FICHA TÉCNICA 1992

 

Carnavalesco     Flávio Tavares
Diretor de Carnaval     Waldemir Paes Garcia (Maninho)
Diretor de Harmonia     Guilherme Amorim Nóbrega
Diretor de Evolução     Guaracy Paes Falcão
Diretor de Bateria     Lourival de Souza Serra (Mestre Louro)
Puxador de Samba Enredo     Melquisedeque Marins Marques (Quinho)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Vanderli Silvares Rodrigues e Tânia A. Accioly (Taninha)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Maurício de Oliveira Martins e Andréia Cristina Neves
Resp. Comissão de Frente     Suzana Braga
Resp. Ala das Baianas     Lecy Souza de Oliveira (Tia Ciça)
Resp. Ala das Crianças     Mirthes Rodrigues da Fonseca

 

SINOPSE 1992

O negro que virou ouro nas terras do Salgueiro

         Sedução de um aroma inconfundível. O negro apreciado por todos. O que veio para ficar, que está na mesa dos democratas, ditadores, ricos e, às vezes, de pobres. E o que o Salgueiro traz para a Sapucaí é o café, com suas origens, lendas.
         Dizem os pesquisadores que o hábitat primitivo do cafeeiro foi a Abissínia (Etiópia). No entanto, supõe-se ser a Arábia a sua pátria. E lendas, como a do pastor Caldi, que, incansável na vigilância de suas cabras, certa vez, não entendeu por que algumas delas se mostravam mais agitadas. Então, resolveu apelar para os conhecimentos dos monges. E um deles, após pernoitar junto ao pastor e suas cabras, observou que algumas comiam folhas e frutos vermelhos de um arbusto até então ignorado por todos, embora nativo daquela região. De volta ao mosteiro, levou aqueles frutos para fazer uma infusão. A noite, os monges notaram que a vigília, antes tão difícil, poderia se transformar em dever prazeroso. Estava descoberto o café.
         Mas foi a Arábia que difundiu a bebida pelo mundo. A planta chegou ao Brasil em 1727, pelas mãos do então sargento-mor paraense Francisco de MelIo Palheta Há uma história romântica, em tudo isso. Palheta tinha ido à Guiana Francesa, onde bebeu o liquido pela primeira vez. Conta-se que a esposa do governador da Guiana, a Sra Claude d’Orvilliers, se apaixonou pelo brasileiro e o presenteou com sementes e mudas de café. De volta ao Pará, entregou-se à cultura da planta.
         O café chega ao Rio de Janeiro entre 1760 e 1762. As sementes vieram do Maranhão, por iniciativa do desembargador João Alberto Castello Branco. A Serra da Tijuca, terra do Salgueiro, cultivou o café, que se espalhou pela província do Rio de Janeiro. Depois da Independência, a lavoura do café, já predominando em solo fluminense, foi responsável pela modificação da paisagem, com as grandes fazendas. Com a expansão cafeeira, surge a primeira estrada de ferro do Brasil.
         É o ciclo do café. Os senhores procuravam conservar a saúde dos escravos, já que eram eles os responsáveis pelo cultivo do café. Nas noites, histórias eram contadas. E o Saci Pererê corria pelas plantações assustando as pessoas.
         A escola levará para a Sapucaí também as superstições ligadas ao café, que também foi usado nas feitiçarias, sendo até hoje utilizado nos trabalhos feitos para conquistar um grande amor. Além da sua importância na história do pais, nas artes plásticas, na música e até nas armas brasileiras, já que por decreto de 1822 passou a ser estampado no escudo das armas, nas moedas e bandeira do Brasil.
         Aparelhos foram criados para o preparo do café, que é degustado de diversas maneiras, servindo até de motivo para uma conversa, sendo oferecido às visitas. Mas, apesar de tudo isso, o melhor café brasileiro é exportado para o exterior. E, apesar de ter sua origem em terras estrangeiras, o Salgueiro canta na avenida o nosso ouro negro.

Flávio Tavares e Roseane Tavares

 

SAMBA ENREDO                                                1992
Enredo     O negro que virou ouro nas terras do Salgueiro
Compositores     Bala, Efealves, Preto Velho, Sobral e Tiãozibnho do Salgueiro
História, beirando a poesia
Lenda, sonho e fantasia
Abissínia, Arábia
A natureza é tão sábia
Um quê de malícia
Trouxe essa delícia ao Pará
Dizem então (dizem então)
Que foi a terra, o sol, este luar
Que o fez se apaixonar por esse chão
E se espalhar feito um mar

Da cor da raça
Cheiro de sabor (sabor)
Gostoso como um beijo do amor

O ciclo do café era a riqueza
Fausto e luxo da nobreza
E suor da escravidão
Sonso, vira rico e rotina
Filosofia de esquina
Cafezinho no balcão
Tem até quem admite
Que ele dá bom palpite
Na loteria popular
Cadê o bom café, foi viajar
Onde andará... eu sei lá

Soca no pilão
Preto velho mandingueiro
O negro que virou ouro
Lá nas terras do Salgueiro