FICHA TÉCNICA 1997

 

Carnavalesco     Mário Borriello
Diretor de Carnaval     Paulo Roberto Mangano Barreiros e Syllos Ramos de Oliveira
Diretor de Harmonia     Jorge da Silva Casemiro (Jorge Calça Larga)
Diretor de Evolução     Jorge da Silva Casemiro (Jorge Calça Larga)
Diretor de Bateria     Lourival de Souza Serra (Mestre Louro)
Puxador de Samba Enredo     Melquisedeque Marins Marques (Quinho)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Sidclei Marcolino dos Santos (Sidclei) e Ana Paula Oliveira
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Jorge Enir dos Santos e Fernanda Saint'Clair Alexander Andrade
Resp. Comissão de Frente     Renato Ferreira Santiago e Regina Miranda
Resp. Ala das Baianas     Lecy Souza de Oliveira (Tia Ciça)
Resp. Ala das Crianças     Não desfilou

 

SINOPSE 1997

De poeta, carnavalesco e louco... Todo mundo tem um pouco

Introdução:

Caro(a) Compositor(a) do G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro,

          Em 1993 fizemos junto uma viagem no velho ITA!
          Este ano, volto para convidá–lo à uma outra viagem: uma viagem pelo mundo do Inconsciente, onde sem censura a mente humana libera sua emoções.
          Tratando do questionamento da Arte Expressada pelo Inconsciente, nosso objetivo não é responder, mas sim instigar a discussão do tema:
- Arte é loucura?
- Loucura é arte?
          Tenho certeza de que nos seus corações há sempre um espaço livre para mais uma manifestação de arte. Espero com ansiedade o resultado que virá do poeta que existe em vocês.
Boa Sorte !

SALGUEIRO 1997
“O artista cria um mundo de fantasias porque a força de seus apelos interiores existe mais do que a vida real lhe dá; o mesmo princípio se aplica ao psicótico, de forma mais violenta”.

Apresentação:

          “Nosso desfile será uma homenagem à Doutora Nize da Silveira psiquiatra, fundadora há 50 anos do Serviço de Terapia Ocupacional do Hospital Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro, que deu origem mais tarde ao Museu de Imagem do Inconsciente.
          Não pretendemos retratar de maneira detalhada o Museu e seus artistas, ma sim “penetrar, ainda que por frestas estreitas, nas regiões misteriosas que ficam do outro lado do mundo real”.
          Este enredo é sinônimo do respeito que dedicamos ao trabalho da Drª Nize e” uma mensagem de apelo no sentido de todos participarem intimamente do encantamento de formas e cores criadas por seres humanos encerrados nos tristes lugares que são os hospitais para alienados”.

Sinopse:

          Nosso enredo se inicia no encontro de intelectuais e poetas que, cansados do pensamento lógico e do racionalismo, despojam–se de suas consciências para se transportarem até outras dimensões e penetrarem no universo da loucura.
          O momento é solene e para tal vestiram seus fardões bordados a ouro, que os distinguem dos mortais.
          Logo eles começam a liberar suas fantasias e a penetrarem nos misteriosos estados do ser .
          Com imaginação, nossos “viajantes” retrocedem no tempo onde encontraram Dona Maria I, a “Louca”, envolta por uma fantástica teia de aranha. Em delírio sua mente criou uma floresta tropical habitada Por deuses africanos, flores carnívoras e folhas venenosas. A rainha louca logo percebe que os visitantes desejavam mergulhar mais profundamente no mundo do inconsciente.
          Abre então para elas as portas do mundo de imagem, onde arte e loucura convivem em harmonia.
          Extasiados, conhecem castelos absurdos ocupados por estranhas criaturas, retratadas nas telas de Hieronymus Bosch, e que proclamam constantes conflitos entre o Bem e o Mal.
          Seguindo a trilha que divide a lucidez e a insanidade, elas atravessam um campo de trigo iluminado. Expressivos girassóis invadem a mente de um artista louco: Van Gogh! A imaginações deste gênio atravessou as grades do hospício para dizer em cores a emoção superando a razão.
          Os poetas logo estabelecem uma relação com as obras dos grandes mestres: Chagall, Picasso, Miró, Mondrian, Dali e outros.
          Surge então a pergunta:
          ARTE ou LOUCURA?
          Em busca da resposta eles invadem o Museu das Imagens do Inconsciente, onde sob os olhares da Doutora Nize da Silveira doentes mentais realizam obras de arte. Modelam e pintam as diversas formas.
          Criadores espontâneos, Fernando, Raphael, Adelina, Isaac e Abelardo, formam com sua pinturas um arco – íris onde flutua a “Barca do Sol, quadro que traz apenas uma modesta assinatura: “CARLO”.
          A barca leva então os poetas de Jacarepaguá as obras de Arthur Bispo do Rosários superam as proposta s convencionais de arte, fazendo os poetas inverterem a pergunta: Arte ou Loucuras?
          A espontaneidade de expressão traz até os Poetas o mundo da arte NAIF, onde a arte Bruta e a Arte Ingênua se comungam nas telas de grandes artistas, como Heitor dos Prazeres e Chico da Silva.
          Entre a dúvida e a certeza são atraídos até o barracão de uma escola de samba: Um espaço livre para a criação dos grandes Arquitetos dos Sonhos.
          Igualmente anônimos, eles trabalham noite e dia na produção de abjetos que ganharão vida aos fazerem parte desta arte feita de folia e loucura.
          No carnaval loucura é Arte, e Arte é Loucura!
          ... e os poetas eletrizados pela cadência da bateria, deixam fluir suas mais profundas emoções.
          E, assumem a frente do desfile trazendo uma estória para contar:
          - “De poeta , Carnavalesco e Louco ... todo mundo tem um pouco!
          Seguem–os uma delirante massa humana, que compõe um gigantesca escultura viva, indubitável obra de Arte!
          Ao final do desfile, os poetas já estão voltando ao mundo da realidade, mas ainda há tempo para perceberem “Loucos Varridos” varrendo as ilusões de mais um carnaval que passou.

Síntese:

          Um grupo de Poetas que desejavam sair do convencionalismo, liberam suas mentes para uma trajetória marcada pela dualidade ARTE OU LOUCURA?
          Em nosso Enredo a ARTE será apresentada como uma arma contra a “Instituição Asilo”, e a LOUCURA não será uma doença, mas sim um “Símbolo de Liberdade”.

Mário Borriello

Glossário:

  • Criar – dar existência a; imaginar.
  • Psicótico – De, ou relativo a psicose; que sofre psicose (ver psicose).
  • Psicose – Designação comum às doenças mentais.
  • Psiquiatra – Especialista em psiquiatria (ver psiquiatria).
  • Psiquiatria – Parte da medicina que trata do estudo e tratamento das doenças mentais.
  • Terapia ocupacional – Aquela em que se procura desenvolver e aproveitar o interesse do paciente por um determinado trabalho ou ocupação.
  • Intelectuais – Relativo ao intelecto; que possui dotes espírito, de inteligência.
  • Poetas – Aquela que tem faculdades poéticas e se consagra à poesia.
  • Loucura – Estado ou condição de louco; insanidade mental; tudo que foge às normas que é fora do comum.
  • Fardões – Fardalhão; veste simbólica dos membros da Academia Brasileira de Letras. (veja Academia Brasileira de Letras).
  • Fantasia – Imaginação; Obra ou criação da imaginação; vestimenta usada pelo carnavalesco, e que emita palhaço, tipos populares, figuras mitológicas.
  • D. Maria I – Mãe do D. Pedro IV do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algares. Sofria de delírios.
  • Inconsciente – Não consciente; que está sem consciência.
  • Imagem – Representação gráfica, plástica ou fotográfica de pessoa ou de pessoa ou de objeto; representação dinâmica, cinematográfica ou televisionada, de pessoa, anima, objeto, cena, etc.

 

SAMBA ENREDO                                                1997
Enredo     De poeta, carnavalesco e louco, todo mundo tem um pouco
Compositores     Marcio Paiva, Adauto Magalha, Eduardo Dias, Tico do Gato, Guaracy e Quinho
Vem, vem, vem, vem nessa onda amor (amor, amor)
Vou viajando, eu vou
Na imaginação
Dos poetas
E tradicionais fardões
É gostoso viajar
E no tempo encontrar
A rainha em seu mundo
Num profundo delirar
Na tela, ou na escultura
Tem arte, também tem loucura
Girassóis invadem a mente
De um artista envolvente

Nossa folia é multicor
Salgueiro encanta a passarela
As cores são belas
Vem ver, meu amor
Alegria da galera

Arte, ou será loucura?
A busca continua
Em sua liberdade de expressão
Barca, me leva
Pelos caminhos do Sol
E desse sonho, eu não quero acordar
Visto a arte em fantasia
Pra fazer meu povo delirar

Eu vou zuar, eu vou!
Vou brincar, com você, amor
Enlouquecendo esta cidade
Salgueiro é felicidade