FICHA TÉCNICA 2004

 

Carnavalesco     Renato Lage e Márcia Lávia
Diretor de Carnaval     Comissão de Carnaval
Diretor de Harmonia     Guilherme Amorim Nóbrega
Diretor de Evolução     Guilherme Amorim Nóbrega
Diretor de Bateria     Jonas de Oliveira (Mestre Jonas)
Puxador de Samba Enredo     Melquisedeque Marins Marques (Quinho)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Reinaldo Teixeira (Ronaldinho) e Marcella Alves
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Carlos Eduardo Júnior (Mosquito) e Mara Rosa
Resp. Comissão de Frente     Zeca Taveira e Marcelo Misailidis
Resp. Ala das Baianas     Maria de Fátima Oliveira da Silva Martins
Resp. Ala das Crianças     Maria de Fátima Oliveira da Silva Martins

 

SINOPSE 2004

A Cana que aqui se planta, tudo dá... Até energia.
Álcool – o combustível do futuro.

“(...) Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados (...) Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo...”

Pero Vaz de Caminha
1º de maio de 1500

          E não é que o nosso primeiro cronista tinha razão?
          Em sua carta-inventário, o nobre lusitano profetizava, logo de cara, a fertilidade da Terra Brasilis, ainda sob o impacto inicial de avistar uma terra tão rica em variedade de plantas e animais. Teriam os colonizadores encontrado a Canaã – A terra prometida - ou viria a ser o novo país a Canaã - a terra da cana?
          Mais uma vez o Salgueiro desembarca na Sapucaí com as suas cores e traz seus foliões para brincar nesta grandiosa usina de alegria, destilando alto astral na festa de Momo. E aporta na avenida com uma das principais riquezas da nossa terra, em que se plantando tudo dá.
          Originária da Índia, a cana-de-açúcar encontrou no solo verde-amarelo e na mão-de-obra indígena um terreno fértil para a produção de riqueza; atraiu exploradores e instituiu os fundamentos da vida colonial portuguesa no Brasil. A nobreza se regozijava na doçura do produto enquanto os negros provavam, nas lavouras, o gosto amargo da escravidão.
          O olho gordo sobre o açúcar trouxe os holandeses, que, por suas vez, trataram de garantir o seu quinhão em Pernambuco. Obrigados a plantar em outra freguesia, os refinados nobres da Casa de Orange utilizaram a experiência tupiniquim nas Antilhas. Apesar disto e do protecionismo ao açúcar da beterraba européia, não havia como escapar: o Brasil já era o país do futuro. E da cana.
          Tempos mais tarde, mais precisamente no início século XX, surgem as primeiras usinas de álcool no Brasil. Não é que a observação de Caminha estava sendo levada às últimas conseqüências? Quem poderia imaginar que na terra que tudo dava, daria até energia?
          Na Segunda Guerra Mundial, devido à escassez do petróleo e a busca de fontes alternativas, o álcool entrou em cena para dar a partida e impulso aos veículos. Trabalho para as usinas, força para a economia. Terminada a guerra, porém, tudo voltou ao que era antes, com o petróleo recuperando com força total a coroa ameaçada de rei dos combustíveis e o nosso álcool reassumindo o posto de mero plebeu dos trópicos.
          Nos anos 70, vejam só, o renegado produto novamente entraria em cena para salvar a pátria, após mais uma crise, desta vez sem precedentes. Com toda infra-estrutura em terra, clima e tecnologias, o Brasil deu a partida ao mais ambicioso programa de energia renovável, um jeitinho brasileiro de abastecer. Destilarias foram criadas anexas às decadentes usinas de açúcar. A indústria automobilística apostou na energia que nascia do chão brasileiro. Mas o que era doce se acabou. O fantasma do desabastecimento e a queda do preço do petróleo entornaram o caldo do programa. A semente, entretanto, continuaria viva e cada vez mais viável para enfrentar a estrada desse futuro tão presente.
          O terceiro milênio traz consigo a esperança e a necessidade de apostar em novas fontes de energia. No vai-e-vem da economia, a guerra pelo petróleo acelera a aposta do homem em combustíveis de fontes renováveis. Foguetes alcançam o espaço impulsionados pela força do combustível verde e limpo. O futuro aplaude e o meio-ambiente agradece.
          Do espanto de Caminha até a conquista espacial, passaram-se séculos de busca pela energia capaz de mover o progresso. O Brasil evolui e encontra num futuro próximo a arte de se superar, moeda forte numa civilização que luta pela preservação de suas raízes. É o país que exporta, entre tantos produtos, beleza, arte, cultura e encanta o mundo com o jeitinho brasileiro de ser. Se assim quisermos, assim será: um Brasil que renova sua energia vital celebrando nos asfaltos do mundo e até no infinito a sua grande herança divina.
          Um país que não é melhor, nem pior. É apenas diferente e abençoado. Terra onde tudo o que se planta deu, dá e dará. Até energia!

Renato Lage, Márcia Lávia e Departamento Cultural

 

SAMBA ENREDO                                                2004
Enredo     A Cana que aqui se planta, tudo dá... Até energia. Álcool - o combustível do futuro.
Compositores     Leonel, Luizinho Professor, Serginho 20, Sidney Sã e Professor Newtão

Salgueiro produz alegria
Caminha descrevendo nossa terra
Veio da Índia insperaçãopara o cultivo
Que dava fim a liberdade do nativo
Terra de fartura coberta de cana
Canaã, por natureza
Mascavo, açúcar escravo
Branco toque refinado
Da cobiça holandesa

Academia é doce o seu cantar
Verde eldorado, o encanto "deste lado"
Solo fértil pro samba germinar

Pelo tempo, adoçou a economia
Com a evolução ganhou outro sabor
O alcool, o progresso movia
Coisa que caminha nem imaginou
E mesmo sem destronar o ouro negor
Já desvendaram seus segredos
O nosso jeito de abastecer
Sonho vê-lo enfim em seu reinado
Meio ambiente preservado
Conquistado o "espaço" infinito alvorecer

A cana que aqui se planta tudo dá
Dá samba até o dia clarear
O combustível do futuro é brasileiro
Energia que hoje embala o meu Salgueiro