptada à América tropical.
                  Sergipe é também o Rio São Francisco, e o Rio não pode morrer...
                  "Não se deixa morrer, aquilo que dá a vida..."
                  
O Rio São Francisco é o rio da alma do Brasil, que corre pelo sertão a incorporar os diversos elementos do nosso povo... O Rio São Francisco é o rio das poderosas "carrancas", que abrem novos caminhos através do desconhecido, espantando fantasmas e maus espíritos.
                  As "carrancas" nasceram para proteger as embarcações contra os monstros das águas, mas hoje são belos objetos, contribuindo para desenvolver atividade artística entre os ribeirinhos.
                  Ao longo do rio, convivendo com os sertanejos e ribeirinhos, barqueiros e pescadores, crianças e velhos, existem personagens lendários com Goiajara, Anhangá, Anagi, Galo Preto, Capetinha, Cavalo d'água, Bicho d'água,Mãe d'água e Minhocão.
                  Desafiando a natureza, o homem ali desbravou o São Francisco e, semesquecer de preservar o meio ambiente, construiua Hidrelétrica de Xingó, a maior obra civil brasileira deste final de século, que gera milhões de quilowatts e que hoje representa uma das mais avançadas tecnologias em hidrelétricas do mundo.
                  É na Ilha de São Pedro, situada nesse imenso Rio dos Sertões que, nos dias de hoje, cerca de 300 índios Xocós ainda vivem e resistem...
                  Esses índios conservam a cultura tradicional de antigas tribos, como repositórios dos elementos marcantes de seus ancestrais.
                  E dessa Ilha, quem sabe, virá a glorificação ao Rio dos Sertões e a concretização da profecia de Sumé, que preconizou a constituição de uma grande nação Tupi, fundada na solidariedade, na liberdade e na coragem, sendo este o desejo da São Clemente e de Sergipe para o Brasil no Carnaval do Ano 2000.
                  "... uma coisa é saber da história segundo historiadores, e outra é vê-la através dos olhos que a viram."

João Luís de Moura & Sônia Regina
Carnavalescos e Autores do Enredo

 

SAMBA ENREDO                                                2000
Enredo     No ano 2000, a São Clemente é Tupi, com Sergipe na Sapucaí
Compositores     Helinho 107, Cláudio Filé, Reginaldo Bessa e Leonardo Alegria
Raiou a nova era
É tempo de paz na terra
Hoje a São Clemente se veste de tupi
Pra comemorar

Conta a lenda que o Deus Maíra
Sete deusas de pedra criou
E Numiar...a escolhida
Com seu filho Arapiá se casou...e gerou
No seu ventre quatro estações
Para governar a nossa vida
A lua e o sol jamais vão se beijar
Assim Maíra fez a paz reinar

Xingó, acende a memória
Vestígios da história...vem mostrar
Xingó, é chão que irradia
Calor, energia...vem brilhar

Oh! Sergipe...
União de culturas, folclore popular
Rendas, bordados que beleza
E a culinária sem igual

No velho Chico eu vou...navegar
Magias e mitos...encontrar
E as carrancas espantam a maldade
No novo milênio que vai chegar

A São Clemente faz...
A festa em 2000
E com Sergipe celebra...(amor)
Os "500 anos" do Brasil