FICHA TÉCNICA 1995

 

Carnavalesco     Luiz Fernando Reis
Diretor de Carnaval     Marco Antonio dos Santos
Diretor de Harmonia     Marco Antonio dos Santos (Marquinhos)
Diretor de Evolução     Marco Antonio dos Santos (Marquinhos)
Diretor de Bateria     Gilberto, Manu, David e Claudio Filé
Puxador de Samba Enredo     Vaguinho
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Reinaldo Alves Teixeira (Ronaldinho) e Tania Rodrigues Lima Accioly (Taninha)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Paulo César e Viviane
Resp. Comissão de Frente     Gabriel Cortez
Resp. Ala das Baianas     Maria Cristina da Silva Cardoso
Resp. Ala das Crianças     Não possui

 

SINOPSE 1995

O que é, o que é... Que não é, mas será?

1ª parte: Introdução

            A São Clemente sempre se notabilizou pela alegria, pela descontração e pela forma leve, solta e colorida de mostrar seu carnaval e soube aliar, como ninguém, a essa forma descontraída de desfilar, um compromisso - um sério compromisso - de mostrar verdades, num irreverente toque crítico, às vezes político, muitas vezes social, mas sempre com um claro objetivo: apontar e conscientizar a todos, dos problemas que nos afligiam e que, infelizmente, ainda nos afligem.
            Assim foi em 1984, quando mostrou “O diabo está solto no asfalto”, um alerta à falta de segurança no trânsito; em 1985, no enredo “Quem casa quer casa”, sobre a problemática da moradia no Brasil; em 1986, foi a vez da saúde brasileira ser retratada no enredo “Muita saúva, pouca saúde”. “Capitães do asfalto”, de 1987, trouxe à baila a grave problemática dos menores abandonados, assim como em 1988, com o enredo “Quem avisa amigo é”, a falta de segurança e a violência foram contadas. Em 1989, o enredo “Made in Brazil”, foi uma irreverente crítica à espoliação de nossas riquezas naturais. Em 1990, “O Samba sambou”, mostrou-se uma crônica bem humorada da profissionalização dos desfiles de escolas de samba. Já no enredo de 1991. “Já vi este filme”, nossa história projetou-se para um futuro não muito promissor. Em 1992, a educação decadente foi contada no enredo “E o salário ó...”. No enredo de 1993 “O pão nosso de cada dia” a fome, é claro, foi lembrada e criticada e finalmente o enredo de 1994, “Uma andorinha só não faz verão”, pregou-se a união de todos por um Brasil melhor.
            E foi respaldado nesse caminhar de lutas, claro, pensando num Brasil melhor, que nos veio a idéia do enredo “O QUE É, O QUE É... QUE NÃO É, MAS SERÁ?” e nenhuma escola melhor que a São Clemente para cantá-la. Afinal, ninguém foi mais incisivo, crítico e verdadeiro que nós, ninguém contou com tanta vontade e persistência nosso país, ninguém foi tão eloqüente e sincero como nós, ninguém tentou, tantas vezes, alertar e conscientizar um povo, como nós.
            Por isso, talvez nos sintamos na obrigação de cantarmos esperança, esperança num Brasil melhor, que sabemos, um dia virá. Assim em 1995, seremos todo otimismo, todo vontade de um Brasil grande, do Brasil que a gente quer, um Brasil que ainda não é... mas será.

2ª parte: o enredo

            “O que é o que é... que não é mas será?” é, antes de tudo, uma lição de otimismo, fé e esperança num novo Brasil, é a certeza no renascer de um país grande, grande como seu povo, sua gente e seu chão. Grande como a vontade que emana do peito de cada um de nós de ver mudar, mudar de vez e pra melhor, esse nosso Brasil.

Primeiro Quadro: O Brasil que eu quero

            O que eu quero dessa terra? Eu quero que, de cada útero materno, brote uma semente de vida acalentada, amparada e protegida. Eu quero que esse broto sorria sempre, que tenha uma infância feliz, alegre e colorida, que sonhe no “faz de conta” mas que vislumbre um futuro no amanhã. Eu quero que sua alimentação seja farta, nutritiva e saudável, não a fartura burguesa de rótulos, marcas e mídia, mas a fartura da barriga cheia, não de água e farinha, mas de saúde. De uma vida, enfim, menos perversa e elitista, mais social e acessível, humana e cristã, menos comercial e mais estatal.
            Assim como eu quero urna educação justa e democratizada, aberta a todos os extratos sociais, gerida pelo Estado e não pelo capital, também quero uma juventude sadia, sem medos ou vícios, livre pra pensar e agir, que não se importe muito, mas que não importe nada, que seja ela mesma, jovial e soberana. que se eduque e tenha a consciência de que um país a espera.
            Eu quero ter casa pra morar sem ter que me amontoar num gueto de medo e miséria. Eu mereço um teto digno pra viver.
            Mas é claro, eu também quero trabalhar, quero ter emprego e labutar, quero produzir e construir, quero crescer e quem receber a justa paga pelo meu suor, sem covardia, sem mais-valia, sem escravidão.
            E quero, quando o tempo clarear os cabelos, descansar, me aposentar e não me humilhar por um punhado de tostões e sim receber a justa remuneração por tantos anos de trabalho. E isso, é só isso que eu quero! E esse o Brasil que eu quero e venero, é o Brasil que eu vejo, espero e almejo, é um Brasil real, sem sonhos ou devaneios, é um Brasil que não é, mas será.

Segundo Quadro: O necessário para o Brasil que eu quero

            O que é necessário para o Brasil que eu quero? É necessário que haja liberdade de culto, credo, pensamento e ideologia, liberdade no ir e no vir, liberdade de expressão, liberdade no ver, falar e ouvir.
            É necessário que a democracia seja plena, sem rédeas ou cabrestos. que não seja arquitetada por uma elite endinheirada e sedenta de poder, que seja do povo, para o povo e pelo o povo.
            É necessário que haja igualdade entre todos, sejam quais forem: negros, brancos, mulatos, pobres, capitalistas, socialistas, judeus, cristãos, muçulmanos, do norte ou do sul, não importa, somos iguais.
            É necessário que haja justiça, cega, sem compromissos de espécie alguma.
            É necessário que o lema de nossa bandeira tremule em nossa mente como verdade - Ordem e Progresso.
            É necessário que nosso peito e nossa alma assumam de vez o verde e o amarelo, não só na morte do ídolo, nos preparativos da Copa e nas faces pintadas, mas sempre.
            Amar a terra que nos acolhe não é um direito, apesar de sê-lo, é um dever.
            Eis o necessário para o Brasil que eu quero!

Terceiro Quadro: O Brasil que eu quero com está

            Existe, porém um Brasil que eu quero como está; é o Brasil da gente humilde, ordeira, amiga e solidária, da gente simples de pés no chão, que se fantasia de sonhos e de ilusões, que mascara sua angústia por três dias, que molda o barro, que tece a renda, que ara a terra, que puxa a rede, que laça o ginete. E o Brasil desse povo que reza no Círio, que canta o Divino, que joga capoeira, que dança com as fitas, que vibra num gol, num set vencido, numa bandeira final, que ora e que reza a Deus, a Cristo e a Oxalá, que sincretiza a fé num tempo melhor.
            Essa gente brasileira é o Brasil que eu quero como está, porque é desse povo com fé, otimismo e esperança que vai surgir um novo país, renascer uma nova nação.
            Só cabe uma pergunta: O QUE É, O QUE É... QUE NÃO É, MAS SERÁ? BRASIL!!!
            Eis aí nosso enredo para o carnaval de 1995. Com ele temos a certeza que estaremos dando continuidade ao nosso caminhar de lutas, alertas e conscientização, agora porém, sem o amargor da crítica contundente, agora a São Clemente é toda fé, esperança e otimismo.
            Que esse astral otimista nos banhe de inspiração. de gana e empolgação assim a vitória nos virá humilde às mãos.

Luiz Fernando Reis

            Esse enredo é uma homenagem a todos os profissionais que nortearam esse caminhar de lutas da São Clemente: Roberto Costa, Carlos D’Andrade, Cesar Azevedo, José Félix e Luiz Fernando

 

SAMBA ENREDO                                                1995
Enredo     O que é, o que é, que não é, mas será?
Compositores     Helinho 107, Cláudio Filé, Vaguinho e Leonardo Alegria
Da crítica eu fiz o meu caminho
Alertei e encantei
Zona Sul é São Clemente
De estilo irreverente
Vem cantar e sambar
Brasil (meu Brasil)
Com saúde pra dar e vender
De justiça e moral posso crer
Num país mais querido
Democracia e igualdade
Sinto que a felicidade
Está em nossos corações

Entra nesa onda (meu povo)
De amor
Com verde e amarelo
Na alma eu vou

Brasil "pé no chão"
Que vibra com a nossa seleção
Mostra sua força ao mundo inteiro
É o orgulho brasileiro
Na luta por um novo amanhã
E... essa gente guerreira
Otimista e festeira
Que sincretiza a fé e os Orixás
Tece em sua rede a confiança
Nunca perde a esperança
Em ver a sua vida melhorar

Amor, me leva
Me leva que eu quero amar
Um país bem diferente
Hoje mostra a São Clemente
Fazendo o meu povo delirar