FICHA TÉCNICA 1999

 

Carnavalesco     Mauro Quintaes
Diretor de Carnaval     Sérgio Costa
Diretor de Harmonia     Reinaldo Fernandes da Costa
Diretor de Evolução     Reinaldo Fernandes da Costa
Diretor de Bateria     Lourival de Souza Serra (Mestre Louro)
Puxador de Samba Enredo     Melquisedec Marins Marques (Quinho)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Sidclei Marcolino dos Santos (Sidclei) e Ana Paula Macêdo
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Jorge Enir dos Santos e Fernanda Saint'Clair
Resp. Comissão de Frente     Zeca Taveira, Beth Oliose e Regina Sauer
Resp. Ala das Baianas     Lecy Souza de Oliveira (Tia Ciça)
Resp. Ala das Crianças     Margareth Valença

 

SINOPSE 1999

Salgueiro é Sol e Sal nos Quatrocentos Anos de Natal

Apresentação:

            Demonstrando elevado espírito de unidade federativa, liberalidade e parceria, os povos dos Estados do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro uniram esforços para realizar a festa comemorativa do Quarto Centenário da Cidade do Natal em pleno Carnaval Carioca.
            A reputação do Salgueiro, considerando o seu passado, suas tradições e por ser carinhosamente por “SAL”, foi de fundamental importância para ser escolhido para homenagear e transmitir felicitações à aniversariante no imenso salão de festas da Marquês de Sapucaí, na presença de 100 mil convidados e outros milhares que assistirão o evento pela televisão tanto no país como no exterior.
            O enredo que será apresentado pelo SALGUEIRO não pretende incluir em apenas um trabalho, toda a história passada e presente da Cidade do Natal, pois, levada em conta a sua grandeza e riqueza de acontecimentos e personalidades exigiria não somente um desfile carnavalesco, mas inúmeros outros.
            Mesmo assim, os acontecimentos mais marcantes, os episódios históricos, as belezas naturais e as atrações turísticas serão mostrados pelo SAL dentro do seu ponto de vista e estilo carnavalesco, inteiramente solto, descontraído, mas suficientemente sério para levar ao espectador a importância desta homenagem.
            O estilo da sinopse,em formato de crônica, leva o leitor a viajar pelas terras potiguares do passado ao presente ressaltando a beleza e a importância deste recanto do Brasil, objetivando realizar um desfile em que o samba enredo e sua letra, assim como as alegorias e figurinos, na visão do carnavalesco, sejam os mais originais e criativos, integrando-se desta forma ao nosso lema: “Nem melhor nem pior, apenas uma escola diferente”.
            O Salgueiro, desde já, manifesta o seu orgulho e satisfação por ter sido escolhido e, mais ainda, tem a certeza de que ouvirá dos espectadores presentes, a uma só voz, a esperada palavra de reconhecimento: Parabéns!

Paulo Cesar Mangano

Emoções de uma Viagem à Cidade do Sol

            Ainda mesmo sobrevoando a cidade do Natal já me desperta um sentimento de curiosidade e ao mesmo tempo de euforia. Lembro-me de quando estive aqui, anos atrás, e quanto esta cidade cresceu e se modernizou de lá para cá.
            Já naquela época interessou-me a historia da região e consegui um exemplar de A História do Rio Grande do Norte. Visitei os sítios históricos da cidade e das redondezas, como se estivesse num filme em que o roteiro e os diálogos eram de Luís da Câmara Cascudo, trazendo informação e dramaticidade ao cenário que se descortinava ao meu redor.Comecei bem do começo. Da margem esquerda do Rio Potengi, de onde se vê o porto, a Ribeira e a Fortaleza dos Reis Magos. No relato do grande historiador, transportei-me àquele tempo.
            Na minha frente, imaginei o dia-a-dia dos índios potiguares já se acostumando com as visitas cada vez mais freqüentes dos navegadores franceses. Estes, aproveitando-se do porto seguro que o estuário do rio Potengi proporcionava aos seus navios, aqui abasteciam-se de água, frutas e outros víveres e saíam a piratear as naus portuguesas e a costa nordestina.
            Atento à beleza da fortaleza, à sua forma estelar por cima dos arrecifes que se escondem na maré cheia, pus-me a considerar que luta terrível e que dificuldade os portugueses enfrentaram para conquistar este pedaço do Brasil, tomando-o dos piratas e reatando a amizade com os índios nativos.
            Iniciada a construção da fortaleza dos Reis Magos, em 6 de janeiro de 1598, logo os franceses foram expulsos e a cidade do Natal pôde afinal ser fundada, na paz do natal de 1599, exatamente no dia 25 de dezembro. A partir daí, sua história seguiu tranqüila, até que essa paz foi sacudida pelas naus holandesas, que permaneceram na cidade até 1654. Nesse ano, depois de incendiarem todos os documentos e locais importantes da cidade, os holandeses foram expulsos pelas tropas portuguesas, já bem mescladas por contingentes de brasileiros oriundos da Paraíba e de Pernambuco.
            A fortaleza mantém-se até hoje intacta e abriga em seu interior o primeiro marco de posse da terra do Brasil em nome da coroa portuguesa: é o Marco de Touros, que data de 1501, registrado por Américo Vespúcio. Penso na força de seus canhões e nos seus soldados em plena batalha. Sei que nada aconteceu com facilidade em Natal, que já nasceu cidade por decreto do rei Felipe II, num verdadeiro presente natalino para a colonização portuguesa do nosso país .
            Passado este período de turbulência, a capitania se desenvolveu. Tornou-se rica aproveitando seus recursos naturais, as pastagens e o gado, o sal, suas frutas tropicais, seus peixes e crustáceos das lagoas de água doce e do mar sempre generoso e enfeitado pelas velas enfunadas e a valentia das primitivas jangadas.
            A gente potiguar que resulta dessa história costuma expressar sua natureza gentil e prazerosa em festas, no folclore e na música. E quem tiver qualquer dúvida, que consulte Luís da Câmara Cascudo, uma das maiores expressões da intelectualidade norte-riograndense. Foi ele que pesquisou e registrou com excelência, toda a riqueza da cultura popular desta terra. O boi Calemba, o Fandango e a Chegança, os Caboclinhos, o Pastoril , os Congos e o Bambelô, assim como as belas apresentações do grupo Araruna. Morto Cascudo, essas manifestações encontraram no professor Deífilo Gurgel um sucessor à altura, tanto pela dedicação como pelo seu interesse na cultura ímpar do povo desta terra.
            O avião aterrissou. Salve! O aeroporto é ainda pequeno mas moderno e confortável, Na pista, aeronaves vindas de toda parte do Brasil e também da Europa. Turismo internacional emergente. O caminho até à cidade é feito por avenidas largas e bem sinalizadas. Logo à saída do aeroporto, deparo-me com uma placa: Base Aérea do Natal. Num delírio, sinto-me transportar para o ano de 1943. O automóvel que me veio buscar, transforma-se num jipe militar que percorre a maior base aérea dos aliados fora do território norte americano, a Parnamirim Field. Na minha frente, perfilam-se enormes fortalezas voadoras, hangares, armamentos e suprimentos para as tropas que vão combater na África e na Europa. A proximidade de Natal com a costa africana possibilitou realizar esta fantástica ponte aérea que mudou os destinos da IIª Guerra, do mundo e também a história da cidade.
            Assim como os franceses e os holandeses dos tempos coloniais, este enorme contingente de militares e pessoal americano trouxe hábitos e costumes, deixando aqui, algumas marcas características. O cartaz anunciando os bailes para os sub-oficiais e praças grafando FOR ALL (para todos) - e o brasileiro pronunciando Forró - hipotética ou fantasiosa origem da denominação para o que veio a ser a mais típica forma de diversão e da música nordestina é um bom exemplo disto. Sem falar no intercambio musical inspirado nos acordes de Tommy Dorsey e das bandas americanas que se apresentaram no cassino da base de Parnamirim. Diz-se até, como lembra o jornalista e crítico musical Roberto M. Moura, que numa noite memorável Tommy Dorsey e Severino Araújo competiam nos improvisos e desceram do palco, com seus instrumentos, continuando a tocar, andando pela rua, seguidos pela platéia extasiada.
            Com emoção ou sem emoção? Assim me saudou o piloto do buggie que me levou para passear nas praias do litoral norte. Não entendi bem a frase mas, como sempre gostei de emoções e novidades, respondi afirmativamente. Cruzamos o rio Potengi, seguimos pela praia da Redinha e daí até as dunas de Genipabu. A partir daí, fiquei sabendo o que queria dizer “com emoção”. Correndo, subindo e descendo por dunas fantásticas num ritmo frenético, pude ter a verdadeira noção das diabruras de que era capaz aquele pequeno veículo. E tudo cercado por um dos mais lindos lugares do mundo. O que se seguiu também teve muita emoção. Vôo em para-pente rebocado pelo buggie, ski-bunda deslizando em uma pequena prancha duna abaixo até o mar. Banho em praias e lagoas de água doce, com peixinhos rodeando a gente. Pitangui com a sua “menor cachoeira do mundo”, ultra-leve, cabo aéreo, um deslumbramento constante neste que é o melhor dos parques de diversões aquáticas, porque todo construído pela natureza. Uma festa, inesquecível para os olhos e para todos os sentidos. Inigualável combinação de beleza e excitamento que faz qualquer visitante exaltar a vida e o prazer de viver.
            Ao voltar à cidade, a tranqüilidade e o conforto do hotel. Um intermezzo relaxante para o passeio do dia seguinte, pelo litoral sul.
            Ponta Negra, com suas rendeiras de bilro e o morro do Careca. Barreira do Inferno, incrível falésia de arenito avermelhado, base de lançamento de foguetes. Pirangi, com seu gigantesco e inacreditável cajueiro, a indescritível sensação de penetrar em sua sombra gigantesca, onde a natureza nos acolhe e alimenta. Tom, o menino-guia, nos surpreendia com sua inteligência e perspicácia. Sua descrição deste fenômeno botânico e das outras maravilhas locais nos tocava por seu entusiasmo e sinceridade.
            Seguindo a costa para o sul, uma infindável sucessão de praias e localidades, cada qual mais peculiar. De embriagar de tanta beleza.
            Passados quatrocentos anos da sua fundação, Natal mostra cada vez mais porque tantos estrangeiros a quiseram no passado. Porque tantos são cada vez mais atraídos na sua direção, ainda mais nesses tempos de preocupação com a ecologia, com novas soluções urbanas. Não bastasse a beleza, Natal ainda guarda uma riqueza única: possui o ar mais puro do planeta.
            O passeio pelo litoral sul foi mais calmo e a natureza mais tranqüila. Por isto, depois de relaxar um pouco, aceitei o convite para jantar e conhecer a Via Costeira. Lá, localizam-se inúmeros hotéis 5 estrelas, bares e restaurantes dos mais variados .
            Outra festa! A comida deliciosa. Peixes, lagostas e crustáceos em profusão. Um ambiente exuberante e, para completar, a música nordestina em toda a sua variedade, levando-me a imaginar a alegria esfuziante do carnaval ou, melhor dizendo, do Carnatal. Um festival fantástico, carnaval fora de época que os natalenses realizam tão bem nas primeiras semanas de dezembro e que traduz a alegria e a hospitalidade daquela gente. Não é por acaso que se chama Natal de Cidade do Sol, Cidade Sorriso, Cidade do Carnatal.
            E foi imaginando o Carnatal, com toda esta emoção, que percebi que poderia unir estes sentimentos de alegria e entusiasmo aos mesmos que sentimos aqui no nosso carnaval do Rio de Janeiro.
            Assim me despedi ,mas já sabendo que logo voltaria...
            Hoje, já não mais sonhando, vejo o meu querido Salgueiro feliz em cantar todas essas maravilhas para o Brasil e para o mundo inteiro. Tenho certeza que o sucesso dessa cidade vai nos inspirar. O que queremos é ser os Campeões no Quarto Centenário do Natal.
            Com Emoção, com muita Emoção!!!

Luiz Fernando Abreu
Rio, 13 de Maio de 1998

Enredo e Sinopse de Luiz Fernando Abreu
Carnavalesco Mauro Quintaes

 

SAMBA ENREDO                                                1999
Enredo     Salgueiro é Sol e sal nos 400 anos de Natal
Compositores     Celso Trindade, Demá Chagas, Eduardo Dias e Líbero
O Rei Sol a brilhar
Clareia meu amor, clareia
Encantou meu olhar
Vagando neste manto de areia
Com a colonização
Deu inicio à expansão
Que maravilha !!!
Seu forte é o marco dessa terra
Tem o sal que lhe tempera
O ar é pura sedução

Tem jangadas no mar
Mareia meu amor, mareia
Eu vou deitar e rolar
Gostoso é deslizar na areia

Oh! Natal
Meus Deus do céu
Eu nunca vi tanta beleza
Obra mãe natureza
Cartão postal do meu Brasil
Do turista que se encanta a delirar
Nesta festa popular
Salgueiro é o Sol que irradia
Neste dia de folia
E faz aqui seu "Carnatal"

É sol, é sal, é paixão, amor ...
Natal é pura emoção, vem brindar ...
Bate na palma da mão
A festa vai começar
São quatro séculos de História, prá contar

e o Rei Sol a brilhar